sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Uma última palavrinha sobre Lost

Assisti a todos episódios e achei a série fantástica. Tem suas falhas, como todas as séries, mas consegue prender a atenção e apesar de ter um milhão de personagens, a coisa não fica perdida em núcleos feito uma novela. Sem contar a capacidade de juntarem tanto homem bonito num único elenco. Mas o grande lance, pra mim pelo menos, são os nomes e sobrenomes dos personagens. A mocinha forte, heroína e anti-heroína que se chama Austen, o irresistível canalha que representa o capitalismo chamado Ford. Mas o que me pega mesmo são os filósofos políticos: Locke, Rousseau, Hume, Burke, Bakunin e, mais recentemente, Bentham.

Ao que parece os roteiristas não primaram pela sutileza ao fazer dessa série um libelo contratualista. Tudo justifica o Estado e a constituição da autoridade. Se um dia você for parar numa ilha esquisita logo vai aparecer alguém pra se apropriar das coisas e criar um mercado e as pessoas vão precisar de um líder, porque ou elas vivem juntas ou morrem sozinhas. E precisam de armas também, porque no "estado de natureza" o ser humano é hostil e sai matando sem motivos.

Bem, isso está presente em diversos produtos culturais, é assim que as idéias se fixam de modo que a gente sea convencido a pensar que o Estado e a organização social que conhecemos não é a melhor coisa do mundo, mas é a melhor coisa que inventaram e aí nem ousamos experimentar outra coisa. Em Lost isso não é só interpretação de uma anarquista doida, basta ver que os personagens fodões são os contratualistas e que o único anarquista da história era um doido Highlander corrompido pelo lado negro da força. Se isso não é uma bela forma de avacalhar a anarquia, eu não sei o que é .

Resta agora saber como o utilitarismo de Bentham vai entrar nessa história. Aguardo pelas próximas temporadas ansiosíssima.

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