segunda-feira, 31 de maio de 2010

O post que eu queria nunca ter que escrever

Meu pai morreu ontem. Depois de três anos lutando contra o câncer, ele se foi. Apesar de ter estado lá quando aconteceu, de ter segurado a mão dele, ainda é difícil de acreditar que eu vivo num mundo em que meu pai não existe mais. Apesar disso, meu coração está tranquilo porque ele se foi rápidamente e sem sentir dor, que o sofrimento dele acabou. E porque nessas últimas semanas meu pai foi muito feliz.

No fundo, a família se preparou para este momento desde que ele começou a ter recidivas. Em fevereiro ele recebeu o diagnóstico definitivo, que a doença havia avançado muito, que não havia mais tratamento possível, que teria poucos meses de vida. Ele queria viver pelo menos pra assistir à formatura dos meus irmãos, que será em agosto. Não deu tempo. Mas esteve com eles há uma semana pra apresentação do TCC. Nas fotos vejo o quanto ele estava feliz e orgulhoso.

Eu tinha esperanças que ele aguentasse. Porque ele não tinha aparência de doente terminal, ele sempre foi um homem forte. Poucos minutos antes do fim ele estava sorrindo e sereno. Foi em paz, tenho certeza.

A doença do meu pai foi terrível para toda minha família. Mas foi uma oportunidade de aprendizado (e eu não digo que teve um lado bom, porque não há absolutamtente nada de bom quando se trata de câncer). Pra mim isso veio no amadurecimento forçado, na percepção das coisas que muda. Parar de me importar com coisas pequenas, valorizar mais as pessoas e os momentos que teho com elas. Meu pai e eu tivemos um relacionamento difícil por vários anos, por vários motivos que não importam mais, mas principalmente porque éramos muito parecidos. Nos últimos anos a gente teve a oportunidade de se entender e eu não sei dizer o quanto sou grata por isso ter acontecido.

Meu pai morreu ontem. Mas antes dele ir embora eu pude dizer a ele em várias vezes que o amava e ouvi isso dele muitas vezes também. Por isso meu coração está em tranquilo, apesar da tristeza e da saudade. Eu tenho minha mãe e meus irmãos pra cuidar agora. E tenho muitas pessoas queridas que, perto ou longe, tÊm me confortado nessa hora difícil. Minha família, meus amigos, meu marido. I'll get by with a little help from friends. Obrigada por tudo, amo vocês.

(Adeus, papai)

sábado, 29 de maio de 2010

Magra outra vez

Seis meses de reeducação alimentar. O resultado é visível, além dos quilos a menos, do meu rosto ter afinado, passei do manequim 42 pro 38 (e cheguei a comprar duas calças jeans 36). Não sei nem por onde começar a dizer o quanto é bom estar magra de novo, não ter mais que trocar de roupa mil vezes porque nada ficava bem. A verdade é que eu estou me achando, rs. Os números abaixo me dão razão.

Peso inicial (11/11/09)
64,40 kg

Peso atual (29/05/10)
56,50 kg

% de Gordura
Em 11/11 - 33,55
HOje - 26,94

Circunferência do abdômem
Antes - 88 cm
Depois - 79 cm

Circunferência da cintura
Antes - 74,5 cm
Depois - 68,5 cm

Quadril
Antes - 103 cm
Depois - 97,5 cm

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Happy weekend

Sábado, 6h50. Deixo meus gatos entrarem no quarto e durmo mais um pouquinho na companhia desses seres tão quentinhos e macios. Aula de direção. Ah, como estou adorando dirigir. Depois, ioga. Cheguei atrasada no primeiro dia, que mico! Será que o professor entenderia se eu dissesse que demorei porque estava tirando meu gatinho do telhado? Melhor ficar quieta e relaxar... Uau, como eu pude passar a vida sem isso? Simplesmente adorei.

Almoço em casa, manicure às 13h. Eu já contei o quanto gosto de fazer as unhas? Dos pequenos prazeres cotidianos, esse é um dos meus favoritos. Depois, assistir Lost no sofá, na companhia dos meus bichanos. E uma sonequinha. Daí sair pra cuidar da vida, pegar as calças que deixei na costureira semana passada, comprar lentes de contato novas porque usar óculos durante uma semana inteira me deixou com o nariz marcado. Comprei uma wet legging, dessas que exigem um corpo com tudo em cima. E encontrei as botas perfeitas. Então eu tive que sair pra levar minhas botas pra dançar.

Amigos queridos, muita risada, música boa e cerveja, muita cerveja. Divirto-me como não fazia há anos e durmo com o dia nascendo. Mas dormir é para os fracos, então eu levanto às 10h30 e venho pra casa. E, acreditem se quiser, vou pra academia.

