quinta-feira, 28 de maio de 2009

O câncer e a vida

A primeira pessoa que eu conheci que tinha câncer foi uma senhora que ficou hospedada em minha casa há quase três anos, Helena. Ela era amiga de uma tia que faleceu no ano passado depois de anos lutando contra a doença (primeiro na mama, depois nos ossos). O caso de Helena foi semelhante, só que a metástase foi no cérebro: três novos tumores dois anos depois da mastectomia radical. Na época eu não percebi a força que ela tinha. Pensei que ela estivesse resignada, não era algo que me afetasse. Mas, claro, minha percepção do câncer e da pessoa com câncer mudou radicalmente depois que eu convivi com ele de perto.

Poucos meses depois da passagem de Helena por minha casa meu pai foi diagnosticado com carcinoma na prega vocal esquerda. Passou por radioterapia e depois por uma cirurgia radical, a retirada das pregas vocais e de toda a laringe. Foi uma cirurgia grande e a recuperação foi difícil, pois com a retirada das pregas vocais meu pai teve de reaprender a falar. A primeira vez que ouvi a voz dele no telefone depois da cirurgia chorei de emoção. Ele mesmo ao cantar "Atirei o pau no gato" como exercício de fono se emocionou como um menino. Era bonito de ver. Infelizmente a doença voltou menos de um ano depois, mas eu tive a alegria de ver que meu pai foi mais feliz nesses poucos meses do que vinha sendo em anos.

Acho que não existe sofrimento físico maior que o câncer. É uma doença que traz em si o estigma da morte, apesar de sabermos que podemos morrer a qualquer instante. Além de passar pela quimioterapia, radio e cirurgias radicais, sempre há o fantasma da metástase. A depressão, o medo, o desespero. A família sofre junto. E além disso tudo o doente ainda precisa conviver com a carga moral que vem junto com a doença porque o câncer é tratado como algo que a própria pessoa causa para si, ou por maus hábitos ou por negligência.

Mas, já dizia Deleuze que o que morre é o organismo, não a vida. Foi isso que me fez perceber o quão especial é aquela mulher que conheci e que hoje está bem. Os tumores sumiram, os efeitos da quimio passaram. E ela continua com o mesmo sorriso no rosto. Hoje eu a encontrei e ela me pediu pra dizer ao meu pai que a doença passa e que depois vem a vida. Apesar de todo abatimento decorrente da quimio e de algumas vezes chorar como uma criança, meu pai tem muita vontade de viver. E isso me ensina muitas coisas e me enche de vida, esperanças e alegria e me faz valorizar cada momento com ele. Nós tivemos um relacionamento difícil a maior parte da vida. A doença dele me fez acordar. O que morre é o organismo e não a vida. Há muita vida ainda a se viver. Nòs estamos vivendo. O câncer nunca poderá ser maior que isso.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Café pra que te quero

omo café todos os dias. Uma caneca grande logo pela manhã e algumas vezes outra no lanche da tarde (não costumo jantar). Vivem saindo "estudos científicos" para dizer se o café é mocinho ou vilão. Minha tese é que o resultado varia de acordo com o apreço do pesquisador por esta bebida maravilhosa. Um dizem que prejudica o estômago e enche a pele de celulite. Outros que melhora o raciocício e que tem até a capacidade de recuperar neurônios nas mulheres (não me perguntem por que nas mulheres, eu sei que só funciona pra gente). Pra mim isso encerra a questão: entre um bumbum lisinho e neurônios mais poderosos, pode crer que eu fico com a segunda opção.

Mas eu não levo muito a sério essas pesquisas sobre alimentos, só as que me interessam. Deixei de comer carne porque a incidência de câncer é maior entre pessoas que consomem carne regularmente (na verdade eu tenho outros motivos que não vêm ao caso). Mas eu li isso num site vegetariano, então não vamos levar isso tão a sério porque o George Harrison e a Linda McCartney eram vegetarianos militantes e vocês viram no que deu. Talvez os cientistas que se preocupam tanto com os efeitos negativos dos alimentos devessem estudar não só a alimentação, mas a vida dos monges tibetanos e comparar com o modelo de vida ocidental-cidade-grande-neurótico-fast-food. As freiras portuguesas inventaram aqueles doces cheios de gema de ovo e açúcar que seriam condenados por qualquer cardiologista, mas não se tem muita notícia de freira infartando por aí.

