Na minha geladeira não há carne, queijo amarelo, manteiga, bebida alcoólica ou doces. Na minha geladeira há pão integral, gelatina diet, queijo branco, verduras e legumes. Deste modo, quando eu estou deprimida e sinto um desejo voraz de compensar as minhas frustrações com comida, o máximo que dá pra fazer é botar uma fatia de queijo branco light a mais no meu pão integral com margarina diet. Patético.
Nessas horas eu sinto falta do tempo que mantinha uma garrafa de vodca no frigobar e bebia pura quando estava triste, entediada ou celebrando. Mas eu não aguento mais beber vodca pura, não sei mais trabalhar em estados alterados de consciência, não sei mais chorar, não escrevo mais nada que preste há meses, não rôo mais as unhas e o meu estado civil não me permite que eu compense da mesma maneira que fazia quando solteira.
A análise tirou isso de mim. Depois de alguns anos de divã você não deixa de ficar deprimido de vez em quando, ainda mais quando isso faz parte do seu transtorno. Você aprende a controlar os efeitos das alterações de humor para que eles afetem minimamente a você e àqueles ao seu redor. Isso faz com que que eu tenha uma vida "normal" e essas depressões sem bebedeiras, sem me empanturrar, sem cigarro, sem unha roída, sem choro e sem ganhos secundários.
Então eu me deito no sofá, vejo seis episódios de Grey's Anatomy seguidos pra não pensar que estou enrolando pra não fazer tarefas com prazo determinado porque estou com medo de não conseguir, pra não ficar fazendo projeções inúteis de como a minha vida seria se eu tivesse tomado algumas decisões ao invés de outras, pra não pensar no quanto eu me sinto sozinha. Ironicamente, o que me consola é que toda vez que eu subo na balança ela marca 5kg a menos que alguns meses. Posso não estar bem, mas pelo menos estou magra. Por mais fútil que isso possa soar.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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Um comentário:
Me identifico contigo... legal a tua sinceridade em falar de teu íntimo. Abraços!
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