sexta-feira, 24 de abril de 2009

De mal a pior

Como uma série que começou tão boa pode degringolar a ponto de virar um lixo? Uma não, duas. Foi o que aconteceu com Heroes e é o que está acontecendo com Lost. Impressionante.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ready for the floor

Assim que eu entregar minha dissertação (daqui a uma semana) vou sair pra uma balada e dançar até as 5h da manhã. Hoje eu estava correndo na esteira ouvindo Caos A.D. do Sepultura e de me deu uma vontade de dançar! Sem bebida, sem drogas, só eu, meus amigos e a pista. E muita água mineral. Just dance.

Com a ajuda de Nossa Senhora Destrancadora de Teses eu chegarei lá!

domingo, 19 de abril de 2009

Prendada, mas sem perder o glamour

De vez em quando eu tenho fantasias de que sou uma dona de casa dos anos 50, muito prendada, de salto alto, batom, cabelo no lugar e unhas feitas. Uma cozinheira de mão cheia com uma casa que é um brinco e secretamente alcoólatra. É que a minha fantasia de dona de casa dos anos 50 na verdade é uma fantasia de dona de casa a la Bree Van Der Kamp, a mais "housewife" das Desperate Housewives. Um coisa assim chique, que fica de pileque sem que os outros notem, mulher que sofre dos nervos e desmaia, fina. Nada a ver com ser Amélia, porque nos meus sonhos eu sou essa dona de casa perfeita que nas horas vagas escreve livros. Uma dona de casa intelectual.

Como eu disse, é uma fantasia. Raramente consigo que minha casa fique um brinco e quando isso acontece nunca dura mais do que uma semana, porque eu teria que viver pra cuidar da casa pra que ela estivesse sempre brilhando. E só mesmo em seriado que é possível ser dona de casa exemplar com o cabelo brilhando, de salto alto e aventalzinho. Não há manicure que resista a uma boa pia cheia de louça. Sem falar que eu não sou exatamente uma mulher fina com pileques secretos e desmaios.

Mas eis que esta semana eu consegui chegar um pouquinho perto disso. Pra começar eu descobri a função daquelas luvas amarelas de borracha. Aquilo é um milagre! Quatro dias depois de ir na manicure e nada do meu esmalte descascar. Aí ontem eu aprendi a fazer (leia-se "peguei a receita na internet") um bolo de chocolate vegan e arrasei. Fala sério, tem coisa mais dona de casa prendada do que mulher que faz bolo de chocolate sábado a tarde? Tem. Mulher que faz isso e diz pros amigos "vamos lá em casa comer um pedaço de bolo que eu fiz hoje". Com a unha feita!

Agora só me falta aprender a beber com discrição, controlar os nervos, o avental, o saltinho e arrumar a casa, que por sinal está uma bagunça.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A volta do colete e da calça semi-baggy

Um remake nunca vem impunemente.

Você deve se lembrar dos anos 90. Tinha Nirvana, meninos de cabelo comprido, umas coleiras de veludo toscas que as mocinhas usavam, sainhas escocesas com meia 3/4, Barrados no Baile, Supernintendo, primórdios da Internet e a Copa em que o Brasil foi tetra. Ainda não havia emos, reality shows, RBD ou a banda Calypso. Nem Orkut, fotolog ou celular com camera, o que quer dizer que a fofoca era baseada em boatos, ninguem tinha vídeo pra provar e as situações constrangedoras não ficavam eternamente dispostas no You Tube pra te assombrar anos depois.

Tinha suas vantagens, mas antes que o saudosismo fale mais alto e cegue, cabe lembrar que nesta decada surgiu a Malhação, o Latino ficou famoso, as rádios tocavam Double U e o axé bombava. Atire a primeira pedra quem tem mais de 25 anos e que nunca aprendeu uma coreografia sequer, fosse do tchaco, da dança da tartaruga, do tchan ou do Carrapicho, aquele grupo de músicas de boi de Parintins. E quando o Brasil ganhou a medalha de ouro no vôlei nas olimpíadas de Barcelona comecou uma mania insuportável de fazer rodinhas desse jogo nos pátios e quadras dos colégios. Eu só tinha 12 anos, mas já antipatizava com quase tudo isso.