A gente precisa desconfiar de tudo. Inclusive - e principalmente - das nossas certezas.

domingo, 24 de maio de 2009

Prazeres secretos de Amélie

Lembram de uma parte de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain em que o narrador apresenta alguns prazeres secretos da heroína? É uma das minhas partes preferidas e volta e meia eu me pego pensando nos meus próprios prazeres secretos, essas tarefas cotidianas que nos enchem de alegria.

Uma coisa que eu adoro é fazer as unhas. Faço em casa de vez em quando, mas nada que se compare a fazê-las na manicure. Adoro. Algumas vezes eu passo meses sem ir na manicure e rôo muito os dedos. Mas quando volto a ir é uma sensação indescritível. Não sei se é porque eu sou meio desleixada e desorganizada e estar com a unha feita me dá uma sensação de ser uma mulher mais normal. Minha peruíce exterior pode dar a impressão que eu sou superfresca, mas a verdade é que as minhas oscilções constantes de humor dificultam ter uma rotina regrada pra qualquer coisa. Há épocas em que uso todos os cremes direitinho, vou na academia quase todos os dias na semana, essas coisas. Mas há outras em que eu mal tenho disposição pra tomar banho e escovar os dentes. E eu vou te contar, essa oscilação toda cansa!

Estar com a unha feita ajuda a me sentir menos tosca, me dá a sensação de que a vida está entrando nos eixos, que sou capaz de me organizar, de tocar meus projetos e de domar essa intensidade toda que me faz roer as unhas até sangrar e que algumas vezes me deixa largada no sofá, apática, por semanas. Com a unha feita eu sinto que posso estudar pro doutorado, escrever meu livro, manter a casa em ordem, cozinhar todos os dias, ter uma vida social, dar uma força pra minha família e ser magra. É uma coisinha de nada, mas funciona. Vai entender.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O princípio da publicidade

Dizem que as pessoas escrevem pra ser lidas. Mentira. Isso é consequência. Pode até ser verdade para certo tipo de escritor, desses que escrevem best sellers pra ficar ricos. Mas pra quem tem as letras no sangue, pra quem escreve mentalmente, pra quem precisa disso pra continuar vivo e manter o mínimo de sanindade, o que menos importa é o leitor. Como diria uma amiga jornalista, leitor só serve pra encher o saco. Escrevo porque tenho necessidade, como naquele filme sobre o Marquês de Sade no qual ele leva isso até as últimas consequências.

Mas seria mentira dizer que não me importo. Eu gosto de ser lida. Mas não é isso que penso na hora que estou digitando ou rabiscando algo. Parece-me impossível escrever qualquer coisa que preste se o foco estiver na resposta de quem vai ler (a não ser em texto metalinguísticos como esse). Mas quando se escreve num blog também parece impossível não ter alguma censura prévia na hora de escrever. Isso sim é um saco e nessa hora leitor só atrapalha.

No meu blog antigo eu acho que atingi o limite da exposição. Era outro momento, era outra coisa e eu era outra pessoa. Hoje eu escreveria textos amargurados dando nomes aos bois que dão origem a barracos e 40 comentários num único post. Nem contaria tanta coisa de maneira tão crua. Decidi acabar com o blog antigo e começar um novo ao qual só teria acesso quem eu decidisse. Doce ilusão.

Eu queria um espaço pra escrever livremente de novo, sem me preocupar se estava ofendendo alguém ou se estava falando demais num espaço que minha família visitava diariamente. Quando eu vi meus sogros já liam meu blog, minha prima vinha comentar texto que tinha lido e toda a minha pretensa privacidade se foi. Um amigo me disse que é impossível manter algo secreto na internet. Tá certo, o que eu quero é uma contradição. Mas como lidar com isso sem que a resposta seja a censura prévia?

