Essa semana saiu meu salário. Minha irmã tinha razão quando disse que eu me sentiria melhor a respeito do meu trabalho quando o cheque caísse na conta. Apesar de não gostar do que faço na maior parte do tempo, de vez em quando eu me divirto. Tem dias que as coisas estão mais leves, ou então sou eu, que estou mais suave. Provavelmente é isso.
Encontrei amigos queridas, acho que estou fazendo amigos novos, falei pela internet com amigos que estão longe.
Comi um super de risoto de camarão. Se for pra engordar, que valha a pena. Mas soube que estou a apenas 2kg do meu objetivo. Já foram 6kg desde que comecei a emagrecer e é muito bom me olhar no espelho e me achar bonita de novo. Mas não é só isso. Eu tenho me sentido inteligente de novo e isso está me incentivando a buscar coisas novas.
Meu marido ligou. Só nos falamos uma vez por semana quando ele fica nessa aldeia. O que eu mais sinto falta é de conversar com ele. Por isso quando ele liga eu fico mais feliz.
Meu pai viajou pra andar na praia molhar os pés no mar. E isso é tão bonito que eu tenho vontade de chorar. Essa semana ele estava feliz e isso acalma o meu coração. Eu ainda não sei lidar com o fato de que ele não vai estar por aqui por muito tempo. Acho que nunca se está preparado pra isso. Quando ele fica contente eu esqueço um pouco, porque é bom ver que há coisas na vida que não são dores excruciantes, morte iminente, depressão. Existe uma alegria nas coisas simples, há alegria na vida, mas nem sempre conseguimos percebê-la. Eu e meu pai somos muito parecidos nisso. Mas de vez em quando acontece e é bom.
Vi filmes, fiz as unhas, afaguei meus gatos. Sinto-me feliz e grata pela vida. Eu não sei se isso é efeito da minha condição bipolar. Parece que periodicamente eu sou invadida por uma enorme lucidez e isso me dá uma sensação enorme de paz. Os problemas da semana passada ainda existem, mas de alguma forma eles não me machucam tanto e parecem bem menores. Ah, Deus, como eu queria ser assim o tempo todo.
Seria um consolo pensar que essa sensação sempre chega e que ao invés de me desesperar, eu poderia simplesmente sentar e esperar. Quem dera se fosse simples assim! Quem dera se nos dias infernais as dores não fossem tão intensas e meu desejo de destruição não fosse tão intenso. Mas eu não vou me apavorar agora pensando que assim como esses dias de luz sempre vêm, virão as nuvens negras. Não. Eu vou lá fora viver, a despeito dessa gripe que quer me derrubar. Tchau.
sábado, 1 de maio de 2010
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