sábado, 26 de julho de 2008

Sobre o ato de escrever

Hoje eu li "Máquina de Pinball", da Clarah Averbuck. Faz tempo que eu não entrava no blog dela, aí soube da estréia do filme baseado na obra dela e resolvi dar uma olhada. O livro estava disponível pra download, o que é muito bom pra novos autores. Sejamos honestos, com o preço dos livros pela hora da morte não é num autor pouco conhecido que você vai queimar seus dinheiros. Eu amo literatura, mas raramente compro. Pra isso existem os amigos, as bibliotecas e os aniversários e natais para ganhar livros de presente.

Não sei se isso os novos autores saem perdendo. No caso do livro pra download, você não ganha dinheiro, mas pelo menos é lido. E em alguns casos, como o da Averbuck, cai na boca do povo. Deve ser muito mais eficiente do que a infinidade de sites que publicam contos e poemas e revistas virtuais e comunidades no Orkut. Um dia desses eu vi um debate sobre literatura na tevê Cultura e tinham essas pessoas empertigadas fazendo perguntas longuíssimas ao Nelson Ascher, se identificando como "Fulano de Tal", da comunidade Bar do Escritor. Porra, fala sério. Essas pessoas não entenderam nada. É muito deprimente.

Isso é uma coisa de se admirar na Averbuck, porque nas coisas que ela escreve está bem claro que não precisa de mais nada pra escrever do que vontade de escrever. Tem uma frase muito bonita no livro em que a personagem-narradora diz que precisa se entregar ao grande amor de sua vida: escrever. Isso me fez repensar a minha própria experiência. O problema dessas pessoas que estão correndo atrás de concurso literários e de publicação em tudo quanto é canto é que elas não querem escrever, querem ficar famosas, querem resolver alguma coisa que está em algum lugar que não é a literatura. Não deve ser por isso que há tanta porcaria por aí.

No começo da faculdade eu me juntei um grupo de meninos espinhentos e outros que eram gays mas a mãe não sabia e fizemos um grupo de poesia marginal. É. A gente se reunia às sexta e líamos nossos poemas uns para os outros. Na época eu me imaginava dando entrevistas e vendendo mais que o Paulo Coelho e seria a mais jovem membro da ABL. Depois eu tive uma coluna num site da minha cidade. Foi um dos primeiros sites de balada, desses que fotografam as pessoas pela noite e por causa disso tinha muitos acessos e a minha coluna foi bem comentada. Até que um dia o site saiu do ar. No último texto me chamaram de arremedo de escritora. Aí eu catei a moça pelo braço numa festa e fui tomar satisfações. Eu tenho problemas com críticas, hahaha.


Hoje eu rio de tudo isso. Hoje eu escrevo esse blog e escrevo outras coisas que só lê quem merece. Eu gosto de ter este controle sobre a minha “obra”. Demorou um tempo pra eu perceber que nada disso importava, o que importava era escrever. É o que eu venho fazendo, sem pensar muito nas causas e consequências disso. Eu finalmente entendi. Você não precisa ter seu nome no catálogo da Fnac pra ser um escritor, não precisa ser publicado, não precisa ser lido, não precisa viver disso, não precisa de mais nada. Só precisa escrever.

2 comentários:

Anônimo disse...

escrever é vício.

Anônimo disse...

Bello, bella.