Estou há 11 dias fazendo a dieta com a nutricionista e os resultados são visíveis: 3 kg a menos. Estou muito contente, mas não tem sido fácil. Não que eu esteja passando fome, eu até tenho comido bastante. São cinco refeições diárias, seis se contar a fruta que como da academia. O problema é o pensamento gordo. E eu tenho a impressão que se não mudar isso vou viver eternamente no efeito sanfona.
Não é uma dieta muito restritiva. Cortar mesmo ela só cortou as frituras e o açúcar. As quantidades é que são moderadas e precisa ter todos os grupos de alimentos no almoço e no jantar. Tenho direito a duas porções de bebida alcóolica ou de doce, ou um outro. Acho pouco, mas é melhor do que nada. E eu já percebi que quando você fica um tempinho sem beber dois copinhos são o suficiente pra dar uma brisa.
Mas hoje eu me peguei pensando no saco que é ter que comer salada na janta, porque em geral eu comia um pão com queijo ou patê (sem contar os dias que eu comprava pizza ou um salgado na padaria). Eu adoro comer na rua. Adoro salados de padaria, pastel, pamonha, pizza, massas, rodízio de comida japonesa... Agora fica complicado e eu tenho que me habituar a pensar: querida, isso não te pertence mais quando der de cara com uma coxinha quando for comprar meu pão integral.
Eu acho que todo mundo que faz dieta engorda tudo de novo porque depois de uns dias a gente se pega pensando "deixa eu perder o que preciso que eu vou enfiar o pé na jaca". A gente não pensa na mudança dos hábitos alimentares como algo para a vida. Essa que é a parte mais complicada. Mas eu já decidi que vou continuar com a nutricionista por tempo, mesmo depois de emagrecer tudo o que preciso. Já foram três, faltam cinco.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Até tu, Malu?
Eu gostava da Malu Mader. Achava legal a postura discreta, o fato de ser uma atriz bem sucedida que tá fora do esquema revista Caras, de ser bonitona e sensual sem cair na vulgaridade e lidar com o fato de ser uma mãe de família sem que uma coisa excluísse a outra.
Mas eu nunca deixo de me surpreender com as pessoas. Tudo bem estrelar uma campanha de eletrodomésticos, eu acho tosco, mas sei lá, as pessoas querem mais dinheiro. O problema é que ela paga de dona de casa no comercial de uma marca que se diz "a marca da multimulher", enfatizando as jornadas triplas que as mulheres são obrigadas a levar. Logo a Malu Mader, que interpretou mulheres fortes e de certa forma, pioneiras, se prestando a fazer esse papel de Amélia?
Eu sei que é assim mesmo, mas precisa incentivar? Não dá pra fazer um comercial de eletro com um homem, pra variar? Aliás, dá. Outro dia vi uma linha de fogões e geladeiras cujo comercial era com rapazes de 30 e poucos anos, cozinhando e tomando cerveja belga. É, porque hoje em dia muitos rapazes cozinham, muita gente de 30 anos é solteira e mora só geladeira e fogão não é só pras "multi-mulheres".
Mas eu nunca deixo de me surpreender com as pessoas. Tudo bem estrelar uma campanha de eletrodomésticos, eu acho tosco, mas sei lá, as pessoas querem mais dinheiro. O problema é que ela paga de dona de casa no comercial de uma marca que se diz "a marca da multimulher", enfatizando as jornadas triplas que as mulheres são obrigadas a levar. Logo a Malu Mader, que interpretou mulheres fortes e de certa forma, pioneiras, se prestando a fazer esse papel de Amélia?
Eu sei que é assim mesmo, mas precisa incentivar? Não dá pra fazer um comercial de eletro com um homem, pra variar? Aliás, dá. Outro dia vi uma linha de fogões e geladeiras cujo comercial era com rapazes de 30 e poucos anos, cozinhando e tomando cerveja belga. É, porque hoje em dia muitos rapazes cozinham, muita gente de 30 anos é solteira e mora só geladeira e fogão não é só pras "multi-mulheres".
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Desserviço
Ontem a primeira notícia do Jornal Nacional foi sobre um estudo que diz que a mamografia não é mais recomendada a partir dos 40 anos e nem anualmente e sim a partir dos 50 e a cada dois anos. A mamografia é o exame mais eficiente para detectar o câncer de mama, inclusive tumores em estágio inicial que não podem ser percebidos no auto-exame.
