segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Resoluções antecipadas

Depois de uma viagem para a Argentina e mais duas pela frente, que ainda não paguei, minha conta bancária chegou ao singelo saldo de 11 reais. E ainda tem a inscrição pro doutorado, a inscrição pros meus congressos, despesas de viagens e mais um monte de coisas que eu prefiro nem pensar. Hoje eu comecei uma dieta nova pra perder 3kg em 40 dias. Quando eu era vegetariana e abstêmia era mais magra e não tinha tantas dívidas. Vou tentar voltar a esse esquema e ver se dá pra economizar. Mas a situação pede que eu antecipe minha resolução de fim de ano: arrumar um emprego.

Comecei minha busca oficialmente hoje. O problema desse negócio de dar aula (além de eu não ter experiência em docência, nem conhecer as pessoas da área) é que as vagas são sazonais e só abrem a cada seis meses. Então, se não rolar nesse semestre, vou ter que deixar pro próximo. Vamos vamos torcer pra que dê certo, porque do contrário eu teria que procurar algo no jornalismo mesmo e eu nem tenho idéia dos efeitos que isso causaria na minha vida ou na minha cabeça. Estou com medo, sou naturalmente pessimista, embora esteja tentando mudar isso e pensar positivo. Torçam por mim.

domingo, 18 de outubro de 2009

Mudança de planos

Minha intençao era fazer um semestre "sabático" para escrever e pensar. Tudo estava indo bem até certo ponto - comecei a fazer aula como aluna especial na USP, emplaquei uns trabalhinhos nuns congressos, escrevi meu projeto de doutorado - mas fui surpreendida por alguns acontecimentos que mudaram o rumo das coisas. A parte do sumiço do Zara e da doença do meu pai foram as duas coisas que mais me fugiram ao controle, duas fatalidades previsíveis. Os gatos livres vão embora, o câncer eventualmente volta.

Isso alterou um pouco a minha rotina, me deixou meio desnorteada, mas agora que as coisas se acalmaram, eu vejo algumas coisas com mais clarezas. Pensei em voltar à Comununicação, mas decidi que estou bem nas Ciências Sociais e na PUC. Apesar disso, foi muito importante revisitar esta área, saber que não quero me fechar em apenas uma área do conhecimento, aceitar essa minha característica transdisciplinar, pensar melhor no que eu quero e não quero fazer da vida.

Mas o mais importante e mais assustador foi constatar que nesse período, sem o compromisso de ter um emprego ou uma dissertação que me impedisse de escrever e com todo o impulso do turbilhão de emoções gerado pelo sumiço do meu gato e pela doença do meu pai - eu simplesmente não escrevi. Durante anos essa foi a minha muleta imaginária. Eu nunca me dediquei a uma profissão porque estava convencida de que minha verdadeira vocação era essa e tinha uma desculpa perfeita pra não dar certo, afinal nada era do que eu queria. Até que um dia, não faz muito tempo, encontrei algo que gosto de fazer.

Eu cheguei a pensar que não daria certo nisso também, que não daria certo em nada por causa dessa fantasia juvenil. Por muito tempo escrever era minha única convicção. E não que eu não ache que não seja boa nisso ou que não tenha escrito coisas muito legais, porque eu acho mesmo, sem modéstia. Mas hoje percebo isso não é mais uma questão como foi durante muitos anos. Pode ter sido excesso de análise ou de Nietzsche. O fato é que eu não preciso mais disso pra ser feliz. E se por um momemnto isso me assustou, hoje é algo que faz sentir livre como um passarinho. Ou como um gato fujão.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A descoberta da América

O feriado nacional é de Nossa Senhora Aparecida, mas também se comemora o Dia das Crianças. Na Argentina, no Chile (e creio que nos demais países da América do Sul) hoje também é feriado, mas o que se comemora é a descoberta da América.
Estive na Argentina semana passada e me apaixonei. Fiquei em Mendoza, quase na fronteira com o Chile, cidade produtora de vinhos e um dos lugares mais bonitos onde já tive a sorte de estar. Além da beleza do lugar e da simpatia das pessoas (brasileiro tem essa implicância com argentinos, mas eles são muito amáveis com a gente), algo mais importante me chamou atenção.
Os argentinos são muito politizados. Todos os dias vi em algum lugar algum protesto ou manifestação. Em vários lugares há painéis que relembram os dias de luta, seja do passado recente da ditadura ou da libertação da América e seus heróis, Che Guevara, General San Martín, Simon Bolívar. Há uma tradição de remomoração desse passado, mas não de uma forma vitimizada. Visitei uma praça que celebrava a ligação com a Espanha, que não negava uma herança cultural que vai além da língua.
No Brasil não sabemos lidar direito com isso. Damos as costas para a América e para essa tradição e, com exceção de certos círculos, a política não faz parte de nosso cotidiano. E não sabemos lidar com o fato de termos sido colonizados, temos um complexo de inferioridade travestido de orgulho da brasilidade. Em outras palavras, exaltamos a cultura popular brasileira tomando uma cachacinha na Vila Madalena, mas na primeira oportunidade saímos correndo pra Paris. Nossa primeira opção de viagem é ir pra Europa ou Estados Unidos, torcemos o nariz para nossos vizinhos como se quiséssemos manter esta distância que da parte deles não existe.
Aprendemos inglês, francês, italiano e alemão muitas vezes antes de pensar em estudar espanhol. O fato de as universidades brasileiras não aceitarem essa língua nos exames de proficiência de pós-graduação é sintomático disso tudo que falei. Achamos que é mais importante ler os europeus (franceses e alemães principalmente nas ciências sociais em gerak e ingleses/americanos na ciência política especificamente) e conhecemos muito pouco do que se produz de conhecimento nos países vizinhos.
Redescobrir a América. É isso que deveríamos fazer.

domingo, 4 de outubro de 2009

Aos poucos as coisas se ajeitam

Depois de uma quarentena desesperadora parece que as coisas finalmente estão mais sob controle. Esta semana viajo para a Argentina para apresentar meu primeiro trabalho num congresso. Todo o processo me deixou apavorada porque eu vou sozinha e eu não sei me virar direito, sou muito dependente, eu acho. Mas no fim, com uma pequena ajuda dos meus amigos, consegui organizar a viagem e agora só falta mesmo fazer as malas. Estou contente com isso, é um pequeno passo, mas representa muita coisa. Vou a outro país apresentar um trabalho, sozinha.

Acho que se me esforçar posso até dar certo nessa coisa de ser independente. Minha casa está bagunçada e suja, não tenho ido regularmente à academia, minhas unhas estão roídas, eu engordei e meus gatos cagam fora da caixinha de vez em quando. Mas consegui resolver o problema do meu computador, consegui ver meu pai, que já está fazendo um novo tratamento e tive um trabalho aceito em outro congresso. Quer dizer, aos poucos as coisas vão se resolvendo. Até a minha franja, que eu fui aparar sozinha e no dia ficou um horror, agora parece que está mais simpática, assim, como um corte de cabelo moderninho propositalmente torto.

Estou descansada. Eu tenho muita sorte de viver cercada por pessoas boas que me passam muita energia boa. Tive uma semana bem agitada, mas a companhia das pessoas - dos meus amigos, da minha família, e dos meus gatos, que são uns capetas, mas são lindos e meiguinhos - tem me ajudado a me recompor. Isso é fundamental.