segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Duas notas sobre o carnaval

Como se pode imaginar, eu não sou uma pessoa carnavalesca. Não gosto da música, não gosto de aglomeração, não gosto de gente suada, não gosto de lugares que lotam e mesmo quando eu era solteira eu não tinha interesse em beijar 30 pessoas numa noite. Pra falar a verdade eu acho isso um tanto nojento. Enfim, este feriado sempre foi um período de recolhimento, de ficar em casa vendo filmes, namorando, assistindo um pouco dos desfiles pela televisão e morrendo de rir das pérolas que os comentaristas soltam revelando seu profundo conhecimento sobre antropologia, história e cultura mundial.

Mas na semana passada, sabe-se lá como, eu fui parar na melhor festa de carnaval da minha vida. Imaginem uma festa de carnaval, assim, meio indie. Pois é. Era na casa da amiga de uma amiga, cheia de pessoas bonitas que eu não conhecia. Tinha um tanque mágico cheio de gelo e que a cada cerveja que se pegava brotavam mais duas ou três. E estava tudo decorado, máscaras na parede, óculos, tiaras, boás e todas essas coisas que ficam ridículas nos casamentos e que são perfeitas pra uma festa de carnaval. E tinha petiscos e sandubas de metro para os vegetarianos. A dona da festa nem era vegetariana, mas, como se pode notar, era muito fofa. Pessoas que pensam nas restrições alimentares dos outros são muito gentis.

Tocaram aquelas marchinhas de carnaval antigas e o povo fazia trenzinho e pulava e sambava. Passei a noite conversando com dois amigos muito queridos, mas no fim até eu me empolguei e saí cantado "olha a cabeleira do Zezé". Pra completar chegou um rapazinho que deixou todas as moças do recinto (e uns rapazes também) encantadas: um bebezinho de seis meses que no colo do pai dançou e aproveitou toda a festa. Um verdadeiro folião. Fiquei querendo eu mesma ter um daqueles pra levar pras festas também.

***

Ontem eu estava vendo um pouco da cerimônia do Oscar, um pouco dos desfiles e a reprise de Desperate Housewives. Aí teve o desfile da Beija-Flor e apareceu o Neguinho, que a despeito do tratamento contra o câncer, estava lá felicíssimo puxando o samba da escola. Provavelmente eu devo se a única pessoa que não gosta de carnaval que chora vendo esse tipo de coisa, mas acho que dá pra entender. Eu sempre achei muito babaca pessoas que não são do Rio de Janeiro torcerem para uma escola de samba, mas este ano eu encontrei a minha favorita. Na verdade eu torço pelo Neguinho. Só que convive de perto com o câncer sabe a inspiração que isso pode ser pra quem está lutando.

5 comentários:

Anônimo disse...

No momento em que tomamos consciência de que não somos nada comparado com o todo, aceitamois a doênça com alegria. Alguém uma vez disse: "A verdadeira vitória é aquela que nem a morte pode destruir".

Anônimo disse...

cara, tão em descrita essa festa que eu queria ter estado lá. bebezinho? oooooooooooooooooooo... gente q se preocupa com os habitos alimentares dos outros eh muito fofa mesmo!!!!

Anônimo disse...

que texto mais bonito o man of science. acho que foi o mais bonito que li teu. precisamos de arte, sem dúvida. acho que ter algo criado (desde uma criança até uma obra) nos faz sentir mais vivos e com um propósito. como eu não poderei ter filhos, espero deixar "minha carga genética" criando algo. enfim... pensativo.

falando do oscar: o que era o vestido horrendo da beyonce? o hugh jackman foi a coisa mais acertada em anos da academia para apresentar a cerimônia. gostei do resultado final. e vc? os independentes ganharam, quiça esse foi o ano da minoria. enfim, tento ver um cunho político até em coisas menos óbvias.

estou penalizado por não ter passado mais tempo contigo, mas foram dias muito cheios e estranhos. pelo menos passei no mestrado e engordei um bocado. je t'aime. saudade.

ps.: um ex fumante é muito fresco mesmo. lembro das minhas séries de abstinência. possuía o mesmo comportamento. mas hj, se não sou eu quem está fumando, possuo a mesma intolerância. acho que no meu caso é egoísmo mesmo. rs.

Rita Loiola disse...

Ah, que bonito. Bonito mesmo. Mais bonito, só o bebêêêê!!!

Lincoln Noronha disse...

Onde foi essa bagunça já? Bah! E eu em Curitiba com a namorada menstruada...