domingo, 28 de dezembro de 2008

Chega de comilança!

Desde o dia 13 de dezembro entrei num ciclo de comemorações que além do Natal incluíram, aniversários, churrasco, casamento, confraternizações e almoços em família. Acho que não fiquei mais de 3 dias sem uma orgia gastronômica, que sempre é agravada pelo grande volume de bebida alcoólica disponível nessas ocasiões e que eu obviamente não deixo passar. Hoje, antes de ir pra academia fui me pesar e vi que ganhei quase 2kg. Pedi pro meu instrutor intensificar meu treino. Acho que vou passar a ir duas vezes por dia até essa época infernal acabar.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O milagre do Natal

Nos últimos 10 dias fui a um casamento, dois aniversários, um churrasco, duas ceias e um almoço de Natal. O prejuízo foi de apenas um quilo extra, porque afinal de contas, agora eu sou uma esportista.

Tanto sacrifício deve ter feito com que Jesus me presenteasse com um pequeno milagre. Senhoras e senhores, é com muita alegria que vos informo que voltei a vestir P.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Vegetando

Eu confesso: gostaria de ser vegetariana. Acho chique. Minha amiga me disse que chique é comer um filé mal-passado num restaurante fino. Concordo. Mas como tenho pouco dinheiro, meu padrão de finesse é um pouco mais baixo. Há mil razões pelas quais as pessoas param de comer carne que vão de simpatia para com os animais a uma postura política anticapitalista, passando por preocupações com a saúde e o meio ambiente. E tem a moda também. Tem. Conheço vários vegetarianos, a maioria tem dó dos animais ou critica a indústria da carne, ou as duas coisas, mas tem uma meia dúzia que o faz porque é cool. E eu, dentre todos os motivos que existem para isso fui escolher o mais fútil.

Mentira. Não é só porque eu acho chique. Acho comida saudável uma delícia! Há muitas possibilidades alimentares quando você deixa de pensar que uma refeição tem que ser composta de um carboidrato, uma salada e uma carne. E os vegetarianos sabem disso como ninguém e são supercriativos na hora de cozinhar. Usam mil temperos diferentes, misturam ingredientes, preparam de forma inusitada. Engana-se quem acha que ser vegetariano é ficar refém da soja. Um dia desses eu jantei um hambúrguer de lentilha e de sobremesa, um alfajor. Ambos eram feitos sem nada de origem animal, ou seja, veganos. E pra minha surpresa, uma delícia.

E tem a saúde também. Sempre achei isso meio babaca, mas depois que alguém da sua família tem câncer você começa a dar importância a certas coisas. Parei de fumar, comecei a praticar exercícios regularmente e melhorei minha alimentação. Agora começo a me sentir próxima para dar o próximo passo.
O grande problema é a minha antipatia. Ao mesmo tempo que eu acho chiquérrimo ser vegetariano, acho os vegetarianos um pé no saco. Mesmo os mais legais (leia-se, meus amigos) me dão nos nervos de vez em quando com sua atitude de superioridade chamando os demais de “carnívoros”. O ar de superioridade eu entendo totalmente, mas não a burrice. Carnívoro é o leão, que caça e come suas presas ainda com o sangue quentinho, só isso, nada de saladinha ou um pãozinho pra acompanhar. Isso quem faz é o ser humano e o nome correto é onívoro.

Enfim, eu ainda tenho que pensar direito nisso. Sei que jamais serei vegana, porque a vida sem queijos e demais laticínios não teria muito sentido para mim. Mas acho que viveria bem sem carne. Seria duro ir a um churrasco e ter que deixar passar aquela picanha tenra e ainda levemente sangrenta. Ou ir a Belém e não me esbaldar nos peixes e camarões. É, pensando bem, acho que o máximo que eu poderia almejar seria me tornar “peixetariana”. Ou então deixar tudo como está, já que eu como bem pouca carne no meu dia-a-dia mesmo. O que eu queria com isso era ter legitimidade pra por aquele “V” na minha foto do Orkut. Chique no úrtimo!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Cada um tem a popularidade que merece

Li numa chamada da revista Capricho que a apresentadora-retardada-de-cabelo-rosa Mari Moon não era assim, muito popular entre seus colegas de classe. "Ninguém na escola queria fazer trabalho comigo", queixa-se. Fala sério, será que ela não desconfia por quê?

Isso me lembra que quando eu estava na escola, todo mundo queria fazer trabalho comigo. Nesse momento eu era popular entre os vagabundos-porém-inteligentes do fundão, os burrinhos-esforçados do meio da classe e os nerds-boys-puxa-sacos que sentavam na frente. Com esses eu não me juntava nunca, porque detestava aquela atitude de filhos dos donos do mundo que já estudavam pro vestibular quando estavam na oitava série, mas eram burros, só sabiam o que a escola ensinava e mais nada. Não liam nada, não pensavam nada, um nojo. A maioria dessas pessoas está gorda, casada e cheia de filhos, porque pra eles a vida é assim mesmo, é o curso natural das coisas. Eca.

Aí eu mudei de escola e teve uma época que me ofereciam dinheiro ou coisas em troca de minha parceria nos estudos. Aí eu percebi que pouca gente gostava mesmo de mim mesmo, me irritei e comecei a pedir aos professores para passarem prova, porque na prova quem sabe, sabe e acabou. Aí as pessoas se sentiram à vontade pra dizer que eu era uma vaca arrogante, entre outras coisas. Bom, eu era mesmo.

Vejam como são as coisas. Eu faço análise há mil anos e é justamente uma chamada de capa de uma revista adolescente que me faz perceber a criatura antipática que eu era. Ainda bem que fiz um curso de simpatia no Senac e agora sou amada por todos, haha.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Trabalho, trabalho novo

Não. Se dependesse de mim, jamais teria um emprego novamente. Não me importo em ter uma carreira bem sucedida ou ser produtiva. Às vezes penso nisso apenas porque, sendo bolsista, ganho muito pouco, mas sei que isso se deve à matemática do mercado. Você vende seu tempo livre em troca de mais dinheiro. Eu vendo uma pequena parcela do meu tempo. Sim, pesquisa é trabalho, mas não se compara a um trabalho de escritório.

Meus amigos que trabalham 14 horas por dia têm muito mais dinheiro que eu e viajam para a Europa nas férias, enquanto eu tenho que juntar as moedas para ir pra Caxambu, num congresso, uma vez por ano. Porém, eu posso me dar ao luxo de ir ao cinema quarta-feira à tarde ou tomar sol numa quinta de manhã. O pouco dinheiro que ganho me proporciona essa tranqüilidade e estou muito feliz assim. O que eu queria mesmo era ser bolsista para sempre. Mas uma hora isso acaba. No meu caso, eu tenho mais quatro meses de vida boa. E ou dizer: estou apavorada.

Decidi ser jornalista porque trabalharia escrevendo. Desde os 12 anos eu ouço que sou boa nisso, então a escolha mais lógica seria trabalhar com algo que utilizasse essa habilidade. Meus colegas de academia elogiam meu texto acadêmico acrescentando que é evidente que eu tive uma “formação jornalística”. Eu me sinto lisonjeada e acho engraçado, porque a faculdade de comunicação me deu amigos, capacidade de jogar bilhar e um diploma. Mas ao mesmo tempo isso me entristece.

Seja no jornalismo, seja na academia, eu uso a minha habilidade pra outro fim que não é ela mesma e isso faz com que eu me sinta desperdiçando-o. Porque hoje eu tenho bastante consciência de que posso vir a ser uma jornalista ou uma intelectual competente, mas não está no meu sangue. O que realmente me move nessas atividades é que, depois de toda a agitação das redações ou dos quilos de livros que eu preciso ler para elaborar minha dissertação, haverá uma hora em que eu me sentarei diante do computador e meus dedos deslizarão pelo teclado e eu verei o texto se compor na tela. Nesse momento eu sinto o verdadeiro prazer do trabalho. É a hora que minhas inseguranças ficam de lado. Não penso se meu lead está bom, se eu entendi direito o conceito do autor. Tudo que consigo pensar enquanto escrevo é “puxa, eu sei fazer isso!”.

É aí que chegamos na eterna encruzilhada dessa minha vida de retinas tão fatigadas: se eu preciso escrever para viver, como viver de escrever? Há um tempo atrás eu saí cuspindo no jornalismo, dizendo que não queria saber mais disso, que meu negócio era a carreira acadêmica. Bem, todos que me conhecem sabem que de vez em quando eu fico obcecada com alguma coisa. Eu adoro fazer mestrado, quero continuar estudando, do mesmo jeito que um dia fui apaixonada pela reportagem. O problema não é o jornalismo, o problema não é a academia. O problema sou eu, que só fico plenamente satisfeita quando consigo ficar imersa no meu próprio caos, porque é isso que alimenta a criação.

Não, eu não consigo “tirar uma horinha do dia” pra escrever. Isso não é academia, não funciona assim. É uma avalanche de pensamentos, parágrafos que surgem inteiros na cabeça e uma sensação de que se não escrever enlouquecerei. No fundo acho que meu apreço pela academia se deve ao fato de não me exigirem tarefas imediatas. Lá as pessoas entendem que as idéias precisam de tempo, precisam decantar. Agora com o fim do mestrado se aproximando, não tenho outra alternativa a não ser procurar um emprego.

