quinta-feira, 21 de agosto de 2008

My back pages


Foi em 2004. Eu tinha 24 anos e estava no auge da minha beleza física e pela primeira vez desde os 14 anos fui uma mulher solteira durante um período razoável. Foi também a segunda vez que tive o coração realmente partido. Foi a segunda vez que tive depressão séria (nem queiram saber como é) e o que mais me lembro foi ter sido tragada por uma sucessão de acontecimentos malucos tentando dar conta da insanidade temporária pela qual fui absorvida, tais como tomar cafá da manhã numa padaria da Paulista às 4h tarde vestida de Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo. Não sei se é a vida, seu sou eu ou se são os anos terminados em quatro. O fato é que 1994 foi um ano ruim e 2004 também.


Nunca fui uma boa solteira. Existem mulheres que não precisam de um homem para chamar de seu ou para se divertir, que estão satisfeitas com a própria vida e que são muito felizes assim. Não é lenda, eu conheço algumas, mas obviamente não sou uma delas. Eu era uma solteira lastimável, dessas que fala mal dos homens o tempo todo e jura de pés juntos que eles só servem para diversão e que no fundo está doida pra arranjar um namorado. E como solteira não é sinônimo de sozinha passei um bom tempo comendo quem aparecesse pela minha frente.


Foi bom, mas não recomendo. A relação mais saudável que eu tive nesse período foi com um homem 15 anos mais velho que desenhava por profissão e se metia em brigas de bar nas horas vagas. So fucking hot. Saímos durante mais ou menos quatro meses, sem muita continuidade porque de vez em quando eu sumia ou ele sumia ou os meus amigos não me deixavam encontrar com ele porque achavam que ele poderia ter um acesso de fúria e me bater. Isso nunca aconteceu, porque ele descontava sua raiva de um jeito muito mais agradável.


Nessa época eu gostava dos homens maus. Eu queria casar com o Wolverine ou com o Sean Penn. Nada a ver gostar de cafajestes, porque o Homem Mau não ilude ninguém. Ele desde sempre deixa claro que é um solitário e se você cria expectativas não é por falta de aviso. Todas as pessoas sensatas sabem que você se diverte com o Sawyer, mas que o Jack é que é homem pra casar. Eu pensava nisso todas as vezes em que estava a caminho da casa dele. Tinha uma igreja lá perto com uma placa em letras vermelhas:


"Todas as quartas aqui reunião do grupo dos Viciados em Sexo e Amor Anônimos"


Nunca deixei de pensar que aquela placa falava comigo, mas até hoje não sei se eu atendia o chamado por causa do sexo, do amor ou das duas coisas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pode crer. A minha sorte é que eu sou tímida e to passando por uma solteirice extremamente bêbada, mas sem os devidos colhões pra dar em cima do meu terapeuta ou do professor de educação física do meu trabalho, por exemplo. Homens maus.

As pessoas que não gostam de Freud não sacaram a idéia dele. Não é que as mulheres queiram ter um pau, o pau é simbólico no Freud de: intelecto. As mulheres têm moscas no lugar do cérebro e precisam de um homem pra pensar por elas, pra fazer a parte "racional" da coisa.
Afirmo isso pq desde que mergulhei nos estudos (e desenvolvi uma pontinhazinha de intelecto, creio, mas só um pouco) não piro mais tanto em homens SOMENTE pensativos. Raciocina comigo, um professor de educação física sarado, de sorriso bobo e lindo, que dá aula pra crianças e parece adorá-las... Ah, vão ler filosofia lá no puteiro cult que vocês frequentam, intelectuais chorões e hipócritas!

É porque tu tas casada, mas admite: homem mau é homem mau. Depois a gente recolhe os nossos caquinhos.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

seria entao a tal de adrenalina, serotonina agindo no teu "couro", ou sei lá o q..? rsrs. No entanto, quem nao tem fetiches? :p