sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Escrotices cinematográficas

Tem esse programa de rádio que eu ouço numa rádio AM de um grande grupo de mídia de São Paulo. Eu não gosto muito de noticiários porque normalmente eles me deixam irritada ou me fazem rir da imbecilidade dos apresentadores e repórteres. É leitor, eu sou uma vaca elitista que acha a maioria das pessoas idiotas, sobretudo essas que vestem a fantasia de "formadores de opinião" e usam o lugar que lhes é dado para soltar suas asneiras por aí. Coisas que pessoas comuns teriam receio de falar numa mesa de bar, mas como jornalista se acha intelectual vai palpitando pra tudo quanto é lado como se ele fosse o sábio do século 21 e não um reles empregado cuja legitimidade para falar ao está necessariamente associada ao lugar que ele trabalha. Grosseiramente falando, são peões que juram ser a rainha do tabuleiro.

Mas enfim, eu ouço esse programa de rádio enquanto lavo a louça porque preciso me manter minimamente informada por causa da minha atividade ganha-pão. Ao contrário da palavra de ordem que repete desde que somos criancinhas que isso é vital, eu não dou a menor importância pra isso a não ser na medida que isso me irrita e/ou me diverte ou que me serve de material para de pesquisa pra falar o quanto a mídia nacional é tosca. Pois bem, lá estava eu quando o crítico de cinema do jornal mais velho de São Paulo começa a falar sobre as estréias da semana. Entre as asneiras óbvias (achou Hellboy 2 excessivamente fantasioso, como se isso não fosse esperado num filme baseado numa HQ) o imbecil me solta dois dos comentários mais machistas e preconceituosos que já ouvi.

Primeiro ele estava falando de um filme sobre algum líder espírita que é dedicado "às crianças vítimas do aborto" e me arremata dizendo que o filme é sobre "as mulheres que resistiram ao aborto". Porra, como se aborto fosse uma torta de chocolate! Como se fosse muito fácil tomar esta decisão, mesmo que você seja completamente ateu. Como se as mulheres ficassem grávidas só pra ter que passar por este processo que nunca deixa de ser traumático e arriscado, já que se alguma merda acontecer elas não podem recorrer a ninguém. Filho da puta.

A apresentadora, que normalmente é bem idiota, até tentou consertar e disse que o filme mostra o outro lado da questão, mas o sujeito não se contentou e fechou o programa com chave de cocô. Ele estava falando de um musical francês que é bem "filme de arte" e aí solta o seguinte petardo: "acho que vai fazer muito sucesso nas salas do shopping Frei Caneca"(esse shopping, pra quem não é de São Paulo, é conhecido por ser bastante frequentado por homossexuais).

Sério, por que deixam esse ser falar e escrever alguma coisa em público? Eu fico pensando se ele tem a ousadia de escrever isso no jornal em que é colunista. Escroto!

Um comentário:

Anônimo disse...

Por isso não ouço mais rádio de notícias. Todos os apresentadores acham que são formadores de opnião, e acabam falando somente besteiras.