Dar uma notícia dessas com esse destaque é no mínimo um desserviço. Primeiro porque é um estudo só que contradiz o consenso que a medicina tem sobre o assunto. Inclusive se discute hoje fazer a mamografia a partir dos 35 anos, porque a doença tem crescido entre mulheres jovens. Adiar para os 50 e fazer o exame a cada dois anos é impedir que milhares de mulheres tenham a chance de diagnosticar precocemente a doença, que tem grandes chances de cura quando descoberta no início. Hoje o serviço de saúde pública brasileiro é obrigado a realizar mamografias em mulheres de mais de 40 anos. Agora, imaginem o impacto dessa notícia nos planos de saúde e políticas de governos a longo prazo. É muito provável que se queira limitar o acesso ao exame.
O que mais me revoltou nisso foi que quem estava divulgando o estudo era uma mulher.
Há cerca de um ano e meio perdi uma tia por causa do câncer de mama. Quando ela morreu ia fazer 50 anos. Ela não tinha plano de saúde e por isso ficou adiando a mamografia. Quando recebeu o diagnóstico a doença já estava num grau avançado e apesar de ter feito a cirurgia e a quimio, alguns meses depois apareceram as metástases. Câncer é assim, imprevisível. E é por isso que os exames preventivos devem ser realizados cada vez mais cedo e mais regularmente. Não garante a cura, mas pelo menos aumenta as chances do doente. Fala-se tanto em responsabilidade social no jornalismo. Esse é um belo exemplo de irresponsabilidade social. Um desserviço.
Dar uma notícia dessas com esse destaque é no mínimo um desserviço. Primeiro porque é um estudo só que contradiz o consenso que a medicina tem sobre o assunto. Inclusive se discute hoje fazer a mamografia a partir dos 35 anos, porque a doença tem crescido entre mulheres jovens. Adiar para os 50 e fazer o exame a cada dois anos é impedir que milhares de mulheres tenham a chance de diagnosticar precocemente a doença, que tem grandes chances de cura quando descoberta no início. Hoje o serviço de saúde pública brasileiro é obrigado a realizar mamografias em mulheres de mais de 40 anos. Agora, imaginem o impacto dessa notícia nos planos de saúde e políticas de governos a longo prazo. É muito provável que se queira limitar o acesso ao exame.
O que mais me revoltou nisso foi que quem estava divulgando o estudo era uma mulher.
Há cerca de um ano e meio perdi uma tia por causa do câncer de mama. Quando ela morreu ia fazer 50 anos. Ela não tinha plano de saúde e por isso ficou adiando a mamografia. Quando recebeu o diagnóstico a doença já estava num grau avançado e apesar de ter feito a cirurgia e a quimio, alguns meses depois apareceram as metástases. Câncer é assim, imprevisível. E é por isso que os exames preventivos devem ser realizados cada vez mais cedo e mais regularmente. Não garante a cura, mas pelo menos aumenta as chances do doente. Fala-se tanto em responsabilidade social no jornalismo. Esse é um belo exemplo de irresponsabilidade social. Um desserviço.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Mulher-melancia
Hoje eu fui à nutricionista. Confesso que foi um tanto traumatizante. Porque a nutricionista, macérrima, diga-se, tirou medidas do meu corpo todo e mediu meu percentual de gordura. Mesmo sabendo que estou gorda fiquei chocada: 103 cm de quadril e 32% de gordura corporal. Um terço do meu corpo é gordura e a minha bunda é maior do que a da Carla Perez. Eu virei a mulher-melancia, socorro!
Bom, paciência. Segunda eu começo a dieta devidamente orientada.
Bom, paciência. Segunda eu começo a dieta devidamente orientada.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Ninguém é inocente
Outro dia eu estava num congresso assistindo a um trabalho de um rapaz que estuda memória a respeito do holocausto judeu. Estava tudo indo bem, até que a conversa chegou na visita do presidente do Irã e alguns petardos que, quando eu for imperatriz do mundo, valerão banimento da universidade.
