quinta-feira, 16 de abril de 2009

A volta do colete e da calça semi-baggy

Um remake nunca vem impunemente.

Você deve se lembrar dos anos 90. Tinha Nirvana, meninos de cabelo comprido, umas coleiras de veludo toscas que as mocinhas usavam, sainhas escocesas com meia 3/4, Barrados no Baile, Supernintendo, primórdios da Internet e a Copa em que o Brasil foi tetra. Ainda não havia emos, reality shows, RBD ou a banda Calypso. Nem Orkut, fotolog ou celular com camera, o que quer dizer que a fofoca era baseada em boatos, ninguem tinha vídeo pra provar e as situações constrangedoras não ficavam eternamente dispostas no You Tube pra te assombrar anos depois.

Tinha suas vantagens, mas antes que o saudosismo fale mais alto e cegue, cabe lembrar que nesta decada surgiu a Malhação, o Latino ficou famoso, as rádios tocavam Double U e o axé bombava. Atire a primeira pedra quem tem mais de 25 anos e que nunca aprendeu uma coreografia sequer, fosse do tchaco, da dança da tartaruga, do tchan ou do Carrapicho, aquele grupo de músicas de boi de Parintins. E quando o Brasil ganhou a medalha de ouro no vôlei nas olimpíadas de Barcelona comecou uma mania insuportável de fazer rodinhas desse jogo nos pátios e quadras dos colégios. Eu só tinha 12 anos, mas já antipatizava com quase tudo isso.

Pois bem, os anos 90 se foram e aparentemente deixaram saudade. Não pra mim, porque eu era uma adolescente e ser adolescente é um inferno. Mas acho que a geração que cresceu nos anos 80 cansou de fazer revival dessa decada trash e agora que tomou o poder. Os adolescentes dos anos 90 são os trintões de hoje e como resultado vemos um revival ainda pior que das festinhas que tocavam música da Xuxa. Em primeiro lugar, há o remake (pessimo) de Barrados no Baile. E com ele a volta de coisas tenebrosas. Primeiro foi a cintura alta. Já repararam que há pelo menos umas três estações estao tentando ressuscitar a calca centro-peito? Pois é, a má notícia é que não vai parar por aí.

Parece que também estão tentando exumar a calca semi-baggy de barra enrolada (ui!), o jeans com paletó para mulheres e o coletinho (aberto) por cima da camiseta. Lembra do figurino da Brenda do 90210 original? É aquilo ali com lasers. E eu que passei anos pra superar o trauma das minhas calcas semi-baggy de cintura alta enquanto todas as minhas amiguinhas da sétima serie já haviam aderido ao jeans justo de cintura baixa (que eu só fui usar aos 17), tenho que dormir com esse barulho. Há quinze anos eu estaria na vanguarda antecipando as tendências do ano 2009? Quem dera! Eu era apenas uma desajeitada com o modelo errado.

Minha vontade é sair gritando: Parem! Parem! Isso não é cool! . Como eu duvido que alguém vá escutar meus apelos, só me resta esperar que os que têm 20 anos hoje tomem logo o poder e instaurem um regime baseado em linhas retas, cores sóbreas e pouco frufru, tal como a gente via nas passarelas no final dos anos 90 e início dessa década doida e sem identidade que são os anos 2000.

4 comentários:

Anônimo disse...

parece que as ombreiras tambpem voltarão, só que agora pontiagudas para fora do ombro, igual de militar. MORTE!

Rita Loiola disse...

Pois é, nesse bairro super cool onde moro além dessas porcarias tem também a botina peter pan junto com meia-calça colorida. Ai, Jisuis!

Anônimo disse...

Isso tem nome: pastiche. E está entre as características apontadas pelos teóricos como típicas do "pós-modernismo".
Outro dia eu tava no ônibus e tinha uma doida vestida de anos 60 total: saia rodada, sapatilha, cabelinho com franja e o mais bizarro: uns fones cor-de-rosa do tamanho de laranjas que pareciam objetos de época mesmo. Aí eu desço do ônibus, entro na FFLCH e subitamente estou numa comunidade hippie onde aparentar (eu disse APARENTAR) sujeira e desleixo te valoriza positivamente. Com direito a paulistanas branquinhas da Vila Madá engomando seus cabelos à Bob Marley.

Pastiche, pastiche, pastiche. Olhando as pessoas pelas ruas de São Paulo, elas de fato parecem caricaturas pós-modernosas (tipo Andy Warhol), releituras vivas de identidades já ultrapassadas.

Daí a tendência a pensarmos os anos 2000 como uma época sem identidade própria, porém não é bem assim. Parece saída teórica pela tangente, mas, creio eu, é no mínimo arriscado tentar dar os traços de uma época sem ter distanciamento histórico. Daqui a 50 anos olharemos pro início desse século e postularemos com talvez nitidez excessiva os traços da sua identidade.

P.s.: meu sonho é que volte a ser tendência a maquiagem pesada. MEU SONHO.

FM disse...

Eu apóio a volta da maquiagem pesada e dos cabelos montadérrimos tipo Rita Hayworht. LUXO!!! Chega dessa coisa simplesinha de escovado em dia de festa. Eu quero laquê, batom vermelho e olhos carregados. Glamour, muito glamour. É!