terça-feira, 30 de junho de 2009

Seis meses sem beber

Eu sempre me perguntei como vivem as pessoas que não bebem. Não que todos os meus conhecidos seja alcoólatra, tenho inclusive alguns amigos que não bebem, nunca beberam. Saem e bebem suco a noite inteira. Por mim tudo bem, não acho que uma pessoa tenha que beber, fumar ou usar drogas pra se divertir, eu é que não tenho imaginação. Agora eu vou saber como é a vida de uma pessoa que não bebe, já que só beberei novamente na semana do natal.

O problema de não beber é que, bem, eu não tenho muita imaginação. Comemoração? Cerveja! Tristeza, raiva, nervosismo? Cerveja, cerveja, cerveja. Almoços e festas de família? Vinho, muito vinho. E cerveja, se tiver. Na verdade eu cheguei a me questionar algumas vezes quando é que a pessoa sabe se é alcoóltra sem estar caída no próprio vômito com um cachorro lhe lambendo a cara ou bebendo shots de álcool Zulu. Pra mim é muito difícil saber o último copo, a hora de parar. Eu quero sempre beber mais e eu sempre quero beber.

Os próximos seis meses serão complicados porque eu associo diversão a bebida e frequento lugares que servem bebida (restaurantes e botecos) com pessoas que gostam de beber (meu marido, meus amigos). Semana passada eu fui a um barzinho que tem maravilhosas cervejas importadas e eu tomando suco. Ontem eu fui comemorar o sucesso do tratamento do meu pai num bar-restaurante que tinha chopp alemão double. Minha mãe tomando cerveja e eu tomando suco. E a minha mãe nem bebe!

Devo dizer, é duro. E pensar que ainda faltam 5 meses e três semanas. Mas vamos olhar pelo lado bom: eu vou emagrecer. Isso se for verdade essa história que a bebida engorda, porque uma vez eu vi a Cicarelli num show e ela estava tomando cerveja.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Highlander

Não estamos acostumados a boas notícias quando se trata de câncer. Qua quase todo mundo tem uma história pra contar de um avô, uma tia, um vizinho, um conhecido que passou por essa doença terrível. E na maioria das vezes a pessoa em questão morreu. Eu nunca tinha convivido com o câncer de perto até que aconteceu com o meu pai. Por mais que a gente não queira há o estigma da doença, a associação com uma sentença de morte. Começamos a contar o tempo que resta esperando o pior. E o pior não é a morte, mas o sofrimento lento e extremamente doloroso do tratamento. As cirurgias mutiladoras, o desespero da quimio, a depressão.

Quando meu pai ficou doente eu tomei duas decisões. A primeira foi não tratá-lo como um doente, como alguém digno de pena. Não. Nunca o tratei como vítima, como coitadinho, nunca chorei na sua frente. Eu sempre disse a ele que não era uma pessoa doente, que ele estava enfrentando uma doença e que ia passar. Disse mesmo quando não acreditava, porque é importante que alguém te diga que tudo vai ficar bem mesmo quando você duvida disso. A outra decisão foi aproveitar todo o tempo que tivesse com o meu pai e não dar importância a coisas pequenas. Não ver o meu pai como alguém que eu gostaria que fosse, mas simplesmente como alguém que amo e quero bem. Como um pai.

Hoje meu pai passou por uma cirurgia preventiva, porque apesar da quimio ter eliminado o tumor os médicos decidiram retirar um pouco de tecido do local "pra garantir". Deu tudo muito certo e o primeiro exame revelou que não há sinais de células cancerígenas no local. Fui visita-lo na UTI e saí de lá leve. Meu pai chorava de alegria, feliz por estar vivo, leve. Ao sair, minha mãe me deu um grande abraço. Estava eufórica. Eu não chorei, mas sinto o coração calmo e sereno. Parece que tudo que vivemos nos últimos meses ficou pra trás. Era outra vida. A vida agora é meu pai se recuperando, vencendo mais uma batalha. Quem sabe a guerra.

É muito difícil falar em cura quando o assunto é câncer. Segundo a convenção dos médicos, é preciso esperar cinco anos sem nenhuma recidiva pra considerar que houve cura. Mas isso não importa nada agora. POrque quando o médico disse que as chances dele eram pequenas eu achei que ele fosse morrer. Por isso cada batalha é vencida vale por toda a guerra. Meu pai é um vencedor e isso é tudo o que importa.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pra não dizer que não falei do Michael

Há uns seis meses um amigo veio me visitar e trouxe um dvd de clipes do Michael Jackson. Passamos umas duas horas comentando como aquilo era bom e a melancolia que era ver o Michael negão do Jackson Five e de Beat It, porque era inevitável pensar no ser bizarro que ele havia se tornado.

Há um tempo minha irmã disse que queria entrar em sua formatura dançando a coreografia de Thriller, a mesma que apareceu na cena mais legal do filme "De repente 30".