Nessa hora em que eu gostaria de ser uma mulherzinha bancada pelo marido e ficar em casa cozinhando, limpando, mimando meu gato, indo pro clube tomar sol. Porque uma hora a avalanche viria e nada me impediria de escrever. Uma vida sem relatórios ou deadlines. Infelizmente isso não é possível e eu estou procurando emprego. Provavelmente depois que conseguir sentirei algo como a música dos Smiths: heaven knows I’m miserable now. Eu preciso de uma solução, preciso dar um jeito de juntar um dinheiro, jogar na mega, assaltar um banco. Qualquer coisa que me proporcione tempo. Tempo e sossego pra escrever, porque sem isso, eu tenho a sensação de que uma parte em mim será sempre muito infeliz.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sapato nele!

Finalmente um repórter teve uma atitude digna de nota e tacou os sapatos em direção a George W. Bush quando ele fazia sua "viagem de despedida ao Iraque". Aí o rapaz foi preso. Sacanagem!

Fica a pergunta: será que na próxima Júnior vai cantar, parodiando a música do SPC: "toda vez que eu chego no Iraque, o sapato do repórter voa na minha cara..."?
Esta semana esse blog volta a funcionar regularmente. Pelo menos assim espero.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ter gato é padecer no paraíso

Zaratustra sumiu de novo. Ai, meu Deus...

Ops, Britney, did it again!

Eu adoro a Britney. Achava ela meio chatinha quando tinha aquela pose de santinha, mas depois do clipe de Slave 4 U, eu simplesmente me apaixonei por ela. E olha que isso foi bem antes dela ficar gorda e começar a sair por aí sem calcinha. É, porque se tem uma coisa que eu gosto de ver é celebridades na lama. Detesto gente famosa que toma pra si o papel de modelo de comportamento, que quer influenciar a juventude para o bem. Essa juventude já é muito careta (vide o RBD, os emos e todo esse rock proposta e inconsistente), então eu acho ótimo ter gente por aí mostrando o quanto é lindo meter o pé na jaca de vez em quando. E no caso da Britney é melhor ainda porque mostra que isso tem consequências. Não é moralismo, é parte da vida.

Mas não é por isso que eu gosto dela. Eu gosto da peruagem e do glamour. Das roupas absurdas, dos clipes, da coreografia, dos pops descartáveis, tudo. Acho ela ótima e espero do fundo do meu coração de perua que ela seja a próxima Madonna. Inclusive a rainha-mãe já reconhece isso e tem dado a maior força. Mas diz se não é verdade que músicas como Toxic são perfeitas pra liberar a vadia que existe dentro de cada um de nós? E agora que ela deu a volta por cima e está de novo linda, loira e magra, eu fico ainda mais passada. Taí a Britney para mostrar que você pode se estragar bastante e embarangar muito, mas sempre é possível dar a volta por cima. É claro que ajuda se você tiver muito dinheiro como ela, mas se eu que sou pobre estou conseguindo, então todo mundo pode.

E vamos pra esteira ouvindo Womanizer! Ui!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A selvageria dos bambis

Ontem uma amiga chegou na minha casa apavorada. Ela estava vindo pra cá quando passou por uma rua onde os sãopaulinos singelamente comemoravam o título quebrando tudo e balançando o carro de quem passava. Aí eles reclamam quando dizem que o São Paulo é time de boy, mas até onde eu sei é boy jiujiteiro e micareteiro que se sai com essas.

domingo, 30 de novembro de 2008

Pares perfeitos

Uma vez eu estava no trem e na minha frente tinha um casal adolescente. A menina era linda e o menino até que não era feio, mas tinha luzes e gel no cabelo e não parava de descrever suas jogadas no futebol. Triste. Eu estava com pena da menina, tão bonitinha com um tosco daqueles. Aí ela abriu a boca e eu vi que ela era igualzinha: começou a descrever detalhadamente os tombos que tinha levado no balé. Desci do trem com aquela velha expressão de "este mundo está perdido". Afinal, pessoas assim se juntam e se reproduzem e vão povoar o mundo com mais idiotinhas.

Aí ontem eu vi na tevê que a cantora-idiotinha Mallu Magalhães está namorando o candidato-a-Chico-Buarque, Marcelo Camelo. Na matéria a repórter questionava a diferença de idade, mas a única coisa que eu tenho a dizer sobre isso é que um homem de 30 que se presta a namorar uma menina de 16 anos despenca profundamente no meu conceito. Ainda mais quando a menina em questão é o hype do momento. Não é nem porque ela é feiosinha e parece um moleque, porque ele também é bem barango. Mas porque ela é uma idiota, não sabe se expressar, 16 no RG e 10 de idade mental.

Agora eles vão se juntar e povoar o mundo com feiosinhos que fazem péssima música.

Humanitários de ocasião

Eu estava me contendo, mas já deu. Quem é que suporta essa comoção por causa do drama de Santa Catarina? Não bastasse a televisão explorando a desgraça dessas pessoas, a gente tem que conviver com o pretenso espírito solidário do brasileiro. No jogo de futebol pediram aos torcedores que levassem doações; há pouco passou uma matéria das mobilização em Pernambuco (!) para arrecadar ajuda. E tome e-mail na minha caixa de entrada dizendo "vamos ajudar Santa Catarina!".
Eu fico puta com essas coisas. De verdade. Primeiro porque isso aí é um problema do poder público que é ineficaz para dar assistência, sem falar em condições dignas de moradia, trabalho, etc. Mas vamos deixar o anarquismo de lado, eu disse isso só pra ressaltar que o Estado não serve pra nada. Mas o que me deixa louca da vida mesmo é que as mesmas pessoas que estão super sensibilizadas com a tragédia no Sul do país são as mesmas que passam por criancinhas mendigando e se prostituindo na esquina da sua casa e não ficam nem um pouquinho comovidas. Ah, vão tomar no cu com seus espíritos humanitários. Tá com peninha dos pobres da televisão, é? Oh, que nobre da sua parte!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Enfim, só!

Há alguns anos eu ouvia falar em casais que vivem em lares separados e achava o maior absurdo. Hoje eu entendo e admiro. Gosto muito de ficar sozinha, de ter a casa só pra mim. Dá uma sensação de paz que eu não sei nem explicar. Não sou antisocial. Amo meu marido, amo meus pais, amo meus irmãos. Mas nada me convence que é melhor morar com essas pessoas que seria se eu morasse só. Pronto, falei.

Não é que a vida de casado seja ruim, aliás é ótima em muitos aspectos na maior parte do tempo. Mas por mais legal que seja ser casado, namorar é melhor. E por mais legais que sejam os roomates, morar sozinho é melhor também. Pelo menos pra mim.

Hoje cheguei em casa e tanto meu marido quanto meu gato haviam saído. Que maravilha, que paz! Que prazer espalhar livros sobre a cama e deixar o computador ligado ao lado. Não ter ninguém pra alimentar, prestar contas da minha bagunça ou ter que responder pela enésima vez que eu não sei aonde está o carnê do IPTU.

Daí eu telefono e ele me diz que está no ensaio com a banda e então eu me lembro que acho muito tocar guitarra muito sexy. E eu o espero, como quem espera um namorado guitarrista e não um marido chato. Mas para isso ser possível é necessária a solidão. Será que é difícil de entender isso? Que uma pessoa pode realmente amar outra e ainda assim apreciar ficar só?

Bom, deixa eu aproveitar a casa vazia antes que ele chegue.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Amor e liberdade

Semana passada meu gato ficou sumido por quase três dias. Eu já tinha percorrido a vizinhança fazendo perguntas e colando cartazes e estava me esvaindo em lágrimas e perdendo as esperanças quando ele voltou pelo mesmo telhado por onde tinha ido. Tava imundo, mas eu o peguei no colo como um nenezinho e o abracei aos prantos, como se tivesse encontrado um filho perdido.

Todo mundo já havia me avisado sobre isso. Os gatos somem de vez em quando, algumas vezes por dias a fio. Algumas vezes eles nem voltam. Nesses três dias eu sofri a cada minuto que imaginava o que poderia ter acontecido com ele. Fui encontrar uma senhora que tinha encontrado uma gatinha que era parecida com a foto que tinha no cartaz dele. Que tristeza voltar pra casa depois de um alarme falso! Mas agora ele voltou e estamos felizes juntos.

Pessoas ignorantes dizem que o gato se apega à casa e não às pessoas. Obviamente são pessoas que nunca tiveram a felicidade de dividir seus dias com um felino. Tenho certeza que ele não voltou para "a casa". Ele voltou pra família, pra mim e pro meu marido que o amamos tanto. Voltou mais carinhoso e ronronzento que nunca. E isso apaga todo sofrimento que eu tive quando ele esteve fora.

Eu amo meu gato porque ele é livre. Ele é senhor de si, passeia pelos telhados, pula muros, atravessa grades, rola no chão. É lindo. Sim, eu tenho pavor de que ele seja atropelado ou que um cachorro ou pessoa má pegue ele. Ou que simplesmente ele se perca e não volte mais pra casa. Sim, eu já pensei em trancá-lo em casa, quase considerei a castração (cruzes!). Mas eu não seria digna do amor e da amizade do meu bichano se fizesse isso. Ele me mostra que o sou quando volta pra casa.