Pois bem, os anos 90 se foram e aparentemente deixaram saudade. Não pra mim, porque eu era uma adolescente e ser adolescente é um inferno. Mas acho que a geração que cresceu nos anos 80 cansou de fazer revival dessa decada trash e agora que tomou o poder. Os adolescentes dos anos 90 são os trintões de hoje e como resultado vemos um revival ainda pior que das festinhas que tocavam música da Xuxa. Em primeiro lugar, há o remake (pessimo) de Barrados no Baile. E com ele a volta de coisas tenebrosas. Primeiro foi a cintura alta. Já repararam que há pelo menos umas três estações estao tentando ressuscitar a calca centro-peito? Pois é, a má notícia é que não vai parar por aí.

Parece que também estão tentando exumar a calca semi-baggy de barra enrolada (ui!), o jeans com paletó para mulheres e o coletinho (aberto) por cima da camiseta. Lembra do figurino da Brenda do 90210 original? É aquilo ali com lasers. E eu que passei anos pra superar o trauma das minhas calcas semi-baggy de cintura alta enquanto todas as minhas amiguinhas da sétima serie já haviam aderido ao jeans justo de cintura baixa (que eu só fui usar aos 17), tenho que dormir com esse barulho. Há quinze anos eu estaria na vanguarda antecipando as tendências do ano 2009? Quem dera! Eu era apenas uma desajeitada com o modelo errado.

Minha vontade é sair gritando: Parem! Parem! Isso não é cool! . Como eu duvido que alguém vá escutar meus apelos, só me resta esperar que os que têm 20 anos hoje tomem logo o poder e instaurem um regime baseado em linhas retas, cores sóbreas e pouco frufru, tal como a gente via nas passarelas no final dos anos 90 e início dessa década doida e sem identidade que são os anos 2000.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Vida (quase) vegetariana

Não como carne há três meses. Vários motivos me levaram a essa decisão, mas a verdade é que eu namorava a idéia há anos e nunca tinha tido coragem de colocá-la em prática. É um pouco difícil pra mim esse tipo de coisa, porque vivo sendo acometida por idéias que me deixam um pouco obcecada durante algumas semanas e desaparecem sem deixar vestígios. Dentre a minha coleção de idéias fixas figuram a decisão de ir morar na Inglaterra trabalhando como garçonete, aprender árabe pra me tornar correspondente de guerra, fazer vestibulinho pra Publicidade e me converter ao islamismo.

Provavelmente esta é a razão de eu nunca ter levado essa proposta a sério. Isso e a implicância que eu tinha com os vegetarianos, que me pareciam chatos e arrogantes. Mas eu resolvi deixar isso de lado - porque a gente sempre fica se contendo na vida por causa dos outros - e coloquei em prática. E devo dizer: estou adorando.

Parar de comer carne é como parar de fumar. Eu não sinto maravilhas se operando no meu organismo por ter cortado um hábito, mas fico contente por saber que não me faz falta. Estou experimentando novas receitas e incluindo coisas mais saudáveis na minha alimentação e isso já me deixa satisfeita com essa vida quase vegetariana. Sim, porque vegetariano não come carne de nenhum animal e eu como peixe e frutos do mar, que não pretendo abandonar. Meu amigo Lincoln me diz que é ṕorque se deixar de comer peixe eu perco minha identidade paraense. Mas é mais que isso.

Peixes e frutos do mar não passam pelo processo nojento de produção e abate que carne bovina, suína e de aves passa. Eu não acho errado matar pra comer. Mas não quero comer essa carne cheia de antibióticos e hormônios vendida nos supermercados, isso sem contar as péssimas condições de higiene dos abatedouros. Sim, existem os agrotóxicos, os pesticidas e os transgênicos. Não, não há alimento sem risco. Então, eu prefiro comer o que eu acho que no fim das contas me traz mais benefícios. Basta comparar o aspecto de uma quitanda colorida e cheirosa com o ambiente feio e fétido de um açougue. Já que eu sou paraense, o meu buffet é uma feira de frutas multicolorida, mas com um cheiro (não tão bom) de peixe fresco: o mercado do Ver-o-Peso.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Vício antigo