Hoje eu vi meu blog citado em outro, com elogios. Não é a primeira vez que isso acontece. E sabem, eu adoro! O problema é conciliar a minha reação quanto a conhecidos e desconhecidos que descobrem este espaço. Não é fácil. Ou então chutar o balde mais uma vez e escrever o que me der na telha. Problema de quem não gostar do que leu. Mas não é simples assim. Eu publiquei, por exemplo, um poema sobre a doença do meu pai. Tudo bem se desconhecidos e meus amigos souberem como eu me sinto a esse respeito. Mas eu não sei se gostaria que ele lesse. E tem os comentários. Tive que moderar, porque as vezes alguém escreve algo que é particular pensando que só nós estamos lendo. Complicado.

É preciso, então, estar atento ao fato de quem tem mais gente lendo que comentando. E que ou eu aceito isso ou parto pro blog secreto. No mundo ideal eu só seria lida por quem eu escolhesse. As palavras são minhas e eu sou mesmo possessiva em relação a elas.

Casar é...

... de vez em quando ter vontade de esganar a pessoa que você mais ama.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Um recado

Hoje eu fui publicar os comentários e apaguei sem querer um que particularmente tocou meu coração. Era de uma mulher que está desconsolada com a fuga de seu gatinho, por isso eu vou responder aqui mesmo.

Taninha,

Eu sei o que você está sentindo. Meu bichano já sumiu algumas vezes e por mais que todos me dissessem que os gatos são assim mesmo, nada me impedia de ficar arrasada. Chorei dias a fio todas as vezes que ele sumiu e provavelmente vou chorar todas as vezes que ele sumir. É o preço que pagamos por amar um ser tão livre. Por isso eu não vou falar pra você ficar calma e que ele volta. Apenas te digo que reze (se acreditas) pelo seu gatinho estar bem e que volte logo. Beijos e força aí.

domingo, 17 de maio de 2009

Por uma outra perspectiva

Há um tempo assisti a um filme em que uma francesa e um americano de vinte e poucos anos se conhecessem durante uma viagem de trem. Aparentemente é um filme romântico, mas ilustra muito bem o que Bourdieu escreveu sobre os "imperialismos do universal". Em linhas gerais, ele diz muito do que se sabe ou se escreve sobre os Estados Unidos e a França é fruto de um confronto entre esses dois imperialismos. Enquanto a França possui uma espécie de monopólio da legitimidade intelectual, do humanismo, da verdadeira Revolução -, os Estados Unidos teriam em seu patrimônio a verdadeira democracia. O choque se dá porque há um imperialismo em ascensão (o norte-americano) e um em declínio (o francês) e ninguém quer largar o osso.

Pois bem. Esse filme ilustra bem o que é o choque desses dois imperialismos que exportam as visões verdadeiras, conclusões incontestáveis sobre a Verdade e sobre como se deve viver. Numa certa altura o rapaz americano diz se sente frustrado porque sente que os melhores anos de sua vida estão passando e ele ainda se sente um garoto no colégio. A francesa diz que sempre imaginou sua vida como lembranças de uma velha senhora. Fico com a francesa. Não que eu ache que a França seja aquela maravilha, é preciso ser muito ingênuo pra isso. Mas prefiro o modo de pensar alternativo apresentado pela personagem da Julie Delpy.

A maioria dos meus amigos tem por volta de 30 anos e tem gente que está pirando com isso. Minha amiga Rita disse que eu não estou desse jeito porque eu já me casei (justo ela pra me dizer isso, que é uma das poucas que consegue manter a sanidade e a dignidade sendo solteira e tendo quase 30). Mas não é isso. Nossa visão a respeito dos 30 anos é impregnada pelo modelo do sonho americano, do self-made man, pelo Sex and City e sei lá mais o quê. Uma vez perguntei a um amigo que estava na tal crise o que ele esperava que fosse diferente. Ele tinha um bom emprego, morava numa cidade maravilhosa, tinha muitos amigos, namorada. Qual era o problema, afinal? Ele não sabia.