Sim, eu sei, ele vai sumir outras vezes. E eu o esperarei aflita outras vezes. Porém, sempre terei a alegria de saber que ele quer voltar pra casa e pro meu colo. Porque os gatos já nasceram livres e não sou eu quem vai tentar mudar isso. Nem quero.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Black is beautiful. Mas nem tanto.

No dia Consciência Negra o programa que se atribui a missão de escolher a próxima top model brasileira deu o primeiro lugar para a finalista branquinha de olho verde. Ela disputava com a morena de cabelo alisado. A finalista negra ficou em terceiro. Claro, onde já se viu uma supermodelo brasileira negra?

domingo, 16 de novembro de 2008

Coisa de mulher

Semana passada fui tomar cerveja com duas amigas. Tricô rolando solto, cerveja gelada descendo. Papo de mestrado, papo de namorado, papo de academia. Deu fome. Vamos pedir uma porçãozinha? Vamos, mas ao invés de batata frita vamos de isca de peixe. Sabe como é, eu estou de dieta. É, eu também.
Daí a gente comeu a porção e tomou cerveja até as 3h da manhã.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Estereótipos divertidos

Um dos programas mais engraçados dabtevê atual é um reality show singelamente intitulado de "As gostosas e os geeks". O programa reúne em uma casa um certo número de gostosas que trabalham em profissões de gostosas (modelo de biquíni, modelo de comercial de cerveja e por aí vai) e rapazes sem nenhum traquejo social que trabalham em profissões igualmente previsíveis (cientistas, programadores, etc). As mulheres se comportam como as patricinhas saídas do filme "As Branquelas" e os homens são versões pioradas de "A vingança dos nerds". A competição consistem em formar duplas que trocam habilidades. As gostosas ensinam a paquerar, fazer massagem, dançar e outras coisas que as pessoas normais fazem. Os geeks ensinam sobre política, informática, história.

O engraçado do programa é que as mulheres são incrivelmente burras e sorridentes e os caras são tímidos, misóginos e arrogantes. Não há gostosa que não seja idiota ou geek que não seja barango. É claro que na vida real nem é assim, mas na tevê funciona. Resta saber quando vão fazer o programa contrário. Poderia se chamar "Os gatos e as certinhas".

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Obama e a festa da democracia

Os próprios teóricos defensores da democracia são cínicos o suficiente para afirmar que democracia nada mais é que uma forma de governo, de manter alternância periódica das lideranças. Eles são muito claros quando afirmam que as pessoas se decepcionam com a democracia porque esperam transformações - sobretudo quando ela surge em períodos pós-autoritarismo. Pessoas saudosistas do autoritarismo, dizendo que no tempo dos militares é que era bom, tudo está previsto na teoria.

Por essas e outras é que me fiz anarquista. Desculpe, mas eu tenho uma grande dificuldade em acreditar em histórias da carochinha do tipo "Estado de Natureza" e "homem lobo do homem". Não acredito que as pessoas tenham a priori uma essência boa ou ruim. Há gente muito bacana e gente muito filha da puta no mundo e acredito que a maioria de nós oscila entre as duas coisas. Mas não me diga que a única coisa que impede que eu lhe mate é a possibilidade de ir pra cadeia, que se não houvesse a poliça estaríamos numa "guerra de todos contra todos". Isso me ofende.

Mas não era disso que eu queria falar. Eu queria falar do Obama. Achei o máximo o discurso da vitória estilo Dr. King e as matérias da televisão mostrando imagens da comemoração ao som de "Beautiful Day", do U2 ou "Changes", do Bowie. E a reação das pessoas pelo mundo, chorando, cheias de esperança. Sério, nessas horas eu sinto até inveja dessa crença no processo democrático e quase me ressinto por ser uma descrente. O que me consola é que daqui a pouco passa, porque ao contrário do que dá entender a televisão, o mundo não vai mudar. Infelizmente.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O cão subiu no telhado

Contando ninguém acredita. Eu estava arrumando meu quarto, abri a janela e mandei um beijo pro meu gatinho, Zaratustra, que passeava alegremente pelo telhado. Dois minutos depois eu ouvi um estrondo e corri pra ver o que o gato estava aprontado. Pois pra minha surpresa eu me deparei com um pit bull (!!!) que havia pulado no telhado seguindo meu gato. Eu fiquei parada sem saber o que fazer, rezando pelo bem-estar do meu bichano enquanto o cão ia e voltava pelo meu telhado e o dos vizinhos, até que cansou e desceu por onde tinha vindo. Pode uma coisa dessas?

P.S. Meu gatito passa bem, obrigada.

domingo, 19 de outubro de 2008

O amor, a amizade e tragédia

Escrevi o texto abaixo há algum tempo e ainda não tinha tido ocasião para publicá-lo até que a tragédia que aconteceu esta semana em Santo André me fez voltar a pensar sobre o assunto. Normalmente eu não ligo pra esses crimes que causam grande comoção na mídia, mas esse me afetou por causa das pessoas envolvidas. Uma menina de 15 anos morta e um garoto de 22 anos com a vida destruída em nome dessa coisa que as pessoas chamam de amor e ao mesmo tempo a amizade da outra menina sequestrada, capaz de voltar ao cárcare a despeito de todas as recomendações contrárias. Fico triste porque duas vidas foram sacrificadas por causa da dor de um coração partido. Porque vivemos num mundo que trata o amor como a coisa mais importante da vida fazendo com que ele se torne a aniquilação da vida.
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Entre o amor e a amizade, não tenho a menor dúvida. Fico com a segunda. Nunca duvidei da superioridade da amizade sobre os relacionamentos amorosos de qualquer tipo, inclusive os familiares. Os laços do amor são pesados e causam dor. A verdadeira essência dos relacionamentos e eu diria até, a alegria da vida e tudo o que há de bonito está na amizade. Mas nós fomos educados na cultura do amor romântico e tendemos a hierarquizar, colocar o amor como a utopia principal da vida.


Eu cuspo no amor romântico. O amor romântico é um tirano que quer tudo para si e que o tempo todo se põe à prova mediante a renúncias e prioridades. Eu quero que você abra mão de seus desejos, eu quero que você faça as minhas vontades, eu quero que você deixe seus amigos e sua família de lado para ficar comigo. Em nome do amor romântico facilmente abrimos mão de tudo o que é nos é importante. Terminamos amizades de anos por conta de alguém com que estamos saindo há três semanas. Deixamos ideais de vida, família, tudo em segundo lugar por conta desse monstro egocêntrico. E ai de você se não largar tudo por causa do amor romântico. “É porque você não ama de verdade”, diz o mundo.


A amizade não reside na ruína. A amizade se fortalece na multiplicidade e não esmorece com o passar dos anos. A amizade não é dois, a amizade é muitos. É o amor em liberdade. O amor familiar não é senão a amizade entre os entes. Não os amos porque temos o mesmo sangue, os amo por causa do que construímos ao longo da vida. Eu os amo porque somos amigos. Os amigos são a família que escolhemos. Não são impostos, como pai, mãe, irmãos, colegas de classe, colegas de trabalho e todas as pessoas que de um jeito ou de outro somos obrigados a conviver.


Quando um amor acaba as pessoas só permanecem ligadas se houver amizade. Sempre me espanto com casais que passaram anos juntos e depois vai cada um pro seu lado, como completos estranhos. Eram amantes, nunca foram amigos. Do mesmo modo, as pessoas ficam com raiva de um ex-namorado, mas nunca se ressentem quando alguém magoou ao seu amigo. Ninguém quer se meter, ninguém se envolve, ninguém quer sentir nada. E são as mesmas pessoas que se dão o direito de julgar o quão verdadeiro é o seu amor.

Não vou dizer estou imune às armadilhas do amor romântico. Não fui criada em outro planeta. Mas jamais terei dúvidas de que amor é só uma palavra e que a amizade é o que há de mais belo e importante na vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mr. Simpatia

A parte mais chata de estudar Ciência Política é que este assunto está na boca do povo e isso é um prato cheio para palpiteiros. Qualquer um acha que entende muito de política e como o assunto que eu estudo está mais na pauta ainda - política externa dos EUA - aí é que eu sou obrigada mesmo a ouvir bobagens assertivas sobre coisas que eu, estudiosa do assunto, não me arrisco a dar sentenças definitivas.

Na mídia nacional a situação é cômica, porque a torcida por Obama é tão clara que chega a ser constrangedora. Aí tome manchetes sobre o quanto ele está subindo nas pesquisas de intenção de voto, no quanto ele é carismático e popular e ninguém se liga que o sistema eleitoral estadunidense não é igual ao brasileiro. Aliás, quem entende minimamente de política sabe que em eleição tudo é possível. E depois do escândalo na eleição Bush em 2000, aí é que tudo pode acontecer mesmo.

Mas está todo mundo encantado pelo charme do Obama, porque ele é magro, alto e tem um sorrisão bonito. E todo mundo acha que o mundo está menos reacionário porque existe a possibilidade dos EUA terem um presidente negro pela primeira vez. Eu não sei você, caro leitor, mas pra mim o fato de fazerem estardalhaço pelo fato de um negro conseguir alguma coisa pra mim é outra face do racismo. Porque por mais simpático que este candidato seja, basta prestar atenção no discurso dele pra ver que ele não é muito diferente dos outros.

