domingo, 30 de novembro de 2008

Pares perfeitos

Uma vez eu estava no trem e na minha frente tinha um casal adolescente. A menina era linda e o menino até que não era feio, mas tinha luzes e gel no cabelo e não parava de descrever suas jogadas no futebol. Triste. Eu estava com pena da menina, tão bonitinha com um tosco daqueles. Aí ela abriu a boca e eu vi que ela era igualzinha: começou a descrever detalhadamente os tombos que tinha levado no balé. Desci do trem com aquela velha expressão de "este mundo está perdido". Afinal, pessoas assim se juntam e se reproduzem e vão povoar o mundo com mais idiotinhas.

Aí ontem eu vi na tevê que a cantora-idiotinha Mallu Magalhães está namorando o candidato-a-Chico-Buarque, Marcelo Camelo. Na matéria a repórter questionava a diferença de idade, mas a única coisa que eu tenho a dizer sobre isso é que um homem de 30 que se presta a namorar uma menina de 16 anos despenca profundamente no meu conceito. Ainda mais quando a menina em questão é o hype do momento. Não é nem porque ela é feiosinha e parece um moleque, porque ele também é bem barango. Mas porque ela é uma idiota, não sabe se expressar, 16 no RG e 10 de idade mental.

Agora eles vão se juntar e povoar o mundo com feiosinhos que fazem péssima música.

Humanitários de ocasião

Eu estava me contendo, mas já deu. Quem é que suporta essa comoção por causa do drama de Santa Catarina? Não bastasse a televisão explorando a desgraça dessas pessoas, a gente tem que conviver com o pretenso espírito solidário do brasileiro. No jogo de futebol pediram aos torcedores que levassem doações; há pouco passou uma matéria das mobilização em Pernambuco (!) para arrecadar ajuda. E tome e-mail na minha caixa de entrada dizendo "vamos ajudar Santa Catarina!".
Eu fico puta com essas coisas. De verdade. Primeiro porque isso aí é um problema do poder público que é ineficaz para dar assistência, sem falar em condições dignas de moradia, trabalho, etc. Mas vamos deixar o anarquismo de lado, eu disse isso só pra ressaltar que o Estado não serve pra nada. Mas o que me deixa louca da vida mesmo é que as mesmas pessoas que estão super sensibilizadas com a tragédia no Sul do país são as mesmas que passam por criancinhas mendigando e se prostituindo na esquina da sua casa e não ficam nem um pouquinho comovidas. Ah, vão tomar no cu com seus espíritos humanitários. Tá com peninha dos pobres da televisão, é? Oh, que nobre da sua parte!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Enfim, só!

Há alguns anos eu ouvia falar em casais que vivem em lares separados e achava o maior absurdo. Hoje eu entendo e admiro. Gosto muito de ficar sozinha, de ter a casa só pra mim. Dá uma sensação de paz que eu não sei nem explicar. Não sou antisocial. Amo meu marido, amo meus pais, amo meus irmãos. Mas nada me convence que é melhor morar com essas pessoas que seria se eu morasse só. Pronto, falei.

Não é que a vida de casado seja ruim, aliás é ótima em muitos aspectos na maior parte do tempo. Mas por mais legal que seja ser casado, namorar é melhor. E por mais legais que sejam os roomates, morar sozinho é melhor também. Pelo menos pra mim.

Hoje cheguei em casa e tanto meu marido quanto meu gato haviam saído. Que maravilha, que paz! Que prazer espalhar livros sobre a cama e deixar o computador ligado ao lado. Não ter ninguém pra alimentar, prestar contas da minha bagunça ou ter que responder pela enésima vez que eu não sei aonde está o carnê do IPTU.

Daí eu telefono e ele me diz que está no ensaio com a banda e então eu me lembro que acho muito tocar guitarra muito sexy. E eu o espero, como quem espera um namorado guitarrista e não um marido chato. Mas para isso ser possível é necessária a solidão. Será que é difícil de entender isso? Que uma pessoa pode realmente amar outra e ainda assim apreciar ficar só?

Bom, deixa eu aproveitar a casa vazia antes que ele chegue.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Amor e liberdade

Semana passada meu gato ficou sumido por quase três dias. Eu já tinha percorrido a vizinhança fazendo perguntas e colando cartazes e estava me esvaindo em lágrimas e perdendo as esperanças quando ele voltou pelo mesmo telhado por onde tinha ido. Tava imundo, mas eu o peguei no colo como um nenezinho e o abracei aos prantos, como se tivesse encontrado um filho perdido.

Todo mundo já havia me avisado sobre isso. Os gatos somem de vez em quando, algumas vezes por dias a fio. Algumas vezes eles nem voltam. Nesses três dias eu sofri a cada minuto que imaginava o que poderia ter acontecido com ele. Fui encontrar uma senhora que tinha encontrado uma gatinha que era parecida com a foto que tinha no cartaz dele. Que tristeza voltar pra casa depois de um alarme falso! Mas agora ele voltou e estamos felizes juntos.

Pessoas ignorantes dizem que o gato se apega à casa e não às pessoas. Obviamente são pessoas que nunca tiveram a felicidade de dividir seus dias com um felino. Tenho certeza que ele não voltou para "a casa". Ele voltou pra família, pra mim e pro meu marido que o amamos tanto. Voltou mais carinhoso e ronronzento que nunca. E isso apaga todo sofrimento que eu tive quando ele esteve fora.

Eu amo meu gato porque ele é livre. Ele é senhor de si, passeia pelos telhados, pula muros, atravessa grades, rola no chão. É lindo. Sim, eu tenho pavor de que ele seja atropelado ou que um cachorro ou pessoa má pegue ele. Ou que simplesmente ele se perca e não volte mais pra casa. Sim, eu já pensei em trancá-lo em casa, quase considerei a castração (cruzes!). Mas eu não seria digna do amor e da amizade do meu bichano se fizesse isso. Ele me mostra que o sou quando volta pra casa.

Sim, eu sei, ele vai sumir outras vezes. E eu o esperarei aflita outras vezes. Porém, sempre terei a alegria de saber que ele quer voltar pra casa e pro meu colo. Porque os gatos já nasceram livres e não sou eu quem vai tentar mudar isso. Nem quero.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Black is beautiful. Mas nem tanto.

No dia Consciência Negra o programa que se atribui a missão de escolher a próxima top model brasileira deu o primeiro lugar para a finalista branquinha de olho verde. Ela disputava com a morena de cabelo alisado. A finalista negra ficou em terceiro. Claro, onde já se viu uma supermodelo brasileira negra?

domingo, 16 de novembro de 2008

Coisa de mulher

Semana passada fui tomar cerveja com duas amigas. Tricô rolando solto, cerveja gelada descendo. Papo de mestrado, papo de namorado, papo de academia. Deu fome. Vamos pedir uma porçãozinha? Vamos, mas ao invés de batata frita vamos de isca de peixe. Sabe como é, eu estou de dieta. É, eu também.
Daí a gente comeu a porção e tomou cerveja até as 3h da manhã.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Estereótipos divertidos

Um dos programas mais engraçados dabtevê atual é um reality show singelamente intitulado de "As gostosas e os geeks". O programa reúne em uma casa um certo número de gostosas que trabalham em profissões de gostosas (modelo de biquíni, modelo de comercial de cerveja e por aí vai) e rapazes sem nenhum traquejo social que trabalham em profissões igualmente previsíveis (cientistas, programadores, etc). As mulheres se comportam como as patricinhas saídas do filme "As Branquelas" e os homens são versões pioradas de "A vingança dos nerds". A competição consistem em formar duplas que trocam habilidades. As gostosas ensinam a paquerar, fazer massagem, dançar e outras coisas que as pessoas normais fazem. Os geeks ensinam sobre política, informática, história.

O engraçado do programa é que as mulheres são incrivelmente burras e sorridentes e os caras são tímidos, misóginos e arrogantes. Não há gostosa que não seja idiota ou geek que não seja barango. É claro que na vida real nem é assim, mas na tevê funciona. Resta saber quando vão fazer o programa contrário. Poderia se chamar "Os gatos e as certinhas".

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Obama e a festa da democracia

Os próprios teóricos defensores da democracia são cínicos o suficiente para afirmar que democracia nada mais é que uma forma de governo, de manter alternância periódica das lideranças. Eles são muito claros quando afirmam que as pessoas se decepcionam com a democracia porque esperam transformações - sobretudo quando ela surge em períodos pós-autoritarismo. Pessoas saudosistas do autoritarismo, dizendo que no tempo dos militares é que era bom, tudo está previsto na teoria.

Por essas e outras é que me fiz anarquista. Desculpe, mas eu tenho uma grande dificuldade em acreditar em histórias da carochinha do tipo "Estado de Natureza" e "homem lobo do homem". Não acredito que as pessoas tenham a priori uma essência boa ou ruim. Há gente muito bacana e gente muito filha da puta no mundo e acredito que a maioria de nós oscila entre as duas coisas. Mas não me diga que a única coisa que impede que eu lhe mate é a possibilidade de ir pra cadeia, que se não houvesse a poliça estaríamos numa "guerra de todos contra todos". Isso me ofende.

Mas não era disso que eu queria falar. Eu queria falar do Obama. Achei o máximo o discurso da vitória estilo Dr. King e as matérias da televisão mostrando imagens da comemoração ao som de "Beautiful Day", do U2 ou "Changes", do Bowie. E a reação das pessoas pelo mundo, chorando, cheias de esperança. Sério, nessas horas eu sinto até inveja dessa crença no processo democrático e quase me ressinto por ser uma descrente. O que me consola é que daqui a pouco passa, porque ao contrário do que dá entender a televisão, o mundo não vai mudar. Infelizmente.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O cão subiu no telhado

Contando ninguém acredita. Eu estava arrumando meu quarto, abri a janela e mandei um beijo pro meu gatinho, Zaratustra, que passeava alegremente pelo telhado. Dois minutos depois eu ouvi um estrondo e corri pra ver o que o gato estava aprontado. Pois pra minha surpresa eu me deparei com um pit bull (!!!) que havia pulado no telhado seguindo meu gato. Eu fiquei parada sem saber o que fazer, rezando pelo bem-estar do meu bichano enquanto o cão ia e voltava pelo meu telhado e o dos vizinhos, até que cansou e desceu por onde tinha vindo. Pode uma coisa dessas?

P.S. Meu gatito passa bem, obrigada.