Depois de meses lendo apenas "coisas sérias" para a minha pesquisa tive um surto leitor e li três livros em menos de duas semanas. Já narrei minhas impressões sobre os dois primeiros abaixo. O último foi Estação Carandiru (que merecia um texto enorme de tão bom que é, mas agora estou com preguiça). Hoje me surpreendi novamente olhando a vitrine do sebo que comprei meus livrinhos. Não sei se isso acontece a você leitor, mas eu tenho um monte de livros bons em casa esperando serem lidos e eu não tenho vontade de ler nenhum deles. Então esse sebo tem saciado minha fome redescoberta. O problema é que agora eu tenho uma dissertação pra terminar. Logo agora que eu lembrei o quão bom é devorar um livro atrás do outro...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Betty, a feia

Quando eu cheguei a São Paulo eu usava óculos e tinha um corte de cabelo bisonho, no qual uma franjinha pretensamente indie tinha que ser esticada diariamente com o secador ou presa por faixas de balé ou tic-tacs. Resumindo, eu não fico bem de indie, não tenho o biotipo nem comportamento pra tanto. Morena demais, curvas demais, falante demais e blasé de menos. Não ia dar certo. Seis meses depois eu tomei um pé na bunda, perdi 4 kg, deixei o cabelo crescer e comecei a usar lente de contato. Encontro um amigo no barzinho de perto da PUC e ele me diz, super afetado:

- Marie, o Fulano era um encosto na sua vida! Agora tá magra, esse cabelão... Deixou de ser Betty, a feia!

Eu tinha 24 anos e provavelmente esta foi a época que eu fui mais bonita. Tinha uma vida social intensa, emprego e casos dramáticos. Mas estava tão infeliz que os remedinhos de doido receitados pelo psiquiatra não deram conta e eu tive uma crise depressiva bem séria que me renderam três dias no hospital. Mas isso é outra história que só entra aqui pra dizer o quão frustrante é embarangar justamente no momento em que você começa a se sentir mais feliz e realizado e péra, enfim, de planejar seu suicídio.

Cinco anos depois eu me encontro novamente no papel de Betty, a Feia. Ou como a personagem Gaby Solis, do Desperate Housewives, que era linda e, de repente, quando a série dá um salto no tempo de cinco anos, ela aparece completamente baranga e se perguntando o que aconteceu com a sua aparência. A personagem em questão, interpretada pela bela Eva Longoria, pelo menos teve duas filhas nesse período. Eu, nem isso.

Não sei se foi o mestrado, o namoro seguido de casamento ou se simplesmente o diabo resolveu vir cobrar todos os Big Macs, cervejas, coca-colas e cigarros que constituíram a base da minha alimentação por anos. O fato é que ser feia não é fácil. Eu achava que não ligava pra isso, porque afinal de contas, eu sou inteligente e blablablá. Mas é mentira. Então eu fico aqui deprimida com as roupas que não me servem mais, com o cabelo feio, com as olheiras e as unhas roídas que não vêem manicure há meses pensando se dá pra reverter esse processo tão cruel. Será?

A lista de ano novo

Geralmente as pessoas fazem listas de inteções cada ano. Eu costumava fazer a cadaaniversário. Ultimamente, nem isso. Mas agora que eu estou nessa não-vida de fim de mestrado toda hora me vem algum plano para quando esta fase passar. Quero emagrecer. Voltar a sair à noite e ir ao cinema. Voltar a estudar francês. Arrumar a biblioteca da minha casa. Deixar o cabelo crescer. Ler mais livros de literatura (nas últimas duas semanas li três, já é alguma coisa). Aprender as novas regras da Língua Portuguesa. Tentar trabalhar com frilas de jornalismo. Viajar com meu marido. Ir visitar amigos que moram em outros estados. Terminar de escrever o livro que enrolo a quase três anos. E, principalmente, encontrar uma maneira de ganhar $$$ sem ser obrigada a ter um emprego.
Depois eu entro no doutorado e começa tudo de novo.
Há algumas semanas eu ativei a moderação de comentários e simplesmente esqueci. Hoje recebi um aviso que havia 12 comentários. E eu aqui achando que ninguém mais me curtia, hehehehehe. Tosca.

sábado, 4 de abril de 2009

Girls gone wild?

Esse post provavelmente vem com alguns anos de atraso. Culpa minha, que só li os livros agora e ignoro o que esteja se passando na cena literária que se mede em termos de Ilustrada ou Caderno 2. Paciência. Isso é um blog de uma jornalista não-praticante, não dá pra exigir atualidade.