Exemplo: McCain é radicalmente contra o aborto; Obama é a favor quando a gestação oferece risco para a mãe. Ou seja: cara pra dizer que é pro-choice ele não tem. Mas essa nossa imprensa burra e palpiteira fica toda empolgada com o carisma do cara, porque pensa por analogia, não sabem que nos Estados Unidos as eleições não são personalistas como aqui, que lá as pessoas votam muito mais no partido que no candidatos, etc.

Eu simpatizo com Obama, mas não tenho a menor ilusão uma eventual vitória dele vá trazer grandes mudanças nem pros EUA, nem no modo como este país se relaciona com os demais. Porque a democracia é isso mesmo: democracia é processo de alternância de poder, não serve pra mudar nada. O resto é papo de marqueteiros ou de militantes tolinhos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Homens, esses palhaços

"Ex-namorado é como vestido velho: você olha na foto e não sabe como um dia teve coragem de sair com aquilo".

Tinha uma amiga que dizia que homem gosta é do cheiro de outro homem. É por isso que quando estamos sozinhas não aparece nada, mas basta você estar sendo bem-amada e bem-comida pra eles aparecerem feito abelhas no mel. Principalmente ex-namorados palhaços.

Eu sou amiga de quase todos os meus ex-namorados. Acho bizarro não ser. Afinal, você passa meses ou anos com uma pessoa divindo mais do que a cama, você divide a sua vida, aquela pessoa se torna seu melhor amigo, seu maior companheiro. Daí um dia pro outro vocês se cruzam na rua e se cumprimentam como dois estranhos. Não, não dá, isso é coisa de gente louca. É um princípio. Claro que muitas vezes você perde o contato ou vai mudando e não tem mais nada em comum e se afasta, mas em geral eu tenho ótimas relações com eles, a não ser que se portem como idiotas como os casos que relatarei abaixo.

Esses dias um ex-ficante da minha adolescência surgiu no meu Orkut. Fiquei com esse cara algumas vezes quando eu tinha 16 anos e voltamos a nos encontrar na faculdade. Ele estava se formando e eu era caloura no mesmo curso. Trocamos olhares, flertezinhos leves, mas por uma série de desencontros não rolou de ficarmos de novo. Normal. O tempo passou e cada um seguiu seu caminho, ele continuou morando na mesma cidade, casou com uma mulher que eu conheço de vista e até tatuou o nome dela do pé (cafonérrimo, mas enfim). Eu vim pra São Paulo, mudei de rumo e casei também. Nunca fomos amigos, mas sempre nos cumprimentamos, afinal somos pessoas educadas.

Da última vez que fui a Belém, há 2 anos, ele passou com a mulher por mim, que estava com meu então noivo. Nos cumprimentamos de longe, clássico "Oi, tudo bem?" e só. Aí ele me adiciona no Orkut e eu achei estranho, afinal faz anos que a gente não troca duas frases, mas sei lá, temos um milhão de amigos em comum e não precisa ser amicíssimo pra adicionar no Orkut, né? Aí hoje eu vejo um scrap dele: "Oi, tudo bom?". Como assim, Bial? Será possível que este moço está de gracinha mais de 10 anos depois? Bem, como dizem as moças do blog aí dos links, Homem é Tudo Palhaço, eu não duvido de nada.

Uma vez eu reencontrei um ex pela internet e estava conversando com ele superanimada, feliz de termos nos reencontrado, afinal ele era um cara muito gente boa. Ele me contou que estava namorando, que ia morar com a menina, que estava tudo indo bem. Lá pelas tantas o palhaço começa a querer relembrar via MSN os momentos tórridos do namoro. Posso com isso? Seis anos depois o palhaço que acabou de me contar que vai morar com a namorada diz que nunca esqueceu nossos "momentos felizes". Claro que eu surtei, falei pra ele que me respeitasse, que respeitasse a própria namorada eu quando me lembrava dele pensava com carinho e achava péssima aquela conversa. Aí ele disse que homem é assim mesmo, mais safado.

Tivemos uma super briga via internet e fiquei mais 2 anos sem saber dele até a semana passada, quando, advinhem só, ele se separou da mulher e me procurou pra conversar no MSN. Eu dei a maior força, claro, deve ser terrível terminar um casamento. Mas confesso que a meus sentimentos em casos assim ficam entre a vaidade e a raiva, afinal são dois homens muito interessantes e eu fico me sentindo quando eles vêm atrás de mim anos depois. Mas, porra, precisa tomar uma bota pra querer ser meu amiguinho? Eu me considero uma boa amiga, mas desconfio muito de homens que só aparecem quando estão solteiros. E acho um pouco falta de respeito, afinal, que parte do anel de ouro na minha mão esquerda não deu pra entender?

Aí quando eu surto sou eu que sou mal-educada, doida, desequilibrada. Bom, eu sou um pouco tudo isso mesmo. Mas tem como não ser?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Com a palavra, Shakira

Underneath your clothes
there's an endless story,
there's the man I chose,
there's my territory,
and all the things I deserve for being such a good girl.


E porque antes dela ser loira e cantar em inglês, ela foi um huge success na minha adolescência. Porque não tem como ser romântico sem ser brega. Quero dizer até dá, mas não tem muita graça. E porque há mesmo algumas recompensas por ser uma boa moça ;)

Uma última palavrinha sobre Lost

Assisti a todos episódios e achei a série fantástica. Tem suas falhas, como todas as séries, mas consegue prender a atenção e apesar de ter um milhão de personagens, a coisa não fica perdida em núcleos feito uma novela. Sem contar a capacidade de juntarem tanto homem bonito num único elenco. Mas o grande lance, pra mim pelo menos, são os nomes e sobrenomes dos personagens. A mocinha forte, heroína e anti-heroína que se chama Austen, o irresistível canalha que representa o capitalismo chamado Ford. Mas o que me pega mesmo são os filósofos políticos: Locke, Rousseau, Hume, Burke, Bakunin e, mais recentemente, Bentham.

Ao que parece os roteiristas não primaram pela sutileza ao fazer dessa série um libelo contratualista. Tudo justifica o Estado e a constituição da autoridade. Se um dia você for parar numa ilha esquisita logo vai aparecer alguém pra se apropriar das coisas e criar um mercado e as pessoas vão precisar de um líder, porque ou elas vivem juntas ou morrem sozinhas. E precisam de armas também, porque no "estado de natureza" o ser humano é hostil e sai matando sem motivos.

Bem, isso está presente em diversos produtos culturais, é assim que as idéias se fixam de modo que a gente sea convencido a pensar que o Estado e a organização social que conhecemos não é a melhor coisa do mundo, mas é a melhor coisa que inventaram e aí nem ousamos experimentar outra coisa. Em Lost isso não é só interpretação de uma anarquista doida, basta ver que os personagens fodões são os contratualistas e que o único anarquista da história era um doido Highlander corrompido pelo lado negro da força. Se isso não é uma bela forma de avacalhar a anarquia, eu não sei o que é .

Resta agora saber como o utilitarismo de Bentham vai entrar nessa história. Aguardo pelas próximas temporadas ansiosíssima.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Como assim, Bial?

Quando a gente pensa que já viu de tudo aparece o irmão da Sandy pagando de roqueiro. É, o Júnior. A banda chama 9 Mil Anjos e é medíocre, como se poderia esperar. Até aí, normal, a maioria das bandas que tá na mídia é mesmo muito fraca. Senti um pouco de pena do Champignon, afinal ele parece ser um bom baixista e já tocou em uma banda grande. Horrível, mas grande. Duvido que essa aí vá dar em alguma coisa, apesar de toda grana que o irmão da Sandy deve estar pondo na coisa. Motivo simples. Ao contrário de outros estilos musicais, o povo do rock é chato e não esquece fácil. Tudo bem que o seu alvo são adolescentes ex-fãs da duplinha de irmãos, mas as pessoas sabem que é o irmão da Sandy. Não dá pra levar a sério.

Papo de roqueiro velho

O problema de bandas já consagradas é que quando elas finalmente tocam no Brasil não estou mais com paciência de fazer um show de hits. Pensando bem, deve ser um saco tocar a mesma música por quinze anos, mas sejamos honestos, é disso que o povo gosta. Show com músicas obscuras só dão certo pra fãs xiitas. O REM vem aí e provavelmente fará uma apresentação baseada no seu novo disco que, cá entre nós, não é lá essas coisas. Ah, eu quero ouvir "The end of the world as we know it", " Man on the moon", "Everybody hurts", "Pop song 89", "Imitation of Life". Provavelmente se tocarem hits vão mandar Losing my religion e, por Deus, isso sim é uma música que ninguém aguenta mais. Enjoou mais que Shiny Happy People.
É claro que eu reclamo, mas irei. Na verdade isso é mais uma frustração antecipada que um resmungo. Vamos torcer pra que eles mudem de idéia.

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Ontem eu assisti ao VMB na companhia online de um amigo igualmente old school. A maior parte da cerimônia foi deprimente e lamentável, vergonha alheia pública com direito a playback (e vaiais) na apresentação do Bloc Party e uma inacreditável (pra dizer o mínimo) cena de masturbação da vocalista do Bonde do Rolê durante a apresentação do grupo.

