Minha intençao era fazer um semestre "sabático" para escrever e pensar. Tudo estava indo bem até certo ponto - comecei a fazer aula como aluna especial na USP, emplaquei uns trabalhinhos nuns congressos, escrevi meu projeto de doutorado - mas fui surpreendida por alguns acontecimentos que mudaram o rumo das coisas. A parte do sumiço do Zara e da doença do meu pai foram as duas coisas que mais me fugiram ao controle, duas fatalidades previsíveis. Os gatos livres vão embora, o câncer eventualmente volta.
Isso alterou um pouco a minha rotina, me deixou meio desnorteada, mas agora que as coisas se acalmaram, eu vejo algumas coisas com mais clarezas. Pensei em voltar à Comununicação, mas decidi que estou bem nas Ciências Sociais e na PUC. Apesar disso, foi muito importante revisitar esta área, saber que não quero me fechar em apenas uma área do conhecimento, aceitar essa minha característica transdisciplinar, pensar melhor no que eu quero e não quero fazer da vida.
Mas o mais importante e mais assustador foi constatar que nesse período, sem o compromisso de ter um emprego ou uma dissertação que me impedisse de escrever e com todo o impulso do turbilhão de emoções gerado pelo sumiço do meu gato e pela doença do meu pai - eu simplesmente não escrevi. Durante anos essa foi a minha muleta imaginária. Eu nunca me dediquei a uma profissão porque estava convencida de que minha verdadeira vocação era essa e tinha uma desculpa perfeita pra não dar certo, afinal nada era do que eu queria. Até que um dia, não faz muito tempo, encontrei algo que gosto de fazer.
Eu cheguei a pensar que não daria certo nisso também, que não daria certo em nada por causa dessa fantasia juvenil. Por muito tempo escrever era minha única convicção. E não que eu não ache que não seja boa nisso ou que não tenha escrito coisas muito legais, porque eu acho mesmo, sem modéstia. Mas hoje percebo isso não é mais uma questão como foi durante muitos anos. Pode ter sido excesso de análise ou de Nietzsche. O fato é que eu não preciso mais disso pra ser feliz. E se por um momemnto isso me assustou, hoje é algo que faz sentir livre como um passarinho. Ou como um gato fujão.
domingo, 18 de outubro de 2009
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Um comentário:
Vi um nome de gatinho que gostei:
Murrnarr.
Que acha?
bjos!
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