Existe alguma mensagem no ar de que aos 30 devemos estar casados, ter casa própria, cachorro, emprego dos sonhos, conta bancária gorda, corpo magros e ter um bebê a caminho. Tá, mas qual o problema de não querer isso? Ou de querer só parte do pacote? Ou querer e não ter? Ou não saber? Felizmente nunca coloquei sobre meus ombros essa responsabilidade. Já sou uma pessoa perturbada o suficiente pelas minhas neuroses, não preciso de outra tão manjada.

Hoje eu estava andando no parque e comecei a pensar nisso, porque eu estou pensando mesmo nesse negócio de ter filho. Há muita vida pela frente. Muita. Se viver 90 anos (eu viverei 111), 30 anos é apenas o primeiro terço. Um dia eu vou me lembrar daquela caminhada. Provavelmente não me lembrarei da minha crise que não era por idade, mas por causa da frustração de ter que arrumar dinheiro quando há tanta coisa a fazer e há tanta vida. Provavelmente eu também não me lembrarei que justamente naqueles dias eu estava voltando a escrever e conseguira colocar algumas idéias em ordem.

Talvez eu não me lembre que foi justamente naquela tarde que eu percebi que alguma coisa havia mudado. Que minhas opiniões estavam menos condicionadas por esses imperialismos. Eu já não olhava crianças como seres irritantes e barulhentos, já não era tão mal-humorada e pensava que poderia, sim, abraçar o meu destino e a vida com toda a sua potência, deixar algumas coisas irem e aceitar de bom grado os ventos da mudança. Não, não pensarei nisso. Lembrarei de uma linda tarde outono, do sol e do vento frio, das crianças correndo no parque, dos cães, dos casais de namorados que se beijavam sob as árvores, do picolé de manga e do jeito que meu marido me abraçou. Lembrarei disso quando anos depois estiver ali com meu filho, com meus filhos. Pensarei no que realmente importa. Um dia ensolarado, meu marido e uma vida inteira pela frente.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O período sabático

Eu queria desfrutar de um semestre sabático. Pensar na vida. Queria ficar seis meses vadiando e escrevendo, porque pra escrever eu preciso de um certo tempo de ócio e preciso deixar as idéias germinarem, ficar observando a vida e as pessoas de longe com contatos sociais esporádicos, apenas quando eu estiver disposta. Decidi não prestar o doutorado. As inscrições acabam semana que vem, mas eu optei por não correr com um projeto.

Mas como viver um período sabático num mundo sufocada por mil cobranças? Metade da minha semana eu tenho que passar em São Paulo por conta da situação do meu pai. Isso impossibilita uma rotina doméstica mais regrada, já que nos quatro dias que me restam tenho que colocar as coisas da casa em ordem. Algumas vezes fico tão cansada que não consigo fazer academia ou cuidar direito do meu marido e do meu gatinho. Acabo estendida no sofá por horas, vendo seriados que eu nem sei porque acompanho, perdendo tempo na internet sem produzir nada, folheando livros que tenho preguiça de ler.

Como desfrutar de um período sabático cercada das cobranças que não são apenas dos outros mas também são minhas? Você terminou o mestrado, o que vai fazer agora da vida? Arrumar um emprego? Prestar o doutorado? Arrumar uns frilas? Ah, eu não queria fazer nada disso. Eu não queria ter que ir pra São Paulo toda semana, eu não queria ter que ter compromissos com ninguém (e pensar que no post anterior eu estava pensando em ter um fiho, que é o maior compromisso de todos). Eu só queria poder ficar imersa no meu universo-umbigo. Ler Nietzsche à beira da piscina, cozinhar pra mim e meu amado, mimar meu bichano, dias e dias de pijama.

