segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Carta ao pai

Papai querido,

Hoje faz 3 meses que você partiu. Tantas coisas aconteceram desde então e todos nós sentimos tanta saudade. Álvaro e Pauline se formaram na semana passada. Foi muito emocionante e sabemos o quanto o senhor teria ficado orgulhoso com seus dois filhos médicos, que não caberia em si tanta alegria. Posso imaginá-lo dando pulos de alegria e dançando sozinho, como fazia quando estava bem contente.

Mudei de emprego, voltei a trabalhar como repórter e estou feliz. Estou cobrindo política. . Eu nunca te disse isso, mas provavelmente foi por sua causa que eu comecei a gostar dessas coisas. Fico imaginando como seria chegar no apartamento depois de vir de uma pauta e comentar as notícias da campanha eleitoral e sinto muita saudade.

Quando o senhor se foi várias pessoas tentaram me consolar dizendo que o senhor está bem agora. Eu tento acreditar nisso porque você tinha muita fé. Então eu espero de verdade que depois da morte todo mundo tenha o céu que imaginou e que você esteja agora correndo com o Toby e o Zara, que tenha abraçado a vovó, a sua irmã e que esteja perto de Deus. A única coisa que eu sei é que quando você se foi acabou o sofrimento, que era demais pra suportar. Isso sim é algo que conforta.

Estamos tocando a vida. Um dia de cada vez. Já não dói tanto, mas desconfio que vai doer sempre. É difícil aceitar que nunca mais vamos conversar, que eu não vou mais te ver rindo ou reclamando dos livros que eu te roubava. E é incrível como as desavenças, que não foram poucas, desaparecem da memória, que reaviva só o que importa. Quando entravas no nosso quarto à noite para nos cobrir e rezar pra que Deus nos protegesse. Teus filhos vão bem, pode ficar tranquilo. E pode ter certeza que nunca vamos te esquecer.

Da filha que te ama,

Fhoutine

Um comentário:

Pauline. disse...

Lindo, Preta.
De vez em quando me pego conversando com fotos ou lembranças. Dói sempre mas é uma dor seguida de bem-estar, como se ele ouvisse e estivesse por perto. E prefiro acreditar que está.