Perguntei ao meu amigo se quando a gente era mais novo tudo já era uma merda e ele me disse que não, que quando tínhamos 20 anos a internet não tinha tanta força quanto hoje e que o acesso à música e à divulgação era mais limitado, por isso tinha menos espaço pra lixo. É um argumento um tanto elitista, mas faz sentido. Sem contar que hoje o hype é mais descarado que nunca. Uma coisa é o mau gosto característico da geração emuxa. Mas pelo menos o público que estava lá vibrava quando apareciam Fresno, NX Zero e outras porcarias do gênero. Já o tal do Bonde do Rolê não é apenas uma piada de mau gosto, muito ruim e muito ridícula. (Não ridículo no sentido de tão ridículo que é legal, como o hard rock. Ridículo simplesmente). Era uma banda que não empolgava ninguém e que ainda levou umas vaias.

O problema da MTV Brasil é que lá tá cheio de trintão e quarentão que se acha garoto. É aquela coisa que eu falei sobre crescer, as pessoas acham que têm que ser adolescentes a vida inteira, porque quem cresce é velho, chato e careta. Então eles tentam fazer alguma que atinja os adolescente ao mesmo tempo que tentam "sofisticar" a premiação. Então ao mesmo tempo que colocam um tributo a uma baiana que ninguém de menos de 25 anos conhece, colocam um prêmio pra vídeo mais bombado no You Tube. Óbvio que o tiro sai pela culatra e no fim sai uma tosquice que não agrada nem a gregos e tampouco a troianos.

A única coisa boa de toda a noite foi um clipe no estilo "We are the world" do hit-piada "Furfle feelings" do ótimo Marcelo Adnet, que passou a cerimônia toda sendo boicotado pelo invejoso do Marcos Mion. Há cinco anos Mion era o Adnet, mas subiu pra cabeça e ele perdeu a graça. Vamos torcer para que o querido da hora seja mais esperto.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pretty. But what's the point?

Foi uma dessas conversas que começam em política e terminam em fofoca (assunto muito mais divertido, aliás). Estávamos falando daquele partido que era da ditadura e teve a pachorra de mudar o seu nome para o extremo oposto. Depois pulamos pro partido do pássaro. Meu amigo disse que gostava mais de um político desse partido que os dois últimos candidatos à presidência lançados por eles e arrematou:

- E ele pegou a miss.

Pois é, diz a fofoca que o tal governador pegou a vice-miss universo. Tosca. Tosca, tosca, tosca. O que tem de bonita tem de tosca. Porque além de contar com o já citado em seu currículo amoroso, a moça parece que vai casar com dos irmãos daquela banda que jura que é jura ser o Bee Gees nacional. Deus dá asas a cobra mesmo! Ah, eu com aquela beleza toda beleza toda lá queimar meu filme assim!

Isso me fez pensar na infinidade de mulheres bonitas com caras nada a ver. Caras nada a ver não são caras feios, porque há feios extremamente charmosos e interessantes, assim como há lindos extremamente babacas (Não vou dar exemplos porque texto fofoqueiro é assim mesmo, a gente só conta o milagre e o resto it's up to you). Faz tempo eu li numa coluna de fofoca metida a politizada (?!) que sai num grande jornal paulistano que a rainha da bateria de uma escola de samba estava há oito anos sem comer pizza pra manter o corpão. Oito anos!!!

Na hora eu pensei que a vida sem pizza não deveria vale a pena, mas agora que eu ando numas de dieta e malhação, andei reconsiderando. O problema é que a boazuda em questão namora aquele pagodeiro que foi em cana por associação com o tráfico. Aí é que eu digo, sobre ela, sobre a miss e sobre várias dessas moças sem critério: ser linda pra quê?

Ok, não me venha com sermão de que as mulheres também ficam bonitas pra si mesmas e não só pra arranjar homem que isso só é verdade em parte. A gente fica bonita pra arranjar homem (ou mulher, se preferir) e pra fazer inveja pra outras mulheres e, de vez em quando, pra ficar satisfeita por sentar sem que a barriga tenha três dobras. Só que a única coisa boa de ter uma barriga que não tem dobrinhas é se tiver alguém que te deseje ou te inveje. Dito isso, acrescento que sou mais eu com as minhas dobrinhas. Pelo menos o meu homem é interessante. E gato.

domingo, 28 de setembro de 2008

That's how people grow old

Minha geladeira e minha dispensa estão praticamente vazias há uma semana e eu ainda não criei vergonha na cara para ir ao supermercado porque finalmente consegui engrenar no texto da minha qualificação. Tem padarias e uma quitanda aqui perto de casa, dá pra ir me virando até o momento mais extremo, que é quando acaba o papel higiênico.

Comentei isso com uma amiga. Ela me disse que quando a gente tem que fazer supermercado é que vê que crescer é uma merda. Estranho isso. Outro dia eu falei pra outra amiga que acho ridículo essas coisas que fazem em casamentos de distribuir óculos de plástico colorido, boás e perucas. Ela (que é solteira, diga-se) me disse que vai ver que as pessoas fazem isso porque o casamento é uma coisa muito séria e é um jeito de ser criança pela última vez. É então que eu penso no mau que o romantismo continua fazendo pras pessoas.

Eu não sei quanto a você, leitor, mas eu não tenho a menor saudade da aurora da minha vida, da minha infância querida e dos anos que não voltam mais. Muito menos da adolescência. Se tem uma coisa que eu gosto é de ser adulta. Demorei mais de 25 anos e não vejo o menor sentido nesse saudosismo boboca.

Eu me casei e não fiquei careta, pelo menos não mais do que já era antes disso. I'm pretty much the same person, como diria o Belle and Sebastian. Eu ainda saio com meus amigos e danço até as 5h da manhã como se não houvesse ninguém olhando e me apaixono por pessoas, coisas e idéias - principalmente pelas idéias, a gente sempre se apaixona por idéias, de pessoas, de bichos e de coisas. Hoje eu assisti a um filme incrível, Estamira, e ele me arrebatou totalmente, tive que ligar pra uma amiga e falar de como me afetou. A vida adulta não mitiga a paixão, nada mitiga a paixão, só você mesmo. E nem preciso dizer que se você reduz paixão a sentimentos românticos-carnais somente, bem, você não entendeu nada e isso me faz sentir um pouco de pena.

A mulher que dá título a esse documentário é uma criatura fascinante. É claro que cada um vai enxergar a situação com os óculos que lhe convém, inclusive eu faço isso. Tem gente que olha e só vê miséria e sente peninha. Esses, coitados, não entenderam nada, não conseguem ver nada além do que está posto. Tem gente que vai ter olhares psicanalíticos e vai a todo custo classificar Estamira, vão querer medicar, tratar, normalizar e dar remedinhos. Mas Estamira está além disso tudo, ela não é como nós. Estamira é pura intensidade, é o amor fati e é também um corpo sem órgãos que chegou ao seu limite pra acabar com o juízo de Deus mesmo. Estamira fala que a morte é dona de tudo. Brilhante. Estamira não tem medo da vida. Por isso quando alguém me fala em saudosismo da infância eu tenho um ataque, porque se você chama isso de vida, baby, eu acho que há algo muito errado com você.

Até me passa pela cabeça que de repente essas pessoas tiveram infâncias e adolescências felizes, sei lá, tem de tudo nesse mundo. Não que eu tenha sido miserable a vida inteira, mas eu jamais concordarei com aquela música que fala da "pureza da resposta das crianças". Primeiro porque as crianças em geral são umas pestes, segundo porque a vida não é bonita, é bonita e é bonita. A vida é o que fazemos dela e o tempo é curto demais pra esses saudosismos bestas. É, fazer supermercado é uma merda. Sim, o casamento muitas vezes é um saco. Mas não diga que crescer é ruim, isso me ofende. I don't wanna grow up só fica bem na música dos Ramones.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ai, meu São Bakunin!

Eu moro em casa e agora que estamos em época de campanha eleitoral minha garagem vive lotada de santinhos que o pessoal das campanhas joga pela grande. É insuportável, mas, coitados, essas pessoas ganham uma miséria pra distribuir esses papeizinhos e precisam se livrar deles. Provavelmente eu faria a mesma coisa. Sou contra o uso dos santinhos: suja a cidade e gasta papel. Mas até aí eu também sou contra o sistema eleitoral, a idéia de representatividade e ao Estado, então o santinho é o menor dos meus problemas.


Agora, quer me tirar do sério, me manda propaganda de candidatos por e-mail. Tenho uma boa tolerância pra porcarias enviadas pela web: piadas, power point, mensagens de "sabedoria", correntes. Em geral apago sem ler. Mas propaganda de candidato me irrita. Primeiro porque já não basta a minha garagem suja e ser bombardeada por isso em todos os lugares, ainda sou obrigada a ver nome de candidatos na minha caixa de e-mail. Segundo, porque eu sou anarquista. Todo mundo que me conhece sabe disso, se você tem meu e-mail sabe disso. Ora, não se manda e-mail de candidato pra uma pessoa que não vota. Isso é provocação!