O rapaz disse que não receberia o Ahmadinejad porque ele negava a existência do holocausto. Eu não perguntei, mas me coçou questionar se, seguindo este princípio, se ele não receberia o presidente dos Estados Unidos, afinal de contas, Guantánamo tá aí. Ou se deixaria de receber o Papa, porque ele nega o extermínio dos povos ameríndios, né?
Fora a questão da imensa quantidade de povos que foram exterminados (dos quais ninguém lembra porque não eram brancos e não viviam na Europa, e em termos de memória coletiva isso faz toda a diferença) o moço seguiu com uma série de afirmações puramente preconceituosas, como associar pesssoas que professam a fé islâmica ao nazismo e reduzir as dificuldades da negociação de paz na região a fato de "os judeus sabem disso e não querem".
Seria cômico se não fosse trágico. Porque em tese, não era um tosco que estava falando essas coisas, era uma pessoa dentro de uma universidade, num seminário internacional. A gente espera que nesses ambientes as pessoas sejam minimamente esclarecidas a ponto de saber que numa questão dessas não há inocentes. E olha que nem estávamos na Unibosta. Mas como diz minha amiga Synthia, se a casa grande é assim, o que esperar da senzala?
Outro dia eu assisti a um curso ótimo sobre jornalismo e Oriente Médio promovido pela Confederação Israelita do Brasil e faculdade Cásper Líbero. Todos os palestrantes, de origens variadas, diga-se, foram unânimes em destacar que não há inocentes na questão Israel-Palestina, mas sempre tem um na platéia que tenta fazer que digam o contrário. Isso não faz avançar o debate, apenas reforça preconceitos, faz cada um reafirmar suas posições e pronto.
Essa semana se inicia um ciclo de visitas que começa com o primeiro ministro de Israel, segue com o presidente da Autoridade Palestina e termina com o presidente do Irã. Preparem-se para um festival de asneiras na mídia, nas faculdades ou perto de você.
O rapaz disse que não receberia o Ahmadinejad porque ele negava a existência do holocausto. Eu não perguntei, mas me coçou questionar se, seguindo este princípio, se ele não receberia o presidente dos Estados Unidos, afinal de contas, Guantánamo tá aí. Ou se deixaria de receber o Papa, porque ele nega o extermínio dos povos ameríndios, né?
Fora a questão da imensa quantidade de povos que foram exterminados (dos quais ninguém lembra porque não eram brancos e não viviam na Europa, e em termos de memória coletiva isso faz toda a diferença) o moço seguiu com uma série de afirmações puramente preconceituosas, como associar pesssoas que professam a fé islâmica ao nazismo e reduzir as dificuldades da negociação de paz na região a fato de "os judeus sabem disso e não querem".
Seria cômico se não fosse trágico. Porque em tese, não era um tosco que estava falando essas coisas, era uma pessoa dentro de uma universidade, num seminário internacional. A gente espera que nesses ambientes as pessoas sejam minimamente esclarecidas a ponto de saber que numa questão dessas não há inocentes. E olha que nem estávamos na Unibosta. Mas como diz minha amiga Synthia, se a casa grande é assim, o que esperar da senzala?
Outro dia eu assisti a um curso ótimo sobre jornalismo e Oriente Médio promovido pela Confederação Israelita do Brasil e faculdade Cásper Líbero. Todos os palestrantes, de origens variadas, diga-se, foram unânimes em destacar que não há inocentes na questão Israel-Palestina, mas sempre tem um na platéia que tenta fazer que digam o contrário. Isso não faz avançar o debate, apenas reforça preconceitos, faz cada um reafirmar suas posições e pronto.
Essa semana se inicia um ciclo de visitas que começa com o primeiro ministro de Israel, segue com o presidente da Autoridade Palestina e termina com o presidente do Irã. Preparem-se para um festival de asneiras na mídia, nas faculdades ou perto de você.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Não me diga!
Como se estar gorda não fosse ruim o suficiente, esta condição ainda nos obriga a lidar com a falta de discrição dos outros. Não basta se achar horrível quando se vê no espelho e as roupas apertadas, sempre tem alguém disposto a nos lembrar disso.
Em especial, parentes. Sério, não tem nada melhor pra dizer pras pessoas sem ser que elas estão gordas? Como se isso fosse algo bacana de se dizer ou como se quem engordou não soubesse. O pior é que na maioria das vezes as pessoas que apontam a sua gordura não costumam ser as pessoas mais esbeltas do mundo. E mesmo se fossem: alguém perguntou?!
