Primeiro eram olhos amarelos
crocodilo à espreita
do pássaro indefeso.
Olhos de sangue, olhos de fúria.
Depois vieram os olhos tristes
marejados como os de um felino doente
um cão sem dono
um elefante que caminha em silêncio resignado
para a morte.
(E há o lamento da manada. Sim, este é o curso da vida. Mas como é possível se acostumar?)
Vejam, ela espera
ave de rapina
para se alimentar do que sobrou.
E sobrará muito pouco.
Ela sabe que que as primeiras coisas que se vão são os olhos
de crocodilo gato cão elefante
de todas as bestas e víboras letais
Ela lhe devora os olhos enquanto ele é comido por dentro
enquanto a praga se espalha
mastigando lentamente cada naco de carne
de seu corpo que agora é frágil como o de uma criança.
Sentamos e esperamos
numa despedida lenta e dolorosa
que se arrasta por meses, anos.
Quem pode saber?
domingo, 8 de fevereiro de 2009
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2 comentários:
devo estar sensível... ouvindo "sem dizer adeus" do moska e lendo o texto, fiquei com l[agrima nos olhos. Força. Para todos aí.
Quanto mais consciência tenho de minha finitude tanto mais tranquilo fico. Tristeza medonha, sombria, porém tranquila.
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