Mas ao invés disso eu sinto o tempo me escapar em tarefas que contrariam minha vontade e esvaziam meus dias e o meu espírito. Eu pensava que um novo mundo se levantaria depois que eu depositasse minha dissertação. Mas eu não sei se tenho caos suficiente dentro de mim, eu não sei se tenho força "pra dar a luz a uma estrela que dança". Eu tenho um vazio e uma tristeza leve, quase imperceptível, que está sempre à espreita.

sábado, 9 de maio de 2009

Maternidade

Eu nunca pensei muito em ter filhos. A idéia me passava pela cabeça uma vez ou outra, sobretudo quando eu decidi que não os queria. Mas ultimamente eu tenho pensado bastante a respeito. É estranho. Eu não sei se quero, tem horas que sim, tem horas que a idéia me dá arrepios. Tenho vários amigos que têm filhos, mas ninguém planejou. A despeito da surpresa todos dizem que foi a melhor coisa que aconteceu. Claro, como não amar um bebezinho?

Mas como é que se planeja, como é que se sabe que é o momento? Como diz minha amiga Rita, ter filho é uma coisa muito radical. Eu demorei um pouco pra me acostumar com o casamento e sossegar o facho. Tem horas que eu ainda sou invadida por um desejo louco de cair na esbórnia e algumas vezes fico com inveja dos meus amigos solteiros que vão ao cinema toda semana, saem pra dançar regularmente e se encontram com frequência. Como vai ser quando tiver filho? Eu sei que a maternidade não é uma prisão e tenho umas amigas que voltaram a ter uma vida social bastante ativa depois que seus filhos cresceram. Mas essa mudança toda me assusta.

Como eu disse, essa idéia me passava pela cabeça, mas é diferente programar pra um futuro próximo. Uma amiga me disse que já passamos da fase de fazer planos pro futuro, que o futuro já chegou. Mas será que eu não estou pensando nisso só porque o meu marido quer? Será que tô querendo ter filho porque é o que as pessoas fazem depois de casar? Porque eu vou fazer 30 anos? Porque estou casada há quase um ano e meio? Será que é porque eu tenho medo que meu pai morra?

Essa semana eu estava na maior crise porque terminei o mestrado e tenho que correr atrás de grana e me preparar pro doutorado. Tem tanta coisa que eu quero fazer ainda! Eu queria morar fora, viajar, perder 8kg, aprender francês, arrumar a minha casa, escrever. Eu preciso tirar carteira de motorista! Tudo isso e ontem eu passei horas pesquisando sobre preparativos para quem está pensando em engravidar, doulas e casas de parto. Será que eu estou ficando louca? Esses dias eu disse a um amigo que tenho muitas decisões pra tomar e que eu achava que ia ter um filho, porque aí não ia mais precisar tomar decisão nenhuma, ia ser all about the kid.

Acho que eu vou parar de tomar pílula e jogar na roleta russa do período fértil.
(Brincadeira).

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Hoje eu parei pra ver o que parece ser uma versão do Disk MTV. Alguns comentários:

- Um dos campeões de audiência é o Eminem. Que coisa nojenta. Nem vale a pena falar mais que isso. Enfim, este é o mesmo cara que tomou uns cornos da namorada e a matou em algumas músicas e videoclipes (pra depois voltar com ela). Babaca é pouco.

- Não ouvi o novo álbum do Franz Ferdinand, mas a julgar pelo single Ulysses, nem vale a pena. Se a música de trabalho é ruim daquele jeito, que dirão as faixas "obscuras".

- Pára tudo e me diz: o que são aqueles óculos franjados da Beyoncé?! Absurdo!!! Na música ela diz "I'm a diva". Ninguém duvida disso, B. Mas ela é abusada a ponto de dizer que diva é a versão feminina do rockstar. Fala sério, como não adorar a Beyoncé?

- Tem uma outra que tem uma música superchiclete de uma cantora chamada Lady Gaga. O nome artístico é podre e ela parece uma versão um pouco mais vadia da Christina Aguilera. Mas eu gostei. Pop dançante comercial descartável da melhor qualidade. Agora que diabos essas cantoras deram pra fazer clipe de collant, hein? Acordem, moças, faz três anos que a Madonna fez isso! Será mais um indício de anos 80? Socorro, ninguém mais agüenta esse revival!