Há algum tempo eu deci não retribuir a grosseria dos outros na mesma moeda porque senão estaria sendo tão grossa quanto. Mas nesse caso estou pensando seriamente em abrir uma exceção.
Em especial, parentes. Sério, não tem nada melhor pra dizer pras pessoas sem ser que elas estão gordas? Como se isso fosse algo bacana de se dizer ou como se quem engordou não soubesse. O pior é que na maioria das vezes as pessoas que apontam a sua gordura não costumam ser as pessoas mais esbeltas do mundo. E mesmo se fossem: alguém perguntou?!
Há algum tempo eu deci não retribuir a grosseria dos outros na mesma moeda porque senão estaria sendo tão grossa quanto. Mas nesse caso estou pensando seriamente em abrir uma exceção.
domingo, 8 de novembro de 2009
Algumas palavras sobre a castração
Essa semana vou marcar a operação dos meus gatos. Há poucos meses eu era contra castrar os animais domésticos, mas cedi devido ao trauma de não ter mais o Zaratustra na minha vida. Falar sobre isso ainda é doloroso, porque o amor que sinto por ele não desapareceu com o seu sumiço e só mesmo o amor dobrado de meus dois novos amiguinhos pra ajudar a tapar este buraco que a ausência dele me deixou no coração. O que eu quero dizer é que eu valorizo a liberdade dos animais e pra mim esta decisão é difícil e eu só a tomo porque acho que dos males que podem acontecer a um gatinho, este é o menor.
Porque são demais os perigos dessa vida pra quem faz miau. Muitas pessoas não gostam de gatos e os maltratam ou os envenenam. E ainda há a possibilidade de atropelamentos, de cercas elétricas, dos cães raivosos. Eu prefiro não especular sobre o que pode ter acontecido com o Zara, apesar dos rumores de atropelamento. Prefiro imaginar que ele está vivendo numa grande colônia secreta de gatos nômades e que ele foi embora porque era livre demais pra ficar numa casa só. Escrever isso me dá um nó na garganta e eu sei que não suportaria passar por isso de novo e morro de medo de imaginar que algo ruim pode acontecer com meus filhotes.
Eu sei que a castração traz alguns benefícios para a saúde dos bichos e que diminui a vontade dos gatos de sair por aí, mas não deixo de pensar nisso como uma violência. Então eu penso que se o mundo não fosse como é nós poderíamos deixar os animais viverem soltos, mas o mundo não é como gostaríamos que fosse... Mas isso me deixa frustrada porque eu sempre penso que as coisas são como são porque não estamos dispostos a começar a viver de acordo com nossas convicções. Não castrar o Zara foi uma decisão coerente com o que eu acredito. E era lindo ter um gato livre. Eu sofria quando ele sumia e sofro ainda porque ele não voltou, mas, Deus, como era bonito ver ele ir e voltar pelos telhados dessa vizinhança!
Eu sei que cada gato é diferente do outro, noto que o Frajola e a Pandora têm personalidades distintas. Mas imagino como eles vão ficar depois de castrados. Será que vão brincar como hoje? Será que vão continuar carinhosos? Os gatos castrados que eu conheci eram tão esquisitos. Isso é algo que eu só vou saber quando acontecer.
Porque são demais os perigos dessa vida pra quem faz miau. Muitas pessoas não gostam de gatos e os maltratam ou os envenenam. E ainda há a possibilidade de atropelamentos, de cercas elétricas, dos cães raivosos. Eu prefiro não especular sobre o que pode ter acontecido com o Zara, apesar dos rumores de atropelamento. Prefiro imaginar que ele está vivendo numa grande colônia secreta de gatos nômades e que ele foi embora porque era livre demais pra ficar numa casa só. Escrever isso me dá um nó na garganta e eu sei que não suportaria passar por isso de novo e morro de medo de imaginar que algo ruim pode acontecer com meus filhotes.