Quando eu estava na faculdade meus amigos nerds da música nunca deixaram de pagar um pau pra ele e a gente tentava imitar (sem muito sucesso, diga-se) as dancinhas dos clipes.

Lembro de quando o clipe de Black or White passou no Fantástico. Do alvoroço que foi o ano de 2003, quando não só o rei do pop, mas também a rainha, se apresentaram no Brasil pela primeira vez. E de todas as vezes que tentei fazer o moonwalker, do episódio dos Simpsons com o personagem Michael e de todos os imitadores no extinto Show de Calouros do Silvio Santos.

Michael Jackson fez parta minha vida quase como uma entidade e agora ele está morto. É o fim de uma era, principalmente pra quem cresceu nos anos 80.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Alegria, alegria

O que pode deixar alguém mais feliz do que receber o título de mestre com nota 10 depois de ter passado por diversos percalços e não esperar esta nota? E passar por isso acompanhado da família e de amigos queridos e muitos desejos de boa sorte? Receber a melhor notícia do ano: a quimioterapia zerou o tumor do meu pai.

Acho que só se eu ganhasse na loteria poderia ficar mais feliz do que estou agora. Aliás, eu vou jogar.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ter gato é padecer no paraíso

Há algumas semanas uma vizinha me chamou e disse que eu preciso prender meu gato, porque ela o viu atravessando a rua correndo e achou que ele fosse ser atropelado.
Zaratustra me faz ficar aflita.

Depois, essa mesma vizinha nos disse que ele pula a janela e entra na casa e se deita na cama dos pais dela.
Zaratustra me faz passar vergonha.

Há mais ou menos 15 dias ele sumiu e ficou dois dias fora. Foi aí que meu marido percebeu que ele estava trancado dentro da garagem de uma oficina aqui na rua de casa. Só que era sábado duas horas da manhã e tivemos que esperar amanhecer até chamar alguém pra tirar ele de lá. E eu passei a noite tendo pesadelos e chorando preocupada porque ele estava sem água e comida há dois dias.
Zaratustra me tira o sono.

Aí, quando eu pensei que ele estava sossegando ele me aparece em casa com a orelha rasgada e cheio de sangue pelo pescoço. Sabe-se lá como ele fez isso. Acho que tem alguma coisa a ver com o passarinho que achei morto depois no quintal. Levamos no veterinário e morremos numa grana. E eu tenho que fazer truques variados pra conseguir que ele tome o remédio.
Zaratustra me dá prejuízos. E trabalho.

Diante disso tudo eu fico assustada, choro, penso em prender, até mandar castrar, coisa que nem me passava pela cabeça há alguns meses. O problema é que ele está acostumado com a rua e nada me garante que não seria o mesmo capeta se eu o capasse. Melhor deixar como está. Ele pode me dar trabalho, prejuízo, fazer vergonha e tirar o sono. Mas me dá muito mais alegrias.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Excesso de tempo livre

Eu tive uma fase muito cinéfila no início dos anos 2000. Tudo me levava pra isso, o fato de estar me formando em jornalismo, meio em que a maioria das pessoas é ligada em cinema e além disso vários amigos e namorados aficcionados. Essa empolgação durou até 2004, mais ou menos. Depois disso eu não deixei de gostar de cinema, mas me rendi à preguiça que acomete as pessoas comprometidas. Meu marido não é ligado em cinema, ele prefere comida e cerveja. Some-se a isso o mestrado, o vício nas séries de tevê e pronto, fiquei por fora e ganhei 5 kg.

Mas desde que terminei a dissertação estou voltando a ter contato com dois hábitos que me agradavam muito e que eu tinha deixado pra trás: a literatura e o cinema. Sobre os livros eu já falei aqui (e confesso que ando tendo mais sucesso em ler do que em escrever). Há duas semanas o cinema voltou ao menu. E tenho gostado bastante, embora algumas vezes eu me sinta meio perdida. Tenho um amigo que desenvolveu TOC porque queria ler todos os livros e ver todos os filmes e pra isso parou de ter vida social. Vou dizer, quando a gente fica por fora assim dá uma certa ansiedade de ficar por dentro de tudo quando o tempo é tão escasso.

Atualmente minhas ocupações incluem a rotina de dona de casa, dar uma força pros meus pais, um grupo de estudos de Ciência Política, leitura de livros não acadêmicos, academia (que eu não vou há duas semanas porque fiquei doente), ver filmes, estudar pra prova do doutorado, participar das atividades de um coletivo político-cultural-ecológico e mais todo esse tempo que eu passo na internet ou vendo tevê (muito). Eu tenho todo o tempo "livre", já que não tenho um emprego, mas sinto que não tenho tempo pra nada. Preciso me matricular na autoescola e finalmente aprender a dirigir. Mas quando eu vou fazer isso?

