segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A descoberta da América

O feriado nacional é de Nossa Senhora Aparecida, mas também se comemora o Dia das Crianças. Na Argentina, no Chile (e creio que nos demais países da América do Sul) hoje também é feriado, mas o que se comemora é a descoberta da América.
Estive na Argentina semana passada e me apaixonei. Fiquei em Mendoza, quase na fronteira com o Chile, cidade produtora de vinhos e um dos lugares mais bonitos onde já tive a sorte de estar. Além da beleza do lugar e da simpatia das pessoas (brasileiro tem essa implicância com argentinos, mas eles são muito amáveis com a gente), algo mais importante me chamou atenção.
Os argentinos são muito politizados. Todos os dias vi em algum lugar algum protesto ou manifestação. Em vários lugares há painéis que relembram os dias de luta, seja do passado recente da ditadura ou da libertação da América e seus heróis, Che Guevara, General San Martín, Simon Bolívar. Há uma tradição de remomoração desse passado, mas não de uma forma vitimizada. Visitei uma praça que celebrava a ligação com a Espanha, que não negava uma herança cultural que vai além da língua.
No Brasil não sabemos lidar direito com isso. Damos as costas para a América e para essa tradição e, com exceção de certos círculos, a política não faz parte de nosso cotidiano. E não sabemos lidar com o fato de termos sido colonizados, temos um complexo de inferioridade travestido de orgulho da brasilidade. Em outras palavras, exaltamos a cultura popular brasileira tomando uma cachacinha na Vila Madalena, mas na primeira oportunidade saímos correndo pra Paris. Nossa primeira opção de viagem é ir pra Europa ou Estados Unidos, torcemos o nariz para nossos vizinhos como se quiséssemos manter esta distância que da parte deles não existe.
Aprendemos inglês, francês, italiano e alemão muitas vezes antes de pensar em estudar espanhol. O fato de as universidades brasileiras não aceitarem essa língua nos exames de proficiência de pós-graduação é sintomático disso tudo que falei. Achamos que é mais importante ler os europeus (franceses e alemães principalmente nas ciências sociais em gerak e ingleses/americanos na ciência política especificamente) e conhecemos muito pouco do que se produz de conhecimento nos países vizinhos.
Redescobrir a América. É isso que deveríamos fazer.

2 comentários:

disse...

Em Buenos Aires, me chamou a atenção que a Inglaterra presentou a Argentina com um certo monumento, réplica do Big Ben, e logo na praça em frente eles trataram de construir um memorial aos soldados mortos pelos ingleses na guerra das Malvinas. Eu não os considero assim tão mais politizados, mas foi uma boa resposta.

Syntia disse...

concordo em genero, número e grau com tudo! e sempre disse que estamos ilhados do resto da américa, somos ingratos com nossos hermanos. só é preciso tomar cuidado com um ponto: os argentinos nem sempre são legais... principalmente os portenhos (que são asqueirosos) e mais ainda se estiverem fora da argentina!