Nos últimos dias, com a minha dissertação por terminar,tive um surto leitor e li dois livros que despertaram a minha curiosidade na ocasião de seus lançamentos e que, por acaso, estavam à venda no sebo perto da minha casa: "Hell - Paris 75016" e "100 escovadas antes de ir para a cama". Os dois livros foram lançados em 2003 e fizeram relativo barulho (hype?) na imprensa porque ambos eram obras de escritoras jovens e bonitas que narravam em primeira pessoa experiências aparentemente autobiográficas envolvendo sexo y otras cositas más.

O primeiro livro é uma espécie memórias de uma patricinha parisiense muito rica que fala sobre sua rotina de fazer compras, freqüentar restaurantes caros, boates vips, cheirar muita cocaína (muita mesmo) e ocasionalmente participar de orgias. O segundo é o diário de uma adolescente italiana que após uma desilusão amorosa se joga numa série de experiências sexuais que envolvem sexo grupal, voyerismo, relações homossexuais e sadomasoquismo.

O sexo não é o cerne de nenhum dos dois livros, que tocam em questões muito sensíveis e que foram solenemente ignoradas. Lembrei do Máquina de Pinball, da Clarah Averbuck. O sexo está lá, para o bem e para o mal. para o bem, porque faz parte da vida e para o mal porque é só colocar numa resenha que um livro escrito por uma mulher - ainda mais se for jovem e bonita - e a coisa degringola, ninguém presta atenção em mais nada e aí os debates se concentram em como as pessoas tão jovens podem foder tanto e tudo mais é esquecido.

O que me chamou a atenção nesses livros foi a constatação de que as mulheres desta geração, de vários países, as filhas e netas da revolução sexual foram educadas para lidar com o sexo sem casamento, com o prazer, com dar prazer ao outro, com a experimentação, mas em contrapartida, não houve uma contra-educação no sentido de desmitificar o sexo, na desconstrução da fantasia de princesa, de encontrar um amor que será o amor que trará a remissão de tudo. Nós aprendemos a fazer sexo, aprendemos muito bem. Mas não aprendemos a abandonar a idéia de que relacionamento bem-sucedido é aquele que termina em casamento; não deixamos de acreditar que sexo com amor é melhor e ainda temos a ilusão de que podemos fazer tudo isso que fazem estas heroínas, porque uma hora o amor vai chegar e limpar todos os pecados e então nada mais terá importância.

"Hell" fala da dor de amar alguém e do desespero que é se descontrolar e estragar tudo e tem algumas reflexões sobre relacionamentos que assustam. A uma certa altura a protagonista-narradora está sentada em um restaurante com o homem que ama, com quem teve seis meses de felicidade compartilhada. A conversa dos dois parece ser um simulacro do que um dia foi perfeito. Em outra passagem, lamenta "a gente nem transa mais". E aí vemos que alguns hábitos não desaparecem porque o amor chegou e que é mais fácil perder as pessoas que amamos que domar os demônios que habitam dentro. De modo semelhante, a menina de "100 escovadas" mantém uma gaveta com lingerie nova, separada da usada nas suas diversas experiências, guardando as peças de renda branca como uma noiva que prepara seu enxoval à espera de um dia se entregar ao homem que ama. Mas nessa procura por amor há uma perda progressiva do amor-próprio na esperança que um dia, alguém reconheça seu sacrífio, que se afeiçoe a ela e a aceite do jeito que ela é.

Um livro tem final feliz; no outro, mais perturbador, a história não acaba e as coisas não mudam, deixando uma mensagem que, mais difícil que livra-se de alguns hábitos, é livrar-se quem somos. Nos dois vemos o quanto isso é confuso, o quanto é difícil e o sentido que tem, muitas vezes ir para cama com semi-desconhecidos porque o vazio é tão grande que se não houvesse um corpo naquela noite, por mais bruto e seco, se não houvesse aquele corpo talvez o dia não amanhecesse, talvez o desespero tomasse conta e a vida chegaria ao fim. E é essa sensação de um asco, uma auto-piedade que ora é cínica, ora resignada, que as autoras conseguem passar tão bem.

É claro que muitas vezes há chavões, trechos confusos, passagens que o olhar mais maduro e distanciado faz pensar: eu teria feito isso tão melhor! Mas é aí que vem a pergunta de um milhão de reais: será que eu estou falando do texto ou da vida?