Eu sei que a castração traz alguns benefícios para a saúde dos bichos e que diminui a vontade dos gatos de sair por aí, mas não deixo de pensar nisso como uma violência. Então eu penso que se o mundo não fosse como é nós poderíamos deixar os animais viverem soltos, mas o mundo não é como gostaríamos que fosse... Mas isso me deixa frustrada porque eu sempre penso que as coisas são como são porque não estamos dispostos a começar a viver de acordo com nossas convicções. Não castrar o Zara foi uma decisão coerente com o que eu acredito. E era lindo ter um gato livre. Eu sofria quando ele sumia e sofro ainda porque ele não voltou, mas, Deus, como era bonito ver ele ir e voltar pelos telhados dessa vizinhança!
Eu sei que cada gato é diferente do outro, noto que o Frajola e a Pandora têm personalidades distintas. Mas imagino como eles vão ficar depois de castrados. Será que vão brincar como hoje? Será que vão continuar carinhosos? Os gatos castrados que eu conheci eram tão esquisitos. Isso é algo que eu só vou saber quando acontecer.
sábado, 7 de novembro de 2009
Eu não nasci pra ser gorda
Parar de fumar me deu a expectativa de mais uns anos de vida e cinco quilos a mais distribuídos de modo que, dependendo da roupa, eu pareço uma gestante. Não é exagero. Não foi uma vez que alguém me deu o lugar no ônibus/trem confundidos pelas minhas formas compostas de peitos, barriga e bunda gigantes.
Isso acaba comigo. Porque eu estou gorda, mas sou magra. Então me fico arrasada ao notar minhas roupas apertadas, algumas que nem servem mais, e os meus esforços para parecer mais bonita com o rosto bolachudo cheio de maquiagem e os braços roliços cobertos. No calor que tem feito não é fácil e estou pensando seriamente em deixar de usar biquíni e aderir logo ao maiô.
Estar gorda é horrível porque eu me olho no espelho e não me reconheço. Há um ano eu tenho feito exercícios regularmente e vinha mantendo o peso em torno de 60, 61 kg. Até perdi um pouco mais de peso quando deixei de beber, mas nunca menos de 59. Então eu voltei a beber e relaxei na alimentação (voltei a comer carne) e pronto, 64kg, 14 a mais do que eu pensava há 10 anos. Eu não quero ter um corpinho de mocinha, sei que isso muda com a idade. Mas 14kg em 10 anos é muita coisa. E eu estou me sentindo muito feia.
Agora está fazendo um sol incrível e eu fico com vergonha de ir ao clube tomar sol. Daqui a um mês irei a um casamento de amigos do tempo da faculdade e fico imaginando encontrar pessoas que vejo raramente e elas pensarem "nossa, como engordou". Estou ensaindo um regime, mas é muito difícil pra mim me privar das coisas que gosto. Ou comer pouco. E eu gosto tanto de tomar cerveja!
Eu fico olhando minha irmã, que entrou na faculdade gordinha por causa do vestibular e agora está linda, porque teve disciplina pra fechar a boca e fazer exercícios. Eu não sou disciplinada. E fico triste me perguntando se um dia vou conseguir perder esses quilos extra e ficar com um peso que eu acho bom pra minha idade e altura, 56 kg. Pra isso eu teria que perder 8kg. Isso me desistimula só de pensar e me dá vontade de correr e afogar as mágoas num pote de sorvete.
Isso acaba comigo. Porque eu estou gorda, mas sou magra. Então me fico arrasada ao notar minhas roupas apertadas, algumas que nem servem mais, e os meus esforços para parecer mais bonita com o rosto bolachudo cheio de maquiagem e os braços roliços cobertos. No calor que tem feito não é fácil e estou pensando seriamente em deixar de usar biquíni e aderir logo ao maiô.
Estar gorda é horrível porque eu me olho no espelho e não me reconheço. Há um ano eu tenho feito exercícios regularmente e vinha mantendo o peso em torno de 60, 61 kg. Até perdi um pouco mais de peso quando deixei de beber, mas nunca menos de 59. Então eu voltei a beber e relaxei na alimentação (voltei a comer carne) e pronto, 64kg, 14 a mais do que eu pensava há 10 anos. Eu não quero ter um corpinho de mocinha, sei que isso muda com a idade. Mas 14kg em 10 anos é muita coisa. E eu estou me sentindo muito feia.
