sexta-feira, 27 de março de 2009

O peso da idade

O show do Radiohead foi lindo. E olha que eu nem sou fã da banda. Mas foi perfeito. Som perfeito, iluminação perfeita, performance perfeita. Kraftwerk na abertura também foi genial, principalmente porque sem eles não haveria Radiohead nem metade das bandinhas modernosas que a gente vê por aí. Um bom show de rock. Mas eu sempre me irrito um pouquinho em grandes shows. Não suporto fãs histéricos gritando que aquele é o melhor dia da vida deles, não aguento gente estúpida que dança dando cotoveladas pra marcar lugar e não aguento ter que passar quatro horas de pé antes da atração principal sendo obrigada a aturar uma banda boboca como Los Hermanos, com fãs ainda mais histéricos.
Se foi mágico ouvir eles tocarem Creep e voltar aos meus 14 anos, minhas costas não me deixavam esquecer que eu tenho quase 30, que tenho lordose e que não me exercito há duas semanas. Sim, eu estou ficando velha. E quero shows pra pessoas idosas, com cadeirinhas, banheiros decentes e uma boa distância dos adolescentes histéricos. Shows com camarotes pra gente velha e fresca.

terça-feira, 17 de março de 2009

Duas semanas

É esse o tempo que disponho para terminar o mestrado. Meu marido quer me levar ao cinema. Ele não liga pra filmes e eu sempre reclamei que ele não me leva ao cinema. Agora ele quer ir e eu queria mesmo era ficar em casa escrevendo. Neste fim de semana tem show do Radiohead, Deus e o mundo vao estar na cidade e eu acabei deixando que marcasse um dia na minha casa. E além disso eu vou ao show, o que quer dizer três dias perdidos. Eu deveria estar feliz com tudo isso, mas me dá um certo desespero. Ainda bem que agora eu sou quase vegetariana, porque senão já teria ganhado uns 4 kg. Engordei só um, fruto das inúmeras pizzas e cervejas que tenho mandado pra dentro. Nesses dias só dá vontade disso.

Mas quer saber de uma coisa? Tô tendo umas sacadas incríveis que provavelmente não teria se tudo estivesse no seu devido lugar. E em certo sentido, eu adoro isso.

Calma, calma. São só mais algumas semanas. Depois que eu entregar essa dissertação eu voltarei a ir ao cinema, fazer exercícios, tomar sol, escrever meu livro, ler literatura, sair pra dançar e acompanhar todos os meus seriados, novelas e lixos televisivos que tanto adoro. Pelo menos enquanto eu não estiver tentando escrever artigos, entrar no doutorado e procurando um meio de ganhar dinheiro. Ai, Deus!

terça-feira, 10 de março de 2009

Mestrado gera trauma?

É terça-feira. Levantei às 9h depois de ter passado mais uma noite mal-dormida, pensando a) como eu vou fazer pra explicar o método genealógico foucaultiano na minha dissertação b)como darei conta de fazer esta análise nos próximos 20 dias se eu ainda não terminei a fundamentação teórica. Só penso naquela piadinha: meu trabalho ainda não Foucault pronto, mas vai ficar Deleuze. Uma deleuzinha, hahaha. Bom, pelo menos é pra isso que estou me esforçando.

Minhas costas doem e eu desconfio estar um pouco mais míope que estava na semana passada. Vou até a padaria e compro uma Coca Light e um pote de sorvete Chicabon. Até terminar este mestrado eu acho que vou engordar uns 10 quilos. Em outros tempos eu fumaria muitos cigarros nesta situação, mas acho que é melhor ser gorda. É melhor eventualmente ter um infarto do que ter câncer. O meu pai já teve as duas coisas e eu tenho certeza que ele prefere o infarto. Bom, depois que eu acabar o mestrado eu volto a ser saudável e magra. Tem horas que a beleza e a inteligência simplesmente não são compatíveis.

Até lá eu sigo tomando vaca preta enquanto acabo ganho uma lesão por esforço repetitivo e mais um grau de miopia.

domingo, 8 de março de 2009

Casamento

Acordo ao seu lado.
é cedo e eu tenho sono,
mas ele me abraça com tanto amor
que é impossível adormecer novamente.
O gato pula na cama,
morde seu pé
quer atenção.
Ele me diz que quer ter um filho comigo.
Eu que passei anos me convencendo de que isso não era pra mim
digo sim.
Café da manhã de pijamas
enquanto eu falo sem parar.
Ele me conta dos índios,
eu faço planos pro futuro.
Lavar louça,
lista de compras,
amor preguiçoso ao meio-dia.
Eu nunca tinha suspeitado
que ser feliz para sempre
era tão simples.
Nem tão feliz.

sábado, 7 de março de 2009

29

Esta semana eu fiz 29. Esquisito. Não tenho essas bobagens de crise por causa da proximidade dos 30, isso é muito pouco perto do que eu ainda pretendo viver. É óbvio que eu não tenho mais a mesma figura que tinha há 10 anos, mas também é óbvio que hoje estou bem mais esperta e feliz. Se o preço disso é não ter mais um corpitcho bonito eu topo fácil.

Vai ver eu li muito Nietzsche ultimamente e o amor fati é algo que realmente faz sentido pra mim. Então muita coisa que é importante pra maioria das pessoas me parece pura bobagem, enfim, esse é o tipo de coisa que nem vale a pena explicar, ter que sentir, tem que experimentar. "Free your mind, Neo". Bem, é nisso que eu estou trabalhando e honestamente, ter crise por causa de uma vela a mais no bolo me parece no mínimo estúpido.

Mas que 29 é uma idade esquisita, é. Você não tem mais 20 e poucos anos, mas também não tem 30. Vinte e nove é uma idade que não caga nem sai da moita. Quer saber? Eu queria ter feito logo 30 de uma vez.