Sim, porque depois teve uma festinha de aniversário de criança e eu não conseguiria ficar longe dos brigadeiros. Nada como um aniversário de criança pra repensar se você quer mesmo ter filhos. E sabe de uma coisa? Não só quero, como descobri que sou ótima com crianças.

Espero cantar parabéns e volto cedo pra casa. Soneca no sofá com os gatinhos. Gatos e sono foram feitos um para o outro. Quem sou eu pra contrariar? Depois, um pouco de televisão, arrumar as coisas pra segunda. É, já acabou. Mas semana que vem tem mais.

domingo, 2 de maio de 2010

Woody Allen

Ele é arrogante, egocêntrico, paranóico, obcecado, misantropo, repetitivo. E genial. Fica fácil saber porque eu gosto tanto de Woody Allen: eu me vejo em seus filmes. Porque eu também sou tudo isso. Eu também faço análise, também reclamo de tudo, também sou irritantemente tagarela, também adoro cidades grandes, também giro em torno das mesmas idéias que sempre falam de mim mesma, também sou pessimista de um jeito engraçado, cheia de manias, metida, dramática.

Hoje assisti Whatever Works (que no Brasil ganhou o péssimo título "Tudo pode dar certo"). Depois de Vicky Cristina Barcelona pensei que seu próximo filme fatalmente me decepcionaria. Até parece. Um filme do Woody Allen é sempre um filme do Woody Allen e eu sempre gosto. Porque as piadas são ótimas, porque me reconheço no seu mau humor e no caso particular deste último filme, porque dá essa sensação de que tudo bem você ser uma pessoa super rabugenta que se irrita com tudo e prefere passar a maior parte do tempo sozinho. Sempre há alguém que vai gostar de você, apesar de tudo isso. Talvez até por causa de tudo isso. Whatever works.

sábado, 1 de maio de 2010

Bipolar disorder: off

Essa semana saiu meu salário. Minha irmã tinha razão quando disse que eu me sentiria melhor a respeito do meu trabalho quando o cheque caísse na conta. Apesar de não gostar do que faço na maior parte do tempo, de vez em quando eu me divirto. Tem dias que as coisas estão mais leves, ou então sou eu, que estou mais suave. Provavelmente é isso.

Encontrei amigos queridas, acho que estou fazendo amigos novos, falei pela internet com amigos que estão longe.

Comi um super de risoto de camarão. Se for pra engordar, que valha a pena. Mas soube que estou a apenas 2kg do meu objetivo. Já foram 6kg desde que comecei a emagrecer e é muito bom me olhar no espelho e me achar bonita de novo. Mas não é só isso. Eu tenho me sentido inteligente de novo e isso está me incentivando a buscar coisas novas.

Meu marido ligou. Só nos falamos uma vez por semana quando ele fica nessa aldeia. O que eu mais sinto falta é de conversar com ele. Por isso quando ele liga eu fico mais feliz.

Meu pai viajou pra andar na praia molhar os pés no mar. E isso é tão bonito que eu tenho vontade de chorar. Essa semana ele estava feliz e isso acalma o meu coração. Eu ainda não sei lidar com o fato de que ele não vai estar por aqui por muito tempo. Acho que nunca se está preparado pra isso. Quando ele fica contente eu esqueço um pouco, porque é bom ver que há coisas na vida que não são dores excruciantes, morte iminente, depressão. Existe uma alegria nas coisas simples, há alegria na vida, mas nem sempre conseguimos percebê-la. Eu e meu pai somos muito parecidos nisso. Mas de vez em quando acontece e é bom.

Vi filmes, fiz as unhas, afaguei meus gatos. Sinto-me feliz e grata pela vida. Eu não sei se isso é efeito da minha condição bipolar. Parece que periodicamente eu sou invadida por uma enorme lucidez e isso me dá uma sensação enorme de paz. Os problemas da semana passada ainda existem, mas de alguma forma eles não me machucam tanto e parecem bem menores. Ah, Deus, como eu queria ser assim o tempo todo.

Seria um consolo pensar que essa sensação sempre chega e que ao invés de me desesperar, eu poderia simplesmente sentar e esperar. Quem dera se fosse simples assim! Quem dera se nos dias infernais as dores não fossem tão intensas e meu desejo de destruição não fosse tão intenso. Mas eu não vou me apavorar agora pensando que assim como esses dias de luz sempre vêm, virão as nuvens negras. Não. Eu vou lá fora viver, a despeito dessa gripe que quer me derrubar. Tchau.