Agora está fazendo um sol incrível e eu fico com vergonha de ir ao clube tomar sol. Daqui a um mês irei a um casamento de amigos do tempo da faculdade e fico imaginando encontrar pessoas que vejo raramente e elas pensarem "nossa, como engordou". Estou ensaindo um regime, mas é muito difícil pra mim me privar das coisas que gosto. Ou comer pouco. E eu gosto tanto de tomar cerveja!
Eu fico olhando minha irmã, que entrou na faculdade gordinha por causa do vestibular e agora está linda, porque teve disciplina pra fechar a boca e fazer exercícios. Eu não sou disciplinada. E fico triste me perguntando se um dia vou conseguir perder esses quilos extra e ficar com um peso que eu acho bom pra minha idade e altura, 56 kg. Pra isso eu teria que perder 8kg. Isso me desistimula só de pensar e me dá vontade de correr e afogar as mágoas num pote de sorvete.
domingo, 1 de novembro de 2009
A sorte, o curso e o destino
Dizem que a sorte não bate muitas vezes em nossa porta. Na minha, a sorte bateu uma vez e eu a mandei embora. O ano era 2003 e a sorte se chamava Curso Estado.
Eu havia acabado de chegar em São Paulo quando um amigo de Belém me disse que em breve estaria aqui para fazer a tal prova. Perguntei se era grátis. Era. Então eu fiz a prova e passei, para o espanto geral e de mim mesma. Aos 23 anos, apenas um ano de formada e experiência apenas no jornal de minha cidade me vi dentro de um dos maiores jornais do país.
Durante o curso, eu e meus colegas ouvimos várias vezes que naquela salinha se encontrava a futura elite do jornalismo, a "nata" dos jovens jornalistas. Não sei quanto aos meus colegas, mas eu me sentia como se tivesse entrado em um clube exclusivos dos eleitos e meu futuro glorioso tantas vezes sonhado por mim e por meu pai era certo. Três meses depois o curso terminou e eu voltei pra casa ainda cheia de esperanças. Uma hora as coisas iam dar certo.
Mas isso nunca aconteceu. Há uma série de motivos para isso, mas vou listar apenas dois: minha falta de maturidade/equilíbrio na ocasião e o fato de que eu nunca pensei de verdade no jornalismo projeto de vida.
Aos 23 anos eu tinha uma cabecinha de 16. Era ingênua, briguenta, irresponsável. Falava demais, bebia demais, me preocupava demais com namorados, de modo que nunca encarei o curso como uma oportunidade profissional. Pra mim aquele era o reconhecimento do quanto eu era boa . Devido ao transtorno bipolar minha autoestima sempre oscilou entre dois limites, o abismo e a estratosfera. Havia alguns momentos em que eu realmente me dedicava e amava aquilo tudo. E outros em que simplesmente tudo me enfadava e eu tinha vontade apenas de chorar e sair correndo dali. Em suma, eu não tive estrutura pra lidar com aquilo.
Apesar disso, não creio que o curso tenha sido determinante no meu fracasso na profissão. É aqui que entra o segundo motivo, o fato de nunca ter levado a sério o jornalismo como profissão. Eu sempre vi o jornalismo como algo "de passsagem", um trabalho que eu deveria exercer até que os meus delírios megalomaníacos se realizassem e eu me tornasse a maior escritora do Brasil, ganhasse o Nobel e mandasse o mundo se foder (porque afinal de contas eu já teria 1 milhão de dólares mesmo). Não vou me estender sobre a minha conturbada e falecida relação com a literatura, por hora basta dizer que ao invés de escrever os livros antes, eu comecei pela parte de mandar o mundo se foder. Eu era uma repórter mediana e nunca me esforcei pra ser mais do que isso.
Hoje quando penso nisso tudo não sinto remorsos. Nem penso que se pudesso voltar no tempo teria feito diferente. Porque foi no meio de toda essa confusão que eu consegui me encontrar e sr feliz no que estou fazendo, sem grandes ilusões, mas tampouco com amargura. Desde a minha adolescência eu flertava com a filosofia e com reflexões que vão além da "vida prática". No fundo, eu tinha um certo desprezo e não tinha muito pudor em expressá-lo, pelo pragmatismo e pela superficialidade do jornalismo. Mas foi só quando eu não dei certo nessa profissão que pude me dedicar ao que realmente me dá prazer, a academia.