Hoje recebi um e-mail de uma moça que eu nem conheço direito sobre o candidato que ela votará para prefeito. Eu ia apagar, mas resolvi dar uma resposta meio mal-educada antes: “Eu voto nulo. Por favor, não me mande mais esse tipo de e-mail”. Ah, faz favor! Eu não te conheço, não me interesso nas suas razões pra votar em alguém e não acho que isso te dê o direito de invadir meu e-mail com essas porcarias. Afinal, eu não estou mandando mensagens sobre o voto nulo pra ninguém. É, me deixa em paz. E vote nulo!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mens sana, corpore sano. Tá, mas quem limpa a minha casa?

Ok, vamos lutar contra o preconceito. Eu posso frequentar uma academia, fazer dieta e continuar inteligente. Afinal, eu leio Deleuze no trem. Tudo muito bacana, tudo muito bonito: comer direito, ir fazer exercícios, voltar pra casa e escrever a dissertação. Tudo funciona muito bem, desde que você não tenha que limpar sua casa. Limpar a casa cansa e dá preguiça de ir pra academia. E enche o saco, dando preguiça de ler filosofia pra terminar o mestrado.

Eu vejo essas revistas aí que promovem o mito da supermulher e sempre acho graça. Porque se fosse fazer tudo o que eles mandam, não precisa só precisaria ser rica, precisaria também ter um dia de 40 horas. E ter empregada, claro. Ou um exército de criados: um para cuidar do gato, um pra cozinhar, um pra pagar as contas na rua, um pra limpar a casa. Se fizéssemos tudo o que manda a Nova, a Boa Forma e afins, passaríamos boa parte do dia passando cremes no corpo e no cabelo, fazendo ginástica e indo ao banheiro. É, porque tomando toda a infinidade de chás pra emagrecer verde, chá branco, chá do Daime... teríamos que fazer xixi a cada cinco minutos. Isso sem contar os dois litros de água diários mínimos.

Longe de mim tentar ser uma "mulher de nova", essa criatura robótica fictícia e abominável. Só pra terminar o mestrado, comer direito e praticar uma horinha de atividade física diária eu já fico cansada e a minha casa, um caos. O que eu fico passada é que tem muita mulher correndo atrás desse modelo bisonho. Mas aí já é um caso de mens insana.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Wolf like me

É como ter um diabo por dentro.

Não, você não tem idéia do inferno que é ser eu.

Não me diga o quanto a vida é boa,

nem me enumere os motivos que tenho para ser feliz,

levantar as mãos para o céu e agradecer.

Eu sei de todos eles

e nenhum deles é capaz de acalmar

este cão feroz que reside em meu peito;

o demônio que ruge e que me empurra para a destruição.

Não importa os motivos que eu tenha para ser feliz,

- e eu o sou, Deus, eu o sou e boa parte dos dias;

há sempre períodos em que tenho vontade de enfiar uma furadeira na cabeça

e acabar com tudo.

São dias que vem e vão, vão e voltam

eu simplesmente não posso impedi-los,

eu simplesmente não posso evitar.

Não me sugira remedinhos, pílulas mágicas da diversão sem culpa,

entorpecimento dentro da legalidade,

fábrica de zumbis.

Não me receite terapia, um hobby ou arranjar um emprego. Quem você pensa que é pra me recomendar alguma coisa?

Não me julgue, não me analise. Não me classifique,

coisa interpretável, passível de receitas prontas, fórmulas, normalização.

Se quiser, dê-me sua mão. Fora isso, deixe-me em paz.

Não quero sua piedade, não quero soluções e respostas. Isso só eu mesma poderia dar.

Mas ainda não sei, duvido que venha saber um dia.

Tudo o que posso fazer é conviver isso, sozinha.

Não, você não tem a menor idéia do inferno que é ser eu.

domingo, 21 de setembro de 2008

Passión

Eu preciso estar apaixonada pra viver. Quando não estou apaixonada apenas existo. Sou um desses seres vivos, que nascem, crescem, se reproduzem e morrem.

Preciso estar absolutamente encantada por alguém ou alguma coisa. Um homem, uma idéia, um bicho, uma canção. Jamais saberei o que é ser um ser humano equilibrado que divide seus dias e sua vida como quem separa suas roupas em pequenas gavetas. Isso eu só faço quando não há dentro de mim essa intensidade que é o que me move e faz viver.

Empurro com a barriga as obrigações da vida doméstica, o trabalho, as convenções sociais, os cuidados de si e então as pessoas normais e equilibradas me dizem que eu nunca estive tão bem. Elas não sabem que quando tudo está alinhado, perfeitamente distribuído é porque eu estou meio morta aqui dentro. Eu preciso de paixão pra viver e isso necessariamente me bagunça a casa, atrasa as contas e sabota minha dieta.

Mas ela me tira da vida de zumbi que a maioria das pessoas vivem e tenta me convencer que é bacana. Hora pra tudo, hora acordar, hora pra comer, hora pra trabalhar, hora pra foder, hora pra se foder. Tudo em seu devido lugar como se a vida fosse um lindo armário cheio de gavetinhas e prateleirinhas arrumado por um obsessivo-compulsivo. Tudo trancado lá dentro, atrás de portas lindas, brilhantes, nem uma marca de dedo sequer.

Quando estou apaixonada tudo mais pode estar desmoronando que eu estou plena em minha pequena alegria. Mas a paixão é fogo e finita e logo se esvai, do mesmo jeito que apareceu. Passa a fazer parte da paisagem. E eu sempre quero mais. Eu preciso de mais.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

É que o meu marido não deixa

Eu e minha mãe inventamos a melhor desculpa pra nos livrarmos de vendedores, telemarketing e afins. Não importa o quanto você diga que não está interessada no produto deles, que não tem dinheiro, não quer. Eles sempre vão repetir o texto e tentar te vencer pelo cansaço. A única desculpa universalmente aceita é dizer que o marido não deixa.


-A senhora gostaria de estar pedindo o cartão xxx?

-Não, moça, meu marido não deixa.

- Mas senhora...

- Olha, preciso desligar que ele não gosta que eu fique no telefone. Preciso terminar de fazer a janta.


Juro, dá certo. Um dia desses a minha amiga ficou revoltada porque se recusou a pagar 800 reais num peeling e a dermatologista veio com as opções de parcelamento e até perguntou se ela não queria “conversar em casa”. Era só ter dito que o marido não ia deixar. Tá certo, ela não é casada, mas isso não importa, a pessoa não vai pedir sua certidão de casamento ou seu atestado de união estável.


Isso me fez pensar que se esta desculpa é universalmente aceita é porque tem alguma coisa bem grave que continua acontecendo. Os maridos não deixam, não gostam, não querem. Uma vez eu saí da mesa porque a esposa do meu primo estava contando que tem que fazer almoço e janta todos os dias porque o marido “não gosta” de comida requentada. Eu quis ser solidária dizendo que isso é chato, porque afinal a menina também trabalha o dia todo e ainda tem que chegar em casa e cozinhar. Mas aí ela me disse que ele não gosta que ela trabalhe e eu não suportei mais a conversa e dei a velha desculpa do “vou pegar um refrigerante e já volto”. E quando eu digo refrigerante, eu quero dizer cerveja.


Até aí tudo bem, tem gente que merece ser otário e eu não fico com peninha, não. Se a menina quer fazer janta depois de trabalhar o dia inteiro é problema dela. Então eu comecei a pensar que está pra nascer o homem que não vai me deixar fazer alguma coisa. Mas lembrei que o meu marido também não me deixa fazer algumas coisas. Ele não me deixou subir no palco do Iggy Pop (na verdade ele teve que me segurar e eu bem que tentei me livrar) e não gosta que eu use drogas pesadas. Isso quer dizer que em alguma instância eu também sou uma mulherzinha.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Popularizou, estragou

Eu sempre digo que se você acha que as coisas não podem ficar piores é porque te falta imaginação. Pois é. Não bastasse o celular ser esta coisa insuportável que nos torna localizáveis o tempo todo, sempre dá pra piorar. Pra começar somos obrigados a saber da intimidade das pessoas porque elas não têm o menor pudor em conversar tudo em público, falando alto, muito alto. Sem falar nos toques inconvenientes. Aí algum nerd que odeia o mundo achou que seria muito legal transformar o aparelho em walk-man. Até que resolveram tirar o fone de ouvido do aparelho!

Antes esses aparelhos eram caros, mas agora, não. Todo mundo tem um celular que toca música. É o famoso "popularizou, estragou". Pra todo canto que a gente vai tem alguém com o maldito aparelho disposto a compartilhar com o mundo o seu péssimo gosto musical. No trem, no ônibus, na rua, na chuva, na fazenda. É um inferno. O que houve com os fones de ouvido, meu Deus?!

Outro dia eu fui almoçar num shopping - raramente vou a shoppings e quase sempre que vou me irrito - e lá estava um cara com o laptop aberto sobre uma das mesas vendo clipes com o volume nas alturas. Mais um exemplo de que popularizou, estragou.

Eu sei, este post está meio elitista. Mas quando notebook era caro não se viam presepadas desse tipo por aí. A mesma coisa com celular. Ou não se viam ou sou eu que sou pobre. Enfim, é insuportável, mas eu não me espanterei se ficar pior.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A sociabilidade da balada

A pista está vazia e todas as maquiagens e cabelos estão inteiros. As pessoas chegam em grupos e vão direto ao balcão. Quase todos tomam cerveja. É costume nacional e é mais barato. As águas só começam a sair daqui a duas horas, quando a pista de dança estiver fervendo e os suores começarem a escorrer pelos rostos ou quando a bebida já subiu pra cabeça.