Daqui a pouco alguém inventa uma síndrome pra nomear isso. Se é que já não existe.

domingo, 14 de junho de 2009

Nightmare nº 2

A uma semana da minha defesa já tive dois pesadelos. No primeiro eu ficava falando sem parar e não chegava ao assunto, dava a impressão de que o trabalho era sobre outra coisa. No segundo o Power Point não estava pronto e eu ficava falando, falando sem nenhuma direção. Os dois sonhos são muito parecidos e expressam um temor real: eu não sei falar em público e tenho pânico da banca. Tenho vontade de fumar mil cigarros só de pensar nisso e olha que eu não fumo há mais de um ano!

Semana passada alguns amigos me ajudaram com isso e fizemos uma pré-banca. Eu pretendia falar 10 minutos e passei dos 20. Isso porque apresentei apenas dois capítulos. Terça eu vou apresentar o resto da dissertação e vou tentar manter em 10 minutos. Mas é tão difícil! Fico nervosa, tenho a sensação que não estou conseguindo ser clara e me sinto assim, um tanto idiota.

Falta uma semana. Até lá alguns ensaios e muitas unhas roídas.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Algumas retificações

Eu ando muito rabugenta em relação ao rock, dizendo que os Strokes foram o último suspiro desse estilo musical, que muita banda em atividade já passou da hora de acabar e que a maioria das coisas que surge é mero pastiche do que já veio antes. Eu acho tudo isso mesmo, com algumas ressalvas:

1 - Jack White é o cara mais legal desta década, adoravelmente esquisito, criativo e dono de uma energia que é aquilo que se espera do rock'n'roll.

2 - The Killers é uma banda muito boa. Eu ainda tenho uma certa implicância porque o vocalista se acha o Freddie Mercury - e depois que ele deixou o bigodón crescer eu não tive mais nenhuma dúvida. Mas os discos são bons. A maioria das bandas legaizinhas de hoje, como Franz Ferdinand, eu enquadro na categoria de "banda de balada", o tipo de coisa que daqui a 10 anos as pessoas só se empolgarão ao ouvir se for por saudosismo, como a gente quem cresceu nos anos 90 e escuta Mr. Jones hoje. Eu costumava pôr o Killers e o Arctic Monkeys nessa categoria, mas ambas têm algo a mais. Apesar da minha supresa implicância com os segundos por causa do hype mega exagerado, é uma banda boa, apesar de não serem nenhuma salvação da lavoura. Isso eu ainda tô esperando aparecer, mas pelos meus cálculos isso só vai acontecer lá pelo ano de 2011.

3 - Um dia desses eu pedi a um amigo nerd-da-música gravar umas bandas novas pra mim porque eu estava decidida a deixar de ser ranzinza e me atualizar. A única que gostei foi MGMT, apesar desse nome horrível. Aliás, o que há com as bandas e seus nomes cada vez piores?

É isso. Mas antes que este texto pareça uma coisinha otimista fofinha, algumas observações:
1- Que coisa mais tosca é essa vocalista do Yeah Yeah Yeahs que se acha a Chrissie Hynde? Socorro.
2- Por que, senhor, por que o U2 ainda não acabou?

sábado, 6 de junho de 2009

Hein?

Que diabos é Twitter? E como se escreve? Pra que serve? Como assim "mini-blog"? Ah, pela enésima vez, eu estou ficando velha pra certas coisas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sobre o avião

Eu não gosto desse sensacionalismo que acontece toda vez que cai um avião. Só serve pra dar mais medo de viajar e fica explorando a dor das famílias. Mas esse que sumiu em direção à França me chamou a atenção porque nele havia um casal que estava indo pra Paris em lua-de-mel. Quando deram a notícia isso me entristeceu porque fiquei pensando naquelas duas pessoas que tinham acado de se casar, estavam planejando passar a vida juntos e de repente, puf!, acabou. Mas depois pensei que em certo sentido é romântico, porque eles se amavam e morreram juntos, depois de uma das noites mais felizes da vida deles. Não que seja bom perder parentes, mas se eu fosse da família isso me consolaria.

O segundo pensamento não é nobre e nem original, mas é inevitável. Não consigo deixar de pensar na ilha de Lost e na farsa dos destroços do avião. Na minha fantasia os passageiros estão lá e o casal em lua-de-mel também. Felizes para sempre.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Este mundo está perdido n° 1000

Uma das atrações da Feira Literária de Paraty será o Chico Buarque. E não, não é cantando. O terror das universitárias ripongas consta na lista de "autores" que participarão do evento. Quer dizer que o Chico agora é autor, é? Por que não chamam logo o Ivo Pitanguy e o Jô Soares pra lhe fazerem companhia?

Depois o povo acha que o fim do mundo é o Paulo Coelho na ABL. Humpf.