É claro que me custaram muitas horas de divã e muito Nietzsche pra me dar conta de tudo isso. Hoje engatinho em uma nova profissão de modo completamente diferente, porque tenho consciência das minhas limitações e das minhas habilidades, não tenho mais como propósito conquistar o mundo e por isso vou curtindo cada passo do caminho. Não que eu nunca tenha sido feliz no jornalismo, porque fui. Mas foi em outra vida, quando eu era outra pessoa. Agora existe uma outra perspectiva, há outros planos e ao mesmo tempo me parece óbvio que era isso que eu estive procurando a vida inteira.
Eu havia acabado de chegar em São Paulo quando um amigo de Belém me disse que em breve estaria aqui para fazer a tal prova. Perguntei se era grátis. Era. Então eu fiz a prova e passei, para o espanto geral e de mim mesma. Aos 23 anos, apenas um ano de formada e experiência apenas no jornal de minha cidade me vi dentro de um dos maiores jornais do país.
Durante o curso, eu e meus colegas ouvimos várias vezes que naquela salinha se encontrava a futura elite do jornalismo, a "nata" dos jovens jornalistas. Não sei quanto aos meus colegas, mas eu me sentia como se tivesse entrado em um clube exclusivos dos eleitos e meu futuro glorioso tantas vezes sonhado por mim e por meu pai era certo. Três meses depois o curso terminou e eu voltei pra casa ainda cheia de esperanças. Uma hora as coisas iam dar certo.
Mas isso nunca aconteceu. Há uma série de motivos para isso, mas vou listar apenas dois: minha falta de maturidade/equilíbrio na ocasião e o fato de que eu nunca pensei de verdade no jornalismo projeto de vida.
Aos 23 anos eu tinha uma cabecinha de 16. Era ingênua, briguenta, irresponsável. Falava demais, bebia demais, me preocupava demais com namorados, de modo que nunca encarei o curso como uma oportunidade profissional. Pra mim aquele era o reconhecimento do quanto eu era boa . Devido ao transtorno bipolar minha autoestima sempre oscilou entre dois limites, o abismo e a estratosfera. Havia alguns momentos em que eu realmente me dedicava e amava aquilo tudo. E outros em que simplesmente tudo me enfadava e eu tinha vontade apenas de chorar e sair correndo dali. Em suma, eu não tive estrutura pra lidar com aquilo.
Apesar disso, não creio que o curso tenha sido determinante no meu fracasso na profissão. É aqui que entra o segundo motivo, o fato de nunca ter levado a sério o jornalismo como profissão. Eu sempre vi o jornalismo como algo "de passsagem", um trabalho que eu deveria exercer até que os meus delírios megalomaníacos se realizassem e eu me tornasse a maior escritora do Brasil, ganhasse o Nobel e mandasse o mundo se foder (porque afinal de contas eu já teria 1 milhão de dólares mesmo). Não vou me estender sobre a minha conturbada e falecida relação com a literatura, por hora basta dizer que ao invés de escrever os livros antes, eu comecei pela parte de mandar o mundo se foder. Eu era uma repórter mediana e nunca me esforcei pra ser mais do que isso.
Hoje quando penso nisso tudo não sinto remorsos. Nem penso que se pudesso voltar no tempo teria feito diferente. Porque foi no meio de toda essa confusão que eu consegui me encontrar e sr feliz no que estou fazendo, sem grandes ilusões, mas tampouco com amargura. Desde a minha adolescência eu flertava com a filosofia e com reflexões que vão além da "vida prática". No fundo, eu tinha um certo desprezo e não tinha muito pudor em expressá-lo, pelo pragmatismo e pela superficialidade do jornalismo. Mas foi só quando eu não dei certo nessa profissão que pude me dedicar ao que realmente me dá prazer, a academia.
É claro que me custaram muitas horas de divã e muito Nietzsche pra me dar conta de tudo isso. Hoje engatinho em uma nova profissão de modo completamente diferente, porque tenho consciência das minhas limitações e das minhas habilidades, não tenho mais como propósito conquistar o mundo e por isso vou curtindo cada passo do caminho. Não que eu nunca tenha sido feliz no jornalismo, porque fui. Mas foi em outra vida, quando eu era outra pessoa. Agora existe uma outra perspectiva, há outros planos e ao mesmo tempo me parece óbvio que era isso que eu estive procurando a vida inteira.
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