Dali a pouco a pista de dança está lotada e alguém irá se queimar no cigarro de outra pessoa. No dia seguinte as roupas estarão insuportavelmente fedidas, mas isso não importa. A vida está acontecendo e é maravilhosa, porque você não tem mais 20 anos, não mora com seus pais, e é adulto o suficiente pra todas as coisas boas e ainda é jovem o bastante para que a música entre em seu corpo e te possua como um espírito. Dançar, dançar até quase de manhã, parando apenas para tomar mais uma cerveja ou ir ao banheiro. Essa é a sua música, essa é a sua vida e você nunca foi tão feliz enquanto canta os hits de sua adolescência com seus amigos e até ficar rouco.


Na sociabilidade da balada as mulheres estão sempre vestidas de modo mais charmoso que no cotidiano enquanto a maioria dos homens está do mesmo jeito de todos os dias. Elas dançam e jogam os cabelos, eles ficam pelos cantos fazendo uma cara blasé. De repente a pista esvazia um pouco e quando você percebe há vários casais se beijando encostados na parede. Que beijos! Percebe-se imediatamente a diferença entre namorados e quem nunca se beijou antes, porque só quem nunca se beijou antes beija daquele jeito.


Mas você não está lá pra isso. Uma das vantagens de estar comprometido com alguém é o fim da ansiedade de sábado a noite. Dá um pouco de saudade de solteiro, mas dali a pouco será a hora da xepa, o fim da feira. Os caras estarão mirando as bêbadas e as bêbadas mirarão quem for minimamente gentil. A pista de dança vira palco dos últimos xavecos, dos bêbados e dos mais resistentes. Hora de ir embora, você não tem mais idade pra essas coisas. Então você vai pra casa alegre pela ótima noite e, se tiver sorte, feliz porque apesar do clima de pegação, há apenas uma pessoa com quem você gostaria de estar. Pena que ela não estava ali na festa.

sábado, 13 de setembro de 2008

As noivas da semana

Pára tudo! Alguém viu as fotos do casamento da Sandy? Que vestidinho feio!!! Ela já não é nenhuma beldade, mas quando a mãe da noiva fica mais bonita que ela no casamento alguma coisa está muito errada. Ano passado a Wanessa Camargo arrasou num tomara-que-caia muito chique. Errou no sapato, mas estava belíssima. Já a outra usou um vestido que deve ter sido caríssimo e que tava ali com os modelos mais baratos da Rua São Caetano (a rua das noivas de São Paulo), sem falar no cabelo totalmente equivocado.

Já repararam que essas mulheres que se mantém macérrimas são todas muito cabeçudas? Não as modelos porque essas têm a genética ao lado delas, são secas mas são proporcionais. A Sandy é uma dessas cuja cabeça deve corresponder a um quarto do peso total dela, assim como a Angélica, outra que gosta de surgir em público com cabelos e figurinos terríveis. Pois é, a irmã do Júnior usou um penteado que deixava a cabeça dela ainda maior. Péssimo.

Essa semana quem casou também foi a Juliana Paes. O vestido até que era bonito, mas excessivamente decotado pro meu gosto.Você vai cortar o bolo, querida, não sair de dentro dele! Tá certo que less is more, mas não vamos exagerar, né?

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Escrotices cinematográficas

Tem esse programa de rádio que eu ouço numa rádio AM de um grande grupo de mídia de São Paulo. Eu não gosto muito de noticiários porque normalmente eles me deixam irritada ou me fazem rir da imbecilidade dos apresentadores e repórteres. É leitor, eu sou uma vaca elitista que acha a maioria das pessoas idiotas, sobretudo essas que vestem a fantasia de "formadores de opinião" e usam o lugar que lhes é dado para soltar suas asneiras por aí. Coisas que pessoas comuns teriam receio de falar numa mesa de bar, mas como jornalista se acha intelectual vai palpitando pra tudo quanto é lado como se ele fosse o sábio do século 21 e não um reles empregado cuja legitimidade para falar ao está necessariamente associada ao lugar que ele trabalha. Grosseiramente falando, são peões que juram ser a rainha do tabuleiro.

Mas enfim, eu ouço esse programa de rádio enquanto lavo a louça porque preciso me manter minimamente informada por causa da minha atividade ganha-pão. Ao contrário da palavra de ordem que repete desde que somos criancinhas que isso é vital, eu não dou a menor importância pra isso a não ser na medida que isso me irrita e/ou me diverte ou que me serve de material para de pesquisa pra falar o quanto a mídia nacional é tosca. Pois bem, lá estava eu quando o crítico de cinema do jornal mais velho de São Paulo começa a falar sobre as estréias da semana. Entre as asneiras óbvias (achou Hellboy 2 excessivamente fantasioso, como se isso não fosse esperado num filme baseado numa HQ) o imbecil me solta dois dos comentários mais machistas e preconceituosos que já ouvi.

Primeiro ele estava falando de um filme sobre algum líder espírita que é dedicado "às crianças vítimas do aborto" e me arremata dizendo que o filme é sobre "as mulheres que resistiram ao aborto". Porra, como se aborto fosse uma torta de chocolate! Como se fosse muito fácil tomar esta decisão, mesmo que você seja completamente ateu. Como se as mulheres ficassem grávidas só pra ter que passar por este processo que nunca deixa de ser traumático e arriscado, já que se alguma merda acontecer elas não podem recorrer a ninguém. Filho da puta.

A apresentadora, que normalmente é bem idiota, até tentou consertar e disse que o filme mostra o outro lado da questão, mas o sujeito não se contentou e fechou o programa com chave de cocô. Ele estava falando de um musical francês que é bem "filme de arte" e aí solta o seguinte petardo: "acho que vai fazer muito sucesso nas salas do shopping Frei Caneca"(esse shopping, pra quem não é de São Paulo, é conhecido por ser bastante frequentado por homossexuais).

Sério, por que deixam esse ser falar e escrever alguma coisa em público? Eu fico pensando se ele tem a ousadia de escrever isso no jornal em que é colunista. Escroto!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Preciso de um namorado

Preciso de um namorado. Não, marido não serve. Eu já tenho um. Mas poderia até ser ele, de preferência teria que ser ele. Não importa a figura, importa a função.


E o que eu precisava agora era de um namorado.


Namorado para ir ao cinema de mãos dadas aos fins de semana. Eu sei, dá pra ir ao cinema com os amigos. Mas eles não nos protegem do implacável ar condicionado. Isso quem faz é namorado.


Namorado para ver televisão no sofá de casa. Eu sei, posso fazer isso com o meu gato. mas ele não responde aos meus afagos com a urgência que eu necessito. Porque eu também tenho alma de gato e tudo o que preciso é de comida, uma cama quentinha e muitos afagos. Afagos de namorado.


Namorado para fazer amor várias vezes por dia porque nos queremos mais que tudo. Eu sei, você pode fazer amor com qualquer pessoa. Mas o ideal quando você é casado é que essa pessoa seja seu cônjuge. Só que ninguém faz amor com um namorado. A qualquer hora, sobre qualquer superfície disponível, em qualquer lugar parcialmente discreto. Fazer amor de modo que eu bata com a cabeça na parede, que me segure com força, que ele quebre uns fios do meu cabelo por causa da sua urgência desastrada de amar. Que eu fique cansada e me atrase pros meus compromissos porque eu tinha que ter você neste exato momento. Porque o amor dos namorados tem pressa e não aguenta esperar.


Namorado pra não ter que pensar no futuro. Namorado presente. Você aqui, mesmo que de vez em quando me deixe maluca porque você agora é marido e nem sempre se lembra de ser namorado. É do namorado que eu sinto saudade. É de você, meu bem.

domingo, 31 de agosto de 2008

Rock'n'roll all night and party everyday

I don't wanna be an old man anymore
It's been an year or two since I was down on the floor
Shaking booty, making sweet love all the night
Its time I got back to the good life
Its time I got back
Its time I got back
And I dont even know how I got off the track
I wanna go back, yeah!

Weezer - The Good Life

Ontem eu estava sentada com um casal de amigos num bar ouvindo chorinho e samba. Eu estava tomando uma coca-cola por conta da dieta, meu marido a quilômetros de distância cercada de pessoas fumando. De repente comecei a a me sentir um pouco morta no meio daquilo tudo. Já estou sem o sexo e sem as drogas, preciso de rock'n'roll com urgência. Liguei pra uns amigos roqueiros e lá fomos nós para o lugar que é certo se tudo mais falhar: a casa da diversão. Eu passei a noite tomando água mineral, mas, dane-se, eu estava no meu habitat natural, dançando e cantando as músicas que amo. Lá eu me sinto em casa.

Semana passada eu também fui a uma festa de rock. Fazia bastante tempo que eu não saía pra dançar e agora quando volto a fazê-lo sinto que estou de volta. Na semana passada eu entrei numa daquelas lógicas junkies: se consumisse 30 reais não pagaria a entrada de 10, então me pareceu perfeitamente razoável beber 30 "pra economizar". Mas não é a a bebida, não são as drogas de nenhum tipo: é o rock'n'roll que desencadeia em mim esta felicidade genuína, essa intensidade, alegria de estar viva. Percebi ontem ao passar a noite romando água e não lembrar da última vez que me diverti tanto. Eu passo sem sexo, passo sem drogas, mas nunca sem rock. Ele é pura pulsão de vida.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

The heart beats in its cage

Toda bandinha aspirante a rockstar deveria ouvir Strokes todos os dias pra entender como é que se faz rock'n'roll com um quê depressivo, porém adulto; meio bêbado, porém, não "drogadinho"; romântico e sexy, sem ser babaca e vulgar, entendiado, mas não derrotista. Rock'n'roll de quem não quer ser adolescente pra sempre e que sabe cantar como ninguém como é ter 20 e tantos anos nesse mundo de hoje, onde você acaba sendo adolescente por mais tempo mesmo e anda meio desiludido com tudo, mas de vez em quando vê surgir aquela intensidade que é pura vida. Rock'n'roll que vai bem numa balada, mas que não é hit de verão como a maioria das bandas de hoje que não sabem a diferença entre ter influências e plagiar descaradamente. Músicas de quem sabe rir de si mesmo, que olha para o mundo com descrença e ao mesmo tempo com paixão.

Desculpem a minha descrença com as bandas atuais, mas a hora que alguém me mostrar uma banda que escreva algo como a música abaixo (e não hits autoreferentes sobre sobre como você fica bem na pista de dança) eu posso tentar rever meus conceitos.

Heart In A Cage


Well I don't feel better
When I'm fucking around
And I don't write better
When I'm stuck in the ground
So don't teach me a lesson
Cause I've already learned
Yeah the sun will be shining
And my children will burn

Oh the heart beats in its cage

I don't want what you want
I don't feel what you feel
See I'm stuck in a city
But I belong in a field

Yeah we got left, left, left, left, left, left, left

Now it's three in the morning and you're eating alone

Oh the heart beats in its cage

All our friends, they're laughing at us
All of those you loved you mistrust
Help me I'm just not quite myself
Look around there's no one else left
I went to the concert and I fought through the crowd
Guess I got too excited when I thought you were around

Oh he gets left, left, left, left, left, left, left

I'm sorry you were thinking; I would steal your fire.
The heart beats in its cage
Yes the heart beats in its cage
Alright

And the heart beats in its cage

Um tédio só

Hoje enfim a programação da tv melhorou e eu assisti quatro filmes: A vida secreta das palavras, Um beijo a mais, Hannibal: a origem do mal e Caché. Isso quer dizer que passei o dia no sofá apática. Vi dois, dormi um pouco no sofá mesmo, depois mais dois. Dizem que isso é sinal de depressão. Bem, quem sou eu pra contrariar os especialistas?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ouro de tolo

A empresa que me fornece tv a cabo e internet está com o sinal dos canais de filme abertos durante 10 dias para incentivar a assinatura do pacote mais caro que dá acesso a esses canais. Logo que soube disso pulei de alegria, mas para a minha mais completa decepção os filmes "de graça" são bem ruinzinhos. Já comecei a assistir a uns 3 e desisti. Não tenho mais paciência para filme ruim. Se em 15 minutos ele não me conquista é pouco provável que melhore. Não vou desperdiçar duas horas de minha vida com lixo. Prefiro ver Lost.
Comédia política

Hoje passou no telejornal a convenção do Partido Democrata e a Hillary Clinton fazendo um discurso empolgado pró-Obama. Eu já falei sobre isso no meu antigo blog, bem antes das prévias, sobre o nome dos pré-candidatos Barack Hussein Obama (é, Hussein) e John Biden e sobre a piada pronta que seria a dobradinha Obama-Biden.
Pois bem, a profecia se concretizou e agora a imprensa nacional tolinha está toda entusiasmada porque os cabos eleitorais principais são uma pseudofeminista corna mansa e seu marido tarado do charuto.

Precisa ser estudioso do assunto para saber que a candidatura da Paris Hilton tem mais chances? Afinal, ela vai pintar a Casa Branca de rosa. And she's hot.

http://www.morraderir.com.br/videos/8864860dcb

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Mais uma do rádio

O programa que eu ouço é o que está no ar numa rádio de notícias no horário que lavo a louça. Lá estava a apresentadora e o enviado às olimpíadas fazendo um balanço e o moço relatou que não foi possível ver o encerramento da festa porque os telões das ruas foram desligados. A polícia de Pequim não gosta de aglomerações. As pessoas reclamaram um pouco, mas logo a políca chegou e todo mundo saiu fora. Aparentemente os dois consideraram isso um exemplo de organização, porque "imagina se desligam o telão aqui num jogo da seleção".

A grande imprensa nacional adora um fascismo. No rádio é ainda pior que no resto. As pessoas sabem que ninguém está vendo a cara delas e com isso tomam coragem para falar os maiores absurdos. Ontem ouvi uma entrevista com um ministro do Supremo que recentemente publicou um romance. Eis que lá pelas tantas a mesma apresentadora pergunta muito informalmente: "E aí, ministro, como era época da ditadura? O senhor era comunista... Foi preso, torturado?". Jesus, como uma pessoa pergunta uma coisas dessas desse jeito? A única resposta possível que me ocorre é que a jornalista em questão deve achar muito natural e legítimo que se torturem pessoas ou que a polícia baixe o cacetete no povo.

domingo, 24 de agosto de 2008

Liberdade insuportável

Meu gato fugiu ontem pela primeira vez. Eu e meu marido fizemos questão de não castrá-lo porque isso tiraria o que admiramos nos gatos, seu espírito livre e indomável. O veterinário sugeriu castrá-lo, amigos que têm gatos me sugeriram castrá-lo. But I said no, no, no. Chorei durante duas horas até que conseguir encontr-lo. Ele tinha pulado o muro e não conseguia voltar , eu o encontrei porque ele respondia ao som da minha voz. Eu tive tanto medo de perdê-lo! Lembrei da dor que senti quando perdi meu primeiro gatinho. Teria sido muito pior dessa vez. Ele é a minha mais constante companhia. Nos entendemos nos olhando e nossa amizade é forte e bonita. Não, eu não sou capaz de mutilar meu bichinho pelo capricho de tê-lo sempre ao meu lado. Os gatos já nasceram livres e eu não posso tirar isso dele. Ele vive comigo porque me escolheu, porque confiou em mim. Eu simplesmente não posso.

O motivo pelo qual se castram animais ou colocam crianças na escola é porque nós já fomos adestrados e não aguentamos ver tanta liberdade. Nós os educamos não porque é bom para eles, é para nossa própria conveniência. É insuportável para nós, seres domesticados, ver seres tão livres. Sei que esta não será a única fuga do meu gato e é possível que um dia ele nunca volte. Sofro só pensar nisso, mas é assim mesmo quando amamos uma criatura que é pura liberdade.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

My back pages


Foi em 2004. Eu tinha 24 anos e estava no auge da minha beleza física e pela primeira vez desde os 14 anos fui uma mulher solteira durante um período razoável. Foi também a segunda vez que tive o coração realmente partido. Foi a segunda vez que tive depressão séria (nem queiram saber como é) e o que mais me lembro foi ter sido tragada por uma sucessão de acontecimentos malucos tentando dar conta da insanidade temporária pela qual fui absorvida, tais como tomar cafá da manhã numa padaria da Paulista às 4h tarde vestida de Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo. Não sei se é a vida, seu sou eu ou se são os anos terminados em quatro. O fato é que 1994 foi um ano ruim e 2004 também.


Nunca fui uma boa solteira. Existem mulheres que não precisam de um homem para chamar de seu ou para se divertir, que estão satisfeitas com a própria vida e que são muito felizes assim. Não é lenda, eu conheço algumas, mas obviamente não sou uma delas. Eu era uma solteira lastimável, dessas que fala mal dos homens o tempo todo e jura de pés juntos que eles só servem para diversão e que no fundo está doida pra arranjar um namorado. E como solteira não é sinônimo de sozinha passei um bom tempo comendo quem aparecesse pela minha frente.


Foi bom, mas não recomendo. A relação mais saudável que eu tive nesse período foi com um homem 15 anos mais velho que desenhava por profissão e se metia em brigas de bar nas horas vagas. So fucking hot. Saímos durante mais ou menos quatro meses, sem muita continuidade porque de vez em quando eu sumia ou ele sumia ou os meus amigos não me deixavam encontrar com ele porque achavam que ele poderia ter um acesso de fúria e me bater. Isso nunca aconteceu, porque ele descontava sua raiva de um jeito muito mais agradável.


Nessa época eu gostava dos homens maus. Eu queria casar com o Wolverine ou com o Sean Penn. Nada a ver gostar de cafajestes, porque o Homem Mau não ilude ninguém. Ele desde sempre deixa claro que é um solitário e se você cria expectativas não é por falta de aviso. Todas as pessoas sensatas sabem que você se diverte com o Sawyer, mas que o Jack é que é homem pra casar. Eu pensava nisso todas as vezes em que estava a caminho da casa dele. Tinha uma igreja lá perto com uma placa em letras vermelhas:


"Todas as quartas aqui reunião do grupo dos Viciados em Sexo e Amor Anônimos"


Nunca deixei de pensar que aquela placa falava comigo, mas até hoje não sei se eu atendia o chamado por causa do sexo, do amor ou das duas coisas.