Bom, por enquanto é só. Estou tentando voltar a escrever algo que preste, mas só tá saindo bobagem, então vamos de bobagem mesmo. Pelo menos serve pra exercitar. Passada uma semana que depositei minha dissertação agora é que estou voltando ao mundo dos vivos e isso leva tempo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Fenomenal?

Sou só ou vocês também estão achando esse oba-oba em torno do Ronaldo um pouco forçado? No Fantástico disseram que ele ganhou um novo apelido, Ronaldo-Superação. Isso e mais os comerciais de cerveja e os comentários de Pelé. Eu não manjo de futebol, mas estou desconfiada que esse barulho todo não é justificado. Isso e a tal da gripe do porco.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Coragem e verdade

Após passar um ano estudando na Espanha, um jovem aspirante a yuppie tem uma revelação a caminho do escritório onde lhe aguardava uma carreira promissora. Diante de seus olhos se passaram cenas do último ano de sua vida, cenas de amizade e de amor. Lembrou de si mesmo quando criança dizendo “quando crescer serei escritor”. Ele devia explicações àquele menino e por isso saiu correndo.

A cena é do filme Albergue Espanhol, mas poderia fazer parte da minha vida, só que sem o futuro promissor pra sem sair correndo e ter passado um ano na Espanha pra saber que eu queria fazer da vida. Seria uma cena da minha vida num universo paralelo, se eu não tivesse sabotado as minhas boas oportunidades profissionais porque sabia que não teria coragem de sair correndo se tudo desse certo. Falta-me coragem mesmo agora, quando o rumo das coisas está meio nebuloso e quando eu não tenho mais todo o futuro pela frente.

Uma vez discuti isso com um amigo que fez escolhas completamente diferentes das minhas. Ele é guitarrista e nunca tentou ser outra coisa senão músico. Ele achava que deveria ter feito como eu, porque viver de música não era fácil. Mas eu tinha inveja dele, porque aceitei a imposição da minha família de ter uma profissão e lidar com a literatura como hobby, como passatempo pras horas vagas. Eu achava que um dia magicamente as coisas dariam certo e com o tempo eu poderia viver disso. A conclusão é que nós sempre temos que arcar com os custos de nossas escolhas. Mas será que as escolhas precisam ser definitivas?

Cada vez tem sido mais difícil escrever. Eu não sou uma pessoa organizada e não acredito em técnica. Não é assim que funciona. Não dá pra tirar uma horinha por dia pra escrever um livro. Eu preciso de tempo e de energia pra fazer isso. Preciso de ócio. Preciso observar de longe para depois mergulhar dentro de mim mesma por dias a fio. Só então as idéias começam a brotar e os textos rendem. Ou é isso ou esperar por arroubos de inspiração que costumam me acometer em momentos de depressão e desespero, mas que depois da análise se tornaram cada vez mais raros.

Gosto de fazer o que faço hoje. Muito. Assim como eu adorava ser repórter e no entanto, sempre há aquele sensação de não-pertencimento, uma sensação de que eu poderia até ser boa, mas eu nunca seria ótima porque não era aquilo que estava no meu sangue. Eu sentia isso quando era jornalista e sinto de vez em quando em relação à vida acadêmica. E nas duas situações eu sinto que o que me diferencia, o que me dá pra prazer, o que me situa é o fato de escrever bem.

Algumas vezes quando alguém elogia meu texto eu tenho vontade de morrer, porque sinto que a vida está passando e eu ainda estou desperdiçando minha habilidade, esperando pelo dia em que as coisas ocorrerão de maneira mágica. Só que isso não vai acontecer a não ser que eu tome uma decisão e esteja disposta a arcar com as conseqüências. Eu não sou uma pessoa corajosa. Mas devo explicações à menina ia ser escritora quando crescesse.

Existe vida após o mestrado?

Pronto, entreguei. E agora?

P.S. Agradeço à Nossa Senhora Destrancadora de